segunda-feira, 26 de outubro de 2015


NOVA  OPORTUNIDADE






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domingo, 4 de outubro de 2015

Dia Mundial do Animal



(Ai que ternurinhas!... eu não tenho nada disso!... Fiel)


FIEL
Na luz do seu olhar tão lânguido, tão doce, havia o que quer que fosse d’um íntimo desgosto: era um cão ordinário, um pobre cão vadio que não tinha coleira e não pagava imposto. Acostumado ao vento e acostumado ao frio, percorria de noite os bairros da miséria à busca dum jantar. E ao ver surgir da lua a palidez etérea, o velho cão uivava uma canção funérea, triste como a tristeza osseânica do mar. Quando a chuva era grande e o frio inclemente, ele ia-se abrigar às vezes nos portais; e mandando-o partir, partia humildemente, com a resignação nos olhos virginais. Era tranquilo e bom como as pombinhas mansas; nunca ladrou dum pobre à capa esfarrapada, e, como não mordia as tímidas crianças, as crianças então corriam-no à pedrada.

Uma vez casualmente, um mísero pintor, um boémio, um sonhador, encontrara na rua o solitário cão. O artista era uma alma heroica e desgraçada, vivendo numa escura e pobre água furtada, onde sobrava o génio e onde faltava o pão. Era desses que têm o rubro amor da glória, o grande amor fatal, que umas vezes conduz às pompas da vitória, e que outras vezes leva ao quarto do hospital. E ao ver por sobre o lodo o magro cão plebeu, disse-lhe:
- O teu destino é quase igual ao meu: eu sou como tu és, um proletário roto, sem família, sem mãe, sem casa, sem abrigo; e quem sabe se em ti, ó velho cão de esgoto, eu não irei achar o meu primeiro amigo!...

No céu azul brilhava a lua etérea e calma; e do rafeiro vil no misterioso olhar via-se o desespero e ânsia d’uma alma, que está encarcerada, e sem poder falar. O artista soube ler naquele olhar em brasa a eloquente mudez dum grande coração; e disse-lhe:
- Fiel, partamos para casa: tu és o meu amigo, e eu sou o teu irmão.
E viveram depois assim por longos anos, companheiros leais, heroicos puritanos, dividindo igualmente as privações e as dores. Quando o artista infeliz, exausto e miserável, sentia esmorecer o génio inquebrantável dos fortes lutadores; quando até lhe acudiu às vezes à lembrança partir com uma bala a derradeira esp’rança, pôr um ponto final no seu destino atroz; nesse instante do cão os olhos bons, serenos, murmuravam-lhe: "Eu sofro, e a gente sofre menos, quando se vê sofrer também alguém por nós."

Mas um dia, a Fortuna, a deusa milionária, entrou-lhe pelo quarto, e disse alegremente: "Um génio como tu, vivendo como um pária, agrilhoado da fome à lúgubre corrente! Eu devia fazer-te há muito esta surpresa, eu devia ter vindo aqui p’ra te buscar. Mas moravas tão alto! E digo-o com franqueza, custava-me subir até ao sexto andar. Acompanha-me; a glória há de ajoelhar-te aos pés!..." E foi; e ao outro dia as bocas das Frinés abriram para ele um riso encantador; a glória deslumbrante iluminou-lhe a vida como bela alvorada esplêndida, nascida a toques de clarim e a rufos de tambor! Era feliz. O cão dormia na alcatifa à borda do seu leito, e logo de manhã vinha beijar-lhe a mão, ganindo com um ar alegre e satisfeito.

Mas ai! O dono ingrato, o ingrato companheiro, mergulhado em paixões, em gozos, em delícias, já pouco tolerava as festivas carícias do seu leal rafeiro. Passou-se mais um tempo; o cão, o desgraçado, já velho e no abandono, muitas vezes se viu batido e castigado pela simples razão de acompanhar seu dono. Como andava nojento e lhe caíra o pelo, por fim o dono até sentia nojo ao vê-lo, e mandava fechar-lhe a porta do salão. Meteram-no depois num frio quarto escuro, e davam-lhe a jantar um osso branco e duro, cuja carne servira aos dentes d’outro cão. E ele era como um roto, ignóbil assassino, condenado à enxovia, aos ferros, às galés. Se se punha a ganir, chorando o seu destino, os criados brutais davam-lhe pontapés. Corroera-lhe o corpo a negra lepra infame. Quando exibia ao sol as podridões obscenas, poisava-lhe no dorso o causticante enxame das moscas nas gangrenas.

Até que um dia, enfim, sentindo-se morrer, disse: "Não morrerei ainda sem o ver; a seus pés quero dar meu último gemido..." e meteu-se-lhe no quarto, assim como um bandido. E o artista ao entrar viu o rafeiro imundo, e bradou com violência:
- Ainda por aqui o sórdido animal! É preciso acabar com tanta impertinência, que esta besta está podre, e vai cheirando mal!
E, pousando-lhe a mão cariciosamente, disse-lhe com um ar de muito bom amigo:
- Ó meu pobre Fiel, tão velho e tão doente, ainda que te custe anda daí comigo.
E partiram os dois. Tudo estava deserto. A noite era sombria; o cais ficava perto; e o velho condenado, o pobre lazarento, cheio de imensas mágoas sentiu junto de si um pressentimento, o fundo soluçar monótono das águas.

Compreendeu enfim! Tinha chegado à beira da corrente. E o pintor, agarrando uma pedra atou-lh’a na coleira, friamente cantando uma canção d’amor. E o rafeiro sublime, impassível, sereno, lançava o grande olhar às negras trevas mudas com aquela amargura ideal do Nazareno recebendo na face o ósculo de Judas. Dizia para si: "É o mesmo, pouco importa. Cumprir o seu desejo é esse o meu dever. Foi ele que me abriu um dia a sua porta. Morrerei, se lhe dou com isso algum prazer." Depois, subitamente, o artista arremessou o cão na água fria. E ao dar-lhe o pontapé caiu-lhe na corrente o gorro que trazia. Era uma saudosa, adorada lembrança outrora concedida pela mais caprichosa e mais gentil menina, que amara, como se ama uma só vez na vida.

E ao recolher a casa ele exclamava irado:
- E por causa do cão perdi o meu tesouro! Faria bem melhor se o tivesse envenenado! Maldito seja o cão! Dava montanhas d’oiro, dava a riqueza, a glória, a existência, o futuro, para tornar a ver o precioso objecto, doce recordação daquele amor tão puro.
E deitou-se nervoso, alucinado, inquieto. Não podia dormir. Até que ao nascer da manhã o vivido clarão, sentiu bater à porta. Ergueu-se e foi abrir. Recuou cheio de espanto: era o Fiel, o cão, que voltava arquejante, exânime, encharcado, a tremer, e ao uivar no último estertor, caiu-lhe da boca, ao tombar fulminado, o gorro do pintor!


Guerra Junqueiro (Apresentação livre)
E agora, quem tiver Coragem (não tive para colocar aqui), pode ver e chorar com este vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=P0CRbUDHCbc

PESSOAS  MARAVILHOSAS  QUE  FAZEM  A  DIFERENÇA

         
"... Até 1870, podia-se contar por milhões o número de bisontes que viviam em liberdade nas pradarias do continente americano. Quando chegava o Outono, época da sua migração, os índios viam desfilar rebanhos com longos quilómetros de comprimento. Conta-se que, um ano, se viu mesmo um rebanho de 60 km, o qual precisou de mais de 5 dias para atravessar a região! '... Os dorsos lanosos dos colossos formavam uma escura massa movente que se estendia até ao horizonte.'
         Durante as últimas décadas do século passado o número destes animais diminuía rapidamente em consequência da chegada do homem a estas regiões. Com efeito, cerca de 1830, o caminho-de-ferro transcontinental atravessava o território dos bisontes e, com ele, um exército de caçadores. Uns foram abatidos e abandonados, outros mortos por causa da sua pele e outros apenas porque a sua língua era um prato muito apreciado.


(Também é sorte demais... não era preciso tanto!)

         Em 1880, após um recenseamento no território dos Estados Unidos, contaram-se apenas 1600 bisontes... mais uma espécie animal estava em perigo de extinção à superfície da Terra! Foi preciso esperar por 1920, quando o número destes animais era ainda mais reduzido, para o Estado decretar leis que permitissem salvaguardar a espécie mais característica da pradaria americana. Foi escolhida uma área do parque nacional de Yellowstone, onde se encerraram todos os bisontes encontrados nos Estados Unidos: - e eles foram apenas 21!"

Tout L'Univers, 10 de Outubro 1962.


O MELHOR AMIGO DO HOMEM

"Ela, porém, respondeu, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos" (dos seus senhores). Marcos 7:28.

     O que lhe vem à mente quando ouve a frase "o melhor amigo do homem"? Se a sua mente estiver programada como a minha, pensará no seu cão preferido, ou talvez num animal de estimação que tem agora ou que já teve. É possível que conheça um cão que queira ficar ao seu lado, correr à sua frente quando vai dar um passeio, que volta constantemente para se certificar do seu progresso, se senta ao seu lado quando faz uma pausa para descansar, que apanha um pau ou uma pedra que quer que você atire para o ir apanhar. Um cão destes protegê-lo-á de pessoas suspeitas ou lutará por si até à morte.
     No número de novembro de 1878 de Our Dumb Animals (Os Nossos Animais Irracionais), newsletter da Associação de Massachusetts para a Prevenção da Crueldade para com os Animais, foi publicada a história de um cão chamado Delta.
     Delta e o seu dono, Severinus, viveram em Herculaneum pouco tempo antes da erupção do Monte Vesúvio. Delta não só salvou o seu dono de morrer afogado no mar, mas protegeu-o de um bando de ladrões e, de outra vez, de uma loba a quem tinham sido roubados os filhotes. A história continua a descrever como o animal se tornou no melhor amigo e protetor do único filho de Severinus. Quando se deu a erupção, Delta cobriu a criança com o seu corpo, mas sem sucesso. Ficaram os dois soterrados juntos.
     Embora os cães nos sirvam extraordinariamente bem nos dias de hoje (cães trabalhadores de todos os tipos, ex.: cães-polícias, guardas, pastores, socorristas, guias para cegos, cães de companhia e animais de estimação), a Bíblia tem pouco a dizer a seu favor nas 47 referências que faz a seu respeito. Job 30:1 menciona um cão-pastor de uma forma depreciativa. A conversa de Jesus com a mulher cananeia sugere que os cães eram animais de estimação que viviam nas casas, e apanhavam as migalhas que caíam da mesa, tal como o fazem hoje. Possivelmente os cães serviriam como cães de guarda (cf. Êxodo 11:7). Contudo, a maior parte das passagens referem-se a eles de forma negativa: como animais alimentados de carniça (Êxodo 22:31; I Reis 14:11; 16:4; 21:19), criaturas com hábitos nefastos (Juízes 7:5 e 6; Salmo 22:20; 59:14; Provérbios 26:11), e rejeitados (I Samuel 17:43; 24:14; II Reis 8:13; Filipenses 3:2; Apocalipse 22:15). Em sítio algum da Bíblia se descreve ternamente a devoção e o serviço de um cão pela humanidade.
     Faz-me pensar no porquê, uma vez que os cães são agora tão amados. Será, eventualmente, porque O Próprio Deus Quer Ser O Melhor Amigo Do Homem?


Senhor, o Teu amoroso cuidado, atenção, provisão, cura, proteção e salvação são infinitamente mais importantes para mim. Dá-me um coração que Te seja sempre fiel.

David A. Steen, Professor Catedrático de Biologia e Presidente do Departamento de Biologia da Universidade Adventista de Andrews, EUA, in O Deus das Maravilhas, 21 de dezembro de 2014.