sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

13 - Tudo Era Muito Bom


"E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom." Génesis 1:31.

O relato da Criação insiste em afirmar que a obra realizada por Deus era muito boa. O adjetivo bom, que tem vários significados no Velho Testamento, desde o moralmente correto ao belo, agradável e útil, sublinha particularmente no relato, que tudo o que existe é bom porque procede de Deus e corresponde ao propósito para o qual foi criado, ou seja, que o efeito produzido pelo ato criador coincide com o pensamento e a vontade do Criador. Esta ideia contrasta abertamente com os mitos pagãos, que falam de um mundo criado por deuses caprichosos, ou com a teoria de um Universo errante, ou maligno, que existe sem qualquer propósito porque representa uma ameaça permanente para a Terra.
Das mãos de Deus não saiu nada imperfeito. Tudo o que Ele faz é "muito bom". Todas as coisas, substâncias e formas, apareceram pela vontade criadora, livre, providente e todo-poderosa de Deus. O mundo criado não é o melhor dos mundos possíveis, nem o único bom. A possibilidade da sua alteração pertence inclusivamente à sua perfeição; pois, sem ela, não haveria liberdade moral.
"Quando a Terra saiu das mãos do Criador era extraordinariamente bela. A sua superfície era variada, com montanhas, colinas e planícies, cortadas por majestosos rios e belos lagos. (...) O ar, sem a contaminação dos miasmas perniciosos, era puro e saudável. (...) A hoste angélica olhava para este cenário com imenso prazer, e regozijava-se com as maravilhosas obras de Deus. (...) A Criação estava agora completa. (...) O Éden florescia sobre a Terra. Adão e Eva tinham livre acesso à árvore da vida. Nenhuma mancha de pecado ou sombra de morte desfigurava a beleza da Criação. 'As estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam.' Job 37:8. (...) O grande Jeová lançara os fundamentos da Terra. Tinha revestido todo o mundo com as roupas da beleza, e enchera-o de coisas úteis ao homem. Criara todas as maravilhas da Terra e do mar." - Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pp. 21, 24, ed. P. SerVir.
Desde a Criação, todas as criaturas, tanto o minúsculo inseto como o homem, dependem diariamente da Sua providência para a sua subsistência e bem-estar.

Não se esqueça de que Ele está perto mesmo quando parece que a Sua bondade está longe da sua experiência espiritual e quando tem dificuldade em contemplar as Suas misericórdias. Sempre poderoso para o salvar e lhe mostrar as Suas maravilhas.

Carlos Puyol Buil in Meditações Matinais Mas há um Deus no Céu, P. SerVir, 26.02.2016. Conheça o autor a 26.12.15 em M. p. S.



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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

11 - Aquilo Que Se Vê  do  Que Se Não Vê


"Pela fé compreendemos que o mundo foi criado pela Palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê veio do que se não vê." Hebreus 11:3, TIC (Tradução Interconfessional).

A Criação, a qual nem sempre podemos compreender, foi a manifestação do infinito poder e sabedoria de Deus. Tanto neste texto como nalgumas afirmações de Ellen White, a obra criativa de Deus não o precedeu em nada: "A teoria de que Deus não criou a matéria ao trazer à existência o mundo, não tem fundamento. Na formação do nosso mundo, Deus não dependia de matéria pré-existente. Ao contrário, todas as coisas, materiais e espirituais, surgiram perante o Senhor Jeová ao Seu comando, e foram criados para o Seu próprio desígnio. Os céus e todas as sua hostes, a Terra e tudo quanto nela há, não são somente obra das Suas mãos; vieram à existência pelo sopro da Sua boca." - Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 3, pp. 257 e 258.
A Criação que o Génesis narra não foi uma operação realizada a partir de uma matéria pré-existente. Criação do nada e evolução a partir de uma matéria existente são dois conceitos irreconciliáveis e antagónicos em diversos aspetos:

1. Tempo - Deus criou em seis dias; a evolução requer milhões de anos.
2. Instrumento - Deus criou com a palavra da Sua boca; a evolução através de mutações e seleção natural, ou seja, morte.
3. Propósito - Deus criou com um desígnio, um plano, um propósito; a evolução deixa tudo ao capricho do acaso.
4. Resultados - Deus desfrutou de tudo o que tinha criado porque era extraordinariamente bom; a evolução gerou uma mecânica de morte e imperfeição: a seleção natural.
5. Criação do Homem - Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança; na evolução, a seleção natural recorreu a um macaco antropóide como elo prévio aos hominídeos.
6. Salvação ou Resgate do Ser Caído - Deus resgata o ser humano por meio da Cruz, mediante uma intervenção direta e histórica do Deus-homem. Na evolução, o processo de restauração do homem faz-se por meio do domínio e da supremacia dos mais fortes.
7. Novos Céus e Nova Terra - Deus procederá à criação de novos céus e nova Terra (I Coríntios 15:52); na evolução, o processo deve realizar-se através de milhares de milhões de transformações intermédias.

Recorde que, se Deus teve poder para criar o Universo, também tem poder para transformar a sua vida.

Carlos Puyol Buil in Meditações Matinais Mas há um Deus no Céu, P. SerVir, 24.02.2016. Conheça o autor a 26.12.15 em M. p. S.



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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

9 - Mordomos Deste Mundo


"E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra." Génesis 1:27 e 28.

Esta é a mais original, a mais sintética, a mais profunda declaração que se pode fazer acerca da antropologia bíblica. Nela estão contidos todos os mistérios da natureza humana: a sua individualidade, a sua liberdade ou livre arbítrio, a sua responsabilidade moral, a sua capacidade intelectiva, a sua vontade, as suas intuições e aspirações inatas.
Na realidade, o Criador deu aos seres humanos autoridade, uma das conotações do que implicava ser criados à imagem e semelhança. Deus tem autoridade e quis partilhá-la com os seres humanos para que mantivessem um equilíbrio saudável neste mundo. "Adão foi coroado rei no Éden." - Ellen G. White, A Maravilhosa Graça de Deus (Meditações Matinais de 1974), p.38. O mundo estava a seus pés para ele poder aproveitar os seus recursos. Tinha herdado uma enorme riqueza. Agora, era necessário depender de Deus para dar a este Planeta o rumo que requeria. Além disso, foi dotado das capacidades necessárias para exercer a sua autoridade: "Criados para serem a 'imagem e glória de Deus', Adão e Eva tinham obtido prerrogativas que os faziam bem dignos do seu alto destino. Dotados de formas airosas e simétricas, de aspeto regular e belo, o rosto resplandecendo com o rubor da saúde e a luz da alegria e da esperança, apresentavam na sua aparência exterior a semelhança d'Aquele que os criara. Esta semelhança não se manifestava apenas na natureza física. Todas as faculdades do espírito e da alma refletiam a glória do Criador. Favorecidos com elevados dotes espirituais e mentais, Adão e Eva foram feitos um pouco menores do que os anjos, para que não somente pudessem discernir as maravilhas do Universo visível, mas também compreender as responsabilidades e obrigações morais." - Ellen G. White, Educação, p. 20.

Os nosso primeiros pais, porém, não obedeceram ao Pai celestial. Não respeitaram a Sua autoridade e quiseram tomar o que não lhes pertencia, ou seja, o fruto da árvore proibida. Através deste ato, manifestaram a sua desconfiança em Deus e reconheceram a soberania de Satanás neste mundo, tornando-se, assim, seus súbditos. Essa decisão errada acarretou destruição e miséria. A partir de então, o ser humano dedica-se a destruir: primeiro, a Natureza - depredação do meio ambiente, contaminação; depois, o seu próximo - guerras e conflitos; e, finalmente, a si mesmo - vícios, desregramento, imoralidade.

Hoje é a altura de voltar para Deus e de O reconhecer como Soberano e Salvador deste mundo.

Carlos Puyol Buil in Meditações Matinais Mas há um Deus no Céu, P. SerVir, 22.02.2016. Conheça o autor em M. p. S., 26.12.2015.



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sábado, 20 de fevereiro de 2016

7 - Criação dos Peixes, dos Répteis e das Aves  (5º Dia da Criação)


"E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus. E Deus criou as grandes baleias e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram, conforme as suas espécies; e toda a ave de asas, conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom. E Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. E foi a tarde e a manhã o dia quinto." Génesis 1:20-23.

No 5º dia da Criação é a vez da fauna marinha. Na realidade, há quem assegure que as paisagens mais atrativas deste mundo, incluindo seres vivos, estão no fundo do mar. Em hebraico, a expressão "seres vivos" significa literalmente "almas viventes", como em Génesis 2:7, quando é apresentada a criação do homem. A alma vivente dos animais, tal como a dos seres humanos, não é uma componente constitutiva da natureza dos seres vivos, mas antes o resultado de insuflar num organismo físico o sopro de vida que somente Deus pode dar. É algo comum a todos os seres vivos, embora tenha manifestações muito diversas, desde os animais mais inferiores até ao homem. Assim, por exemplo, no ser humano, a alma vivente tem uma dimensão vital única, que é a vida intelectual e espiritual.
No 5º dia apareceu nesta Terra o mistério da vida sensível, da vida em movimento, da vida especializada e adaptada a um biótipo, uma pincelada de formas e cores novas. Ellen White declara uma das grandes verdades sobre a Criação: "No princípio Deus revelava-Se em todas as obras da Criação. Foi Cristo que estendeu os céus e lançou os fundamentos da Terra. Foi a Sua mão que suspendeu os mundos no Espaço e deu forma às flores do campo. 'Ele converteu o mar em terra seca.' 'Seu é o mar, pois Ele o fez.' Salmo 66:6; 95:5. Foi Ele Quem encheu a Terra de beleza e o ar de cânticos. E sobre todas as coisas na Terra, no ar e no firmamento, escreveu a mensagem do amor do Pai." - Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pp. 11 e 12, ed. P. SerVir.

Uma vez mais, a Criação recorda-nos de que cada um dos seres vivos - com a notável exceção do ser humano - vive para dar: "O próprio Oceano, a origem de todas as nossas fontes, recebe as correntes de toda a Terra, mas recebe para dar." - Ibidem, p. 12, ed. P. SerVir.

Hoje, siga o exemplo da Natureza: Viva para dar.

Carlos Puyol Buil in Meditações Matinais Mas há um Deus no Céu, P. SerVir, 20.02.2016. Conheça o autor em M. p. S., 26.12.2015.


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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

5 - A Terra, o Mar e as Plantas Verdes  (3º Dia da Criação)


"E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi." Génesis 1:11.

Resumindo até aqui a atividade criadora de Deus, comprovamos que, no 1º dia, fez nascer a luz vivificante por meio da separação da luz e das trevas; no 2º dia, a atmosfera respirável por meio da separação das águas de cima e das águas de baixo; no 3º dia, assiste-se ao aparecimento do solo habitável por meio da separação da água e da terra. O relato pressupõe que a terra já existia e que, ao juntarem-se as águas, estas deixaram-na aparecer (Salmo 104:6-8). A formação dos Continentes preenche a primeira parte do terceiro dia; a criação das plantas, que os cobrem como um manto, preenche a segunda. Este é o ponto culminante da primeira parte da semana da Criação: para isto serviram as obras precedentes, já que a força orgânica dos vegetais está acima da matéria bruta.
A aparição desse primeiro ser vivo organizado é atribuída ao poder divino: Deus disse, mas também à terra, da qual Deus Se serviu para produzir as plantas: Produza a terra. Deus mostra deste modo que dotou a Natureza de uma força própria que lhe pertence, e que é como um precursor da liberdade concedida, mais tarde, ao homem. O solo cultivável era bom como condição necessária à existência das plantas, e estas eram boas como condição de toda a vida animal possível, porque as plantas extraem do solo as matérias inorgânicas, transformando-as em orgânicas. Quantas maravilhas prodigiosas na organização da vida no Planeta!
A Bíblia também se refere ao bendito dom da fecundidade. Produza a terra: Deus concedeu aos seres vivos o dom da reprodução para que continuem e completem a obra do Criador. Contudo, a fecundidade não é uma força divina à qual devamos prestar culto, como acreditavam os antigos; no relato da Criação, ela é uma bênção, como tantas outras, outorgada pela providência de Deus.

Assim como a terra produz, nós, seres humanos, somos chamados a ser produtivos em diferentes atividades da nossa vida. Viva hoje para edificar os outros e fazer deste mundo um melhor lugar para viver.

Carlos Puyol Buil in Meditações Matinais Mas há um Deus no Céu, P. SerVir, 18.02.2016. Conheça o autor em M. p. S., 26.12.2015.



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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

3 - Na Tua Luz Veremos Luz  (1º Dia da Criação)


"E disse Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas Noite. E foi a tarde e a manhã o dia primeiro." Génesis 1:3-5.

Perguntaram-me, em várias ocasiões, o significado do mistério da luz do 1º dia da Criação. Sem luz não pode haver vida. Então, qual era a natureza desta luz? Não podemos pensar na luz solar, que aparece no 4º dia.
As três primeiras ações criadoras de Deus evocam o princípio de separação. É assim que o Senhor separa a luz das trevas, as águas superiores das águas inferiores, e a terra dos mares. Ora bem, enquanto em todas as cosmogonias que conhecemos o mundo é uma emanação do ser ou do pensamento da Divindade, no relato do livro de Génesis é o produto de um ato livre da vontade de Deus. Isto é o que indica a expressão "disse Deus", a qual aparece oito vezes na narração. A palavra é a manifestação externa da vontade. Moisés emprega esta imagem para definir a Criação como resultado da vontade divina. Aqui há uma diferença significativa entre o primeiro versículo de Génesis e os seguintes. No 1º dia, Deus criou. Não sabemos bem quando nem como. Nos restantes, o ato criador de cada dia começa com "disse Deus", sublinhando que o Senhor criou por meio da Sua Palavra.
Quando no Génesis se lê: "Haja luz" não se refere à luz do Sol. Esta luz, cujo surgimento vem após a época das trevas que rodeavam a Terra, é-nos apresentada como proveniente do próprio Deus, fonte de luz: "Deus é luz" (I João 1:5). Assim será também na Nova Terra. Os seus habitantes "não necessitarão de lâmpada, nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia; e reinarão para todo o sempre" (Apocalipse 22:5).
A separação da luz e das trevas no 1º dia deu lugar a uma divisão do tempo em tarde e manhã, dia e noite, ainda não regulada pelo movimento de translação da Terra. A intenção do autor é sublinhar que a duração de cada dia da semana da Criação era de 24 horas e não de períodos de milhares ou milhões de anos.

É a graça de Deus que permite que possamos ver a luz de cada dia. Como disse o Salmista: "Na Tua luz, veremos a luz" (Salmo 36:9).

Carlos Puyol Buil in Meditações Matinais Mas há um Deus no Céu, P. SerVir, 16.02.2016. Conheça o autor em M. p. S., 26.12.2015.



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domingo, 14 de fevereiro de 2016

1 - Criados Para Amar


"Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da Sua boca. (...) Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu." Salmo 33:6, 9.

Hoje celebra-se o Dia do Amor e da Amizade em diversas partes do mundo. Em geral, o dia está associado aos namorados e ao amor entre o casal, mas há algo mais do que isso. Nos textos antigos de diferentes povos sobre o tema da Criação, os deuses destroem e têm relações sexuais como parte do processo de criação dos seres humanos. Com o tempo, estes conceitos geraram uma série de práticas imorais entre os vizinhos de Israel, curiosamente associadas com o amor das divindades e com a Criação: prostituição masculina e feminina, irmandades reconhecidas de homossexuais, orgias em templos e em lugares altos, sacrifícios de animais e de homens, mutilações e ferimentos em momentos de dor e de aflição.

Por outro lado, na Bíblia Deus cria com o simples ato de falar. Não necessita de ter relações sexuais para criar. A revelação bíblica começa com um ato criador de Deus: "No princípio, criou Deus os céus e a terra" (Génesis 1:1) e termina com outro ato criador: "Eis que faço novas todas as coisas (Apocalipse 21:5). Entre estas duas declarações bíblicas, a revelação tem centenas de referências à Criação divina, tanto no Velho como no Novo Testamento, e jamais se insinua que Deus possa ter usado um processo evolutivo. O verbo hebreu bara, usado em Génesis 1:1, traduzido por "criar", tem sempre como sujeito exclusivo Deus, o que leva a que não contenha nenhum conceito supostamente mítico nem conotações paralelas a uma atividade humana. Usado principalmente no vocabulário próprio da adoração, trata-se de um termo específico para referir unicamente a ação criadora de Deus e para a distinguir, assim, de toda a obra e realização humanas. E embora só por si o verbo não designe uma creatio ex nihilo, vem a significar precisamente o que noutras mentalidades se quer assegurar por meio da expressão ex nihilo, "do nada", ou seja, a criação extraordinária, soberana, pessoal, sem esforço e completamente livre por parte de Deus.

É difícil compreender a natureza do amor humano, se não se reconhecerem as suas verdadeiras origens. Inclusivamente, o bendito dom do amor pode ser desvirtuado até às práticas imorais que nada têm a ver com os propósitos originais do Pai celestial nas questões do amor. Deste ponto de vista, o ser humano necessita de se unir com Deus para se unir efetivamente com os seus semelhantes.

Neste dia tão especial, convido-o a reconhecer que somos seres criados por Deus para amar.

Carlos Puyol Buil in Meditações Matinais, Mas há um Deus no Céu, P. SerVir, 14.02.2016. Conheça o autor em M. p. S., 26.12.2015.



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sábado, 6 de fevereiro de 2016



O Trilho do Bezerro

Havia um certo bezerro que ao voltar ao seu curral,
cometeu um grande erro, para ele natural.
Em vez de diretamente seguir do pasto à porteira,
decidiu, indiferente, fazer à sua maneira.

Inventou um trilho novo ao passar pela floresta,
deu mil voltas o andarilho; para ele isto era festa.
Veio atrás um cão perdido que foi seguindo o bezerro,
repetindo sem sentido cada curva, cada erro.

À frente de seu rebanho, uma ovelhinha faceira,
mesmo em seu pouco tamanho repetiu a mesma asneira.
Um a um, cada animal, foi seguindo o mesmo trilho,
que passou a ser estrada para qualquer andarilho.

Pela estrada em ziguezague veio um dia um fazendeiro;
e as voltas eram tantas que perdeu o dia inteiro.

Surgiu daí um caminho, com muitas curvas fatais,
que passou a ser seguido por homens e animais.
E muitos anos já faz que este erro continua;
muita gente ainda faz as voltas mil dessa rua.

Hoje, se alguém se aproxima, pode ver bem lá do alto
essa estrada que já forma um ziguezague de asfalto.
Mas ninguém corrige o erro, e ninguém faz novos planos;
seguem atrás dum bezerro, já morto há duzentos anos.


Sam Walter Foss

(A mensagem é óbvia... E quando as moças nem os pés podiam molhar mesmo na praia durante a menstruação? E ai de quem passasse, ou passe ainda... por baixo de uma escada... Mas é o que eu faço, até dá mais jeito! E quando as Bíblias eram proibidas... queimadas?! Elas que contêm a mensagem direta, inspirada de Deus, para nós Seus filhos?... Ele nos dá inteligência, logo somos responsáveis! Pelo que pensamos, dizemos, fazemos, acreditamos. Em suma: Para não nos enganarmos, o melhor é irmos - sempre - às origens! Pense nisso... EE)

ENTRE PÉS

Certa manhã, o cozinheiro disse:
     - A senhora devia ir curvar-se diante do mandarim.
     - Mas por que devo curvar-me diante do mandarim?
     - O mandarim é uma pessoa muito importante. Ele pode mandar cortar a sua cabeça.
Essa ideia certamente não me atraía, por isso perguntei:
     - Mas como faço para curvar-me e o que devo dizer?
O cozinheiro não sabia, pois ele mesmo jamais se havia curvado diante do mandarim, mas disse que iria indagar na cidade.
Demorou muito para voltar.
     - Perguntei a muita gente - disse. - Ninguém sabe o que dizer, pois a senhora é estrangeira, mas falaram para usar suas roupas mais finas.
Olhei para as coisas velhas que estava usando.
     - Bem, então está resolvido - respondi aliviada. - Não posso vestir minhas roupas mais finas porque estas são as únicas que possuo.
Assim, o problema parecia resolvido, mas eu estava inquieta. O mandarim era todo-poderoso na província. Era uma espécie de governador local ou magistrado, responsável pela lei e pela ordem de todas as vilas da província.
Três dias depois da minha conversa com o cozinheiro, houve grande tumulto do lado de fora do meu portão. Fui ver o que estava acontecendo e dei de encontro com o próprio mandarim que entrava no meu pátio.
Trajava belas roupagens, e trazia a cabeça ornada por maravilhosa cobertura. Mas o que mais me alarmou foi a espada enorme, longa e recurvada que pendia de seu lado. E atrás dele vinham três soldados, cada um com uma espada longa e recurvada.
O aviso do cozinheiro acerca de cortar a cabeça levou-me a aproximar-me do visitante com grande apreensão. Tiveram início as mesuras, saudações e expressões formais de pêsames pela perda da minha companheira. Finalmente, o mandarim chegou ao motivo da visita.
     - Srta. Aylward, venho pedir a sua ajuda.
     - Minha ajuda! - repeti atoleimada.
     - Sim, vim por causa de seus pés.
     - Não é por causa da minha cabeça?
     - Claro que não, é que a senhora tem pés grandes.
Olhei para baixo atónita. Afinal de contas, eu só calçava tamanho 33!
     - Não compreendo, Mandarim.
     - Recebi uma carta do governo, do novo governo, que me deixou muito preocupado. Ela me informa que, por decreto oficial, o antigo costume de enfaixar os pés das mulheres deve cessar em toda a China!
     - Isso é uma coisa muito boa - retorqui. - Esse costume aleija os pés das pobres mulheres.
     - O governo diz que sou pessoalmente responsável pela erradicação desse costume antigo nesta parte da província de Xansi.
     - Oh, compreendo.
     - Ah, não compreende, não! O governo passa os decretos, mas como posso fazer com que sejam cumpridos? Um homem não pode inspecionar os pés das mulheres; só uma mulher pode fazê-lo. E neste distrito inteiro não existe mulher alguma cujos pés não estejam enfaixados, exceto a senhora.

     - Mas que posso eu fazer, Mandarim?
     - A senhora quer ser inspetora de pés? Significa que terá de viajar por toda a região. O governo fornecerá uma mula e dois soldados para acompanhá-la. O salário, contudo, é muito baixo; apenas uma medida de painço por dia e uma quantia muito pequena em dinheiro para comprar legumes.
Mal podia crer no que ouvia! Seria este o plano de Deus para mim? Era assim que Ele estava cuidando das minhas necessidades básicas?
     - Farei o que deseja, Mandarim, mas deve compreender que vim para a China a fim de falar ao seu povo acerca do Deus a Quem adoro. Se eu for inspecionar os pés das mulheres, tenho de aproveitar a oportunidade para pregar.
     - Compreendo e concordo. Ninguém tem nada que ver com os deuses que as pessoas adoram; não tenho preconceito religioso. Também, do ponto de vista deste decreto governamental, seu ensinamento é bom, pois se a mulher tornar-se cristã, não enfaixará mais os pés.
     - Nesse caso, aceito sua oferta com prazer.
O mandarim despediu-se, e, depois de muitas mesuras, partiu. Fui para meu quarto e caí de joelhos em humilde adoração e ação de graças. Não havia mais dúvidas. O meu lugar era aqui; o plano de Deus para a minha vida estava-se desenrolando perante meus olhos.
Yangcheng continuou sendo meu ponto de partida e o Sr. Lu e o cozinheiro deram continuidade ao trabalho da hospedaria, pois eu às vezes me ausentava por uma semana ou mais. Eu e os soldados saíamos de manhã com nossa mula, que carregava um bom suprimento de alimentos secos, e viajávamos por toda aquela província montanhosa.
Quando chegávamos a um vilarejo, os soldados entravam primeiro e convocavam todos a comparecerem a um lugar espaçoso. Depois, repetiam as instruções do mandarim, anunciando que agora o enfaixamento de pés era ilegal e uma ofensa passível de castigo.
Os homens remexiam-se e pareciam pouco à vontade. Eles gostavam que suas mulheres tivessem pés pequenos; achavam que era sinal de beleza e era assim que sempre fora feito. Então os soldados gritavam: "Se os pés de qualquer criança forem enfaixados, o pai dela será preso. Ai-wed-deh é a inspetora de pés do governo; ela vai examinar os pés de todas as mulheres e crianças. Qualquer mulher que se recusar a deixar examinar os pés será castigada."
Ai-weh-deh era o nome chinês que me haviam dado. Significava "mulher virtuosa".
A seguir, eu começava a falar ao povo. Contava-lhes uma história - muitas vezes um conto de fadas como o "Capuchinho Vermelho". O povo ria de contente, e então eu ensinava um corinho depois de lhes haver explicado o significado da letra.
A seguir, falava-lhes a respeito dos pés.


     - Vocês sabem que os pés dos meninos e das meninas são semelhantes; se Deus quisesse que as meninas tivessem pés pequenos e raquíticos, Ele os teria feito assim. Entretanto, Ele os fez a todos iguais. E assim o governo diz que se deve permitir que os pés das meninas cresçam normalmente. Não devem ser enfaixados. Toda a mulher que enfaixar os pés de seu bebé será castigada. Se vocês homens permitirem que os pés de suas filhas sejam enfaixados, os soldados os levarão presos.
Era tarde demais para ajudar as mulheres mais velhas, mas eu podia fazer algo pelas adolescentes. Fi-las desenfaixar os pés e ordenei-lhes que usassem sapatos suficientemente grandes. A princípio, detestaram a ideia e acharam que eu estava arruinando suas oportunidades de conseguirem marido. Mas os soldados lhes diziam: "Ou vocês desenfaixam os pés ou vão para a cadeia. Podem escolher, irmãzinhas, mas a cadeia não é muito confortável."
Às vezes os aldeões iam até à hospedaria onde eu pernoitava e pediam-me que lhes contasse outras histórias e lhes ensinasse mais corinhos. Assim, durante meses e anos, fui de vilarejo a vilarejo até tornar-me conhecida e bem-vinda, e fiz muitos amigos. Chamavam-me "A Contadora de Histórias", e as pessoas jamais se cansavam de ouvir as histórias do Antigo Testamento, tantas vezes repetidas.


Ao volver meus pensamentos para aqueles tempos, fico maravilhada em ver a forma como Deus levantou oportunidades para o trabalho. Eu tanto desejara ir à China, mas jamais, em meus sonhos mais arrojados, imaginara que Deus prevaleceria de modo a abrir-me as portas de todas as casas em todas as vilas; que eu teria autoridade para banir um costume cruel e horrível; que teria proteção governamental; e que seria paga para pregar o evangelho de Jesus Cristo enquanto inspecionava pés!
Gradualmente, alguns se convertiam aqui e ali, e formava-se um grupinho em cada vilarejo - os primórdios de uma pequena igreja. Assim, durante os anos que se seguiram, à medida que o evangelho ia sendo pregado, a prática de enfaixar os pés deixou de existir, o hábito de tomar ópio diminuiu, e o testemunho da graça salvadora de Jesus Cristo foi estabelecido em diversos lugares.
Eu vivia agora exatamente como uma chinesa. Vestia roupas chinesas, comia seu alimento, falava seu dialeto, e comecei a pensar como os chineses. Este agora era o meu país; os chineses do norte eram o meu povo. Resolvi requerer minha naturalização como cidadã chinesa. Em 1936, meu requerimento foi deferido e passei oficialmente a ser chamada de Ai-weh-deh.

Gladys Aylward in Apenas uma Pequena Mulher, Editora Vida.


"Sem contar com a ajuda de qualquer organização missionária, Gladys Aylward saiu da Inglaterra sem nenhum apoio e com menos de dez dólares na bolsa, rumo à China. Contra o panorama da Guerra Sino-Japonesa dos anos 30, ela labutou ao serviço do governo chinês e do grande orfanato que fundou. Apenas Uma Pequena Mulher conta as inúmeras vezes em que Deus interferiu na vida daquela que se dispôs a fazer a vontade d'Ele - a qualquer custo." Que GRANDE Mulher!!!

(Leia mais em 1R - Leituras para a Vida, 06.02.2016)