sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ALGO  PARA  MEDITAR

"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai."
Filipenses 4:8


       Um dos bons aspectos da reforma é a disponibilidade de tempo para pensar. Não tínhamos muito tempo para isto no passado, mas agora tornou-se um luxo que podemos ter.
Infelizmente, para muitos reformados, este é o único luxo que podem ter. Como é relaxante sentarmo-nos durante uma hora ou mais, pensando no que vier à mente, sem qualquer ansiedade!
       Mas pensar pode ser perigoso assim como edificante. Sentar-se e meditar sobre erros e pecados passados pode ser mortal. Ou deixar que as nossas mentes se detenham em pensamentos de inveja, ciúmes ou autocompaixão pode ser enfraquecedor. Se quisermos ter prazer em pensar, devemos seguir alguns princípios básicos.
       Paulo, em Filipenses 4:8, dá-nos princípios específicos para um pensamento gratificante. Ele instrui-nos a concentrar os nossos pensamentos em ideias sublimes, deixar as nossas mentes ocupadas com assuntos nobres.
Estas ideias elevadas que Paulo menciona são questões que estão relacionadas com a verdade, honestidade, justiça, pureza, bondade e gratidão. Todas são coisas positivas, desejáveis e valiosas do nosso pensamento. Mas será necessária uma grande dose de disciplina se quisermos impedir que os nossos pensamentos se percam em coisas negativas.
       Precisamos de nos deter num bom pensamento e ruminá-lo como o boi rumina o seu alimento. Vamos tomar um exemplo do nosso texto. Paulo nos aconselha a pensar naquilo em que há louvor. Algumas pessoas podem querer escrever todos os motivos de louvor que lhes venha à mente. Esteja preparado para descobrir que você dispõe de uma lista bem longa para dar louvor!
       A Bíblia usa outra palavra para expressar esta ideia de pensar. É a palavra 'meditação', usada primeiramente no Antigo Testamento. Significa 'ponderar ou reflectir'. Génesis 24:63 retrata um linda figura de Isaque, antes de encontrar a sua esposa pela primeira vez, indo ao campo para meditar.
Hoje é um bom dia para começar a cultivar o hábito de reflectir silenciosamente. Há muito que pensar.

Querido Pai, há tantos motivos que nos levam a louvar-Te e há tanta coisa na Tua Palavra para ocupar os nossos pensamentos. Dá-nos o desejo de meditar nas coisas que edificam, e não nas que destroem.


DEUS  NÃO  VAI  DESPREZAR  VOCÊ

Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida. Como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei.

Josué 1:5


As palavras de Deus a Josué eram extremamente necessárias. O povo de Israel tinha feito uma longa e distante jornada com Moisés, e alguns começaram a perguntar: "Porque nos trouxeste aqui, só para morrermos no deserto?" E agora que Moisés tinha morrido, eles estavam mais assustados ainda. Por isso o Senhor falou a Josué e assegurou aos israelitas que Ele não os tinha abandonado nem desamparado nas suas necessidades.
A palavra hebraica azab, que foi traduzida como 'deixar ou abandonar', significa literalmente 'soltar ou renunciar'. Apresenta um retrato vívido de alguém pendurado pela mão forte de um salvador.
As pessoas reformadas não deveriam ter nenhuma dificuldade em se identificar com os israelitas neste ponto da jornada.
Eles fizeram um longa viagem, atravessaram muitos quilómetros e anos cansativos, e algumas vezes sentiram vontade de clamar: "Senhor, Tu nos trouxeste até aqui, só para nos abandonar?" e Deus responde: "Não, Eu não te deixarei, nem te desampararei." É um grande encorajamento! É importante notar que Deus não prometeu a Josué que ele nunca experimentaria desencorajamentos ou horas difíceis na sua jornada. Isto seria irreal. Pelo contrário, Deus prometeu que, quando Josué se encontrasse com problemas, Ele o seguraria com toda a Sua força e não o deixaria cair.
Lendo a história da vida dos grandes santos da Bíblia, percebemos como o medo do abandono prevaleceu ao ficarem mais velhos. David, Abraão, Isaías e outros experimentaram horas de apreensão. Também foi verdade com Lutero, Wesley, Edwards e outros grandes líderes da igreja. Mas a mão forte de Deus os segurou.
E o mesmo Senhor que encorajou Josué vai segurar você.

"Não Te Deixarei, Nem Te Desampararei."

Querido Pai, nesta hora da nossa vida em que nos sentimos mais dependentes e abandonados, pedimos-te que a Tua forte mão nos segure. Obrigado pela certeza de que nunca nos desampararás.

Leroy Patterson in O Melhor Está Por Vir, Editora Juerp, Brasil

domingo, 16 de outubro de 2011

DE COLHER EM COLHER
                 ATÉ À PANÇA FINAL


       Os meus dias de Páscoa continuam a ser passados em família, à volta de uma daquelas mesas tão cheias, mas tão cheias, que é preciso um doutoramento em geometria descritiva para conseguir arranjar espaço em cima da toalha para colocar uma simples garrafa de vinho.

       No momento em que o caro leitor estiver a ler estas linhas, há fortes probabilidades de eu me encontrar com um naco de cabrito preso nas mandíbulas, um resto de sopa de beldroegas a escorregar pelo esófago e uma generosa fatia de tigelada a aguardar-me na cozinha. E sabem o melhor disto tudo? Eu devia estar de dieta.

       Só que ninguém consegue fazer dieta em casa dos pais. Muito menos na Páscoa. Eu bem exibo a pança à minha mãe, explico-lhe que estou com dez quilos a mais em relação ao que devia, argumento com o colesterol e os perigos da obesidade, posso até mostrar-lhe os resultados de todas as análises que fiz ao longo dos últimos cinco anos. Não adianta. Os pais costumam compreender a coisa em teoria ("pois é, filho, realmente tens de ter cuidado com a tua saúde"), mas quando chega a hora de colocar a teoria em prática, o bife que nos vem parar ao prato continua a ser do tamanho de um bezerro açoriano.

       Não há volta a dar-lhe: isto está inscrito nos genes dos progenitores e, de um modo geral, de todos os portugueses com mais de 50 anos. Encher o prato é sinónimo de dizer "eu gosto de ti" – e deixar dez centímetros quadrados de porcelana por atapetar com puré de batata parece ser, para quem nasceu antes de 1960, sinónimo de "eu não te gramo".

       Há uma pessoa na minha família de quem gosto muito que me diz "vai comer, João" cada vez que se cruza comigo no corredor. Se nos cruzarmos dez vezes, diz-me dez vezes, seja manhã, tarde ou noite; di-lo ainda que tenhamos acabado de almoçar há cinco minutos. Aquilo nem chega a ser um conselho, ou sequer um convite. Aquele "vai comer, João" entra na categoria de saudação. É uma forma de dizer "olá", mesmo que através do meu estômago.

       Um antropólogo certamente conseguiria explicar este fenómeno recorrendo às eras em que a comida escasseava e receber bem uma pessoa era colocar em cima da mesa o melhor que havia em casa. Mas ora bolas, a classe média já deixou de passar fome há algumas gerações. As famílias portuguesas precisam urgentemente de encontrar formas alternativas para demonstrar o seu amor.


Por: João Miguel Tavares, jornalista (jmtavares@cmjornal.pt)
Ilustração de José Carlos Fernandes




(Leia mais em Leituras Para a Vida - 16.10.2011 - Links 1R)