domingo, 19 de janeiro de 2014

A CRISE EXISTENCIAL

Aquele encontro foi diferente de todos os que eu tinha tido no passado. Não era um rapaz aflito que estava na minha frente, nem um pai preocupado por causa dos deslizes do filho, nem um casal em crise, à beira da separação. Era um cavalheiro elegante, de rosto sereno e olhar calmo, aparentando mais ou menos 50 anos, pelos fios prateados que clareavam o seu cabelo negro. Estávamos sentados na esplanada de um restaurante. Olhávamos um para o outro sem dar a mínima importância à paisagem majestosa que nos circundava.
"Pastor - disse o homem, sem rodeios - li o seu livro "Conhecer Jesus é Tudo". Foi um presente da minha secretária. Ela é membro da sua igreja e aparentemente é uma mulher feliz. Acho que o senhor é exactamente a pessoa que eu procurava para conversar."
Nos minutos que se seguiram, ele falou da sua vida, dos seus sonhos, da sua família. Era um homem muito rico, dono de um património invejável, possuía uma família maravilhosa, filhos profissionais que participavam activamente no império financeiro que ele tinha construído. Generoso, dava dinheiro para obras de assistência social e cumpria os seus deveres cívicos. Era um bom empresário, um bom pai, um bom marido, enfim, um homem realizado na vida. Ou quase. Não era feliz.



"Tenho tudo para ser feliz - disse - mas sinto uma sensação estranha. É como se me estivesse a faltar algo. Uma espécie de vazio interior. Estou disposto a fazer qualquer coisa e a pagar qualquer preço, a fim de tirar esta sensação de cima de mim. Preciso de ser plenamente feliz, mas, por favor, não me peça para me tornar membro da sua igreja, nem me fale de Jesus."
Olhei para aquele homem e com tristeza vi nele o retrato do homem do século XX, o século das luzes, do raciocínio, da informática e dos voos espaciais. O homem moderno foi capaz de mergulhar nos mistérios do átomo, conquistar o espaço e chegar à lua, mas é incapaz de perceber o que está a acontecer dentro do seu próprio coração. Vive angustiado. Finge que é feliz, tenta inutilmente convencer-se a si mesmo de que é feliz, mas chora interiormente o vazio que dói, que incomoda e angustia.
"Estou disposto a pagar o que for preciso", diz. E não existe limite para os seus esforços a fim de alcançar o seu objectivo:
Pode-se vê-lo a banhar-se nas águas sagradas do rio Ganges, deitar-se em cima de brasas vivas, peregrinar aos milhares para visitar os santuários tão conhecidos em todo o mundo, ou andar de joelhos em procissão até sangrar.
Bem mais perto, pode-se vê-lo a tentar pagar o preço através da meditação, a realizar obras de filantropia, a defender os direitos das classes oprimidas, a participar de marchas em favor da ecologia e da paz, a assinar cheques para obras de caridade ou a visitar creches, asilos e sessões de psicanálise.
Entre os mais jovens, pode-se vê-lo nas discotecas, nos bares, nos embalos de sábado à noite. Pode-se vê-lo desesperado a procurar "se sentir bem" nas sensações alucinantes das drogas e dos prazeres proibidos, ou a defender a liberdade sexual e a nova moral.
Mas, consegue o homem preencher dessa maneira o vazio do coração? Consegue-se a paz com penitências ou com orações? Ou ainda, com sacrifícios e jejuns? Alcança-se a paz com o envolvimento nas lutas sociais ou com sensações de prazer?


Nunca houve na História um tempo de tanta liberdade, de tanto luxo, conforto e aparente democracia como hoje, mas, porque é que o homem não consegue ser feliz? Porque é que a paz interior parece estar sempre a fugir das nossas mãos, como algo que escorrega por entre os dedos? Nunca o ser humano viveu tão angustiado como hoje, nem tão vazio, tão desesperado. Os seus conflitos emocionais, as suas inseguranças económicas, as suas lutas familiares e sociais, as suas frustrações existenciais parecem tê-lo derrotado completamente. Está com medo. O ser humano está com medo de não ser mais do que um computador, uma máquina de produzir, um tijolo. Com uma trágica diferença. Ele tem sentimentos e as máquinas não. Ele é visto como um objecto, como um número no meio da multidão, mas sofre, chora, angustia-se e ninguém se importa com isso.

"Que devo fazer para ser salvo?" É o grito do coração humano através de todas as épocas. "O que devo fazer?" "Como posso ter um pouco de paz?" "Como posso ser feliz?" E milhares de vozes respondem: "Você tem que se esforçar, tem que pagar o preço, tem que merecer; lute, trabalhe, conquiste!"
Ouça, por exemplo, a voz da Ciência. "Não existe isso de pecado", dizem os cientistas. "Se o mundo está a desabar ou se você tem problemas, isso nada tem a ver com o pecado. Organize-se melhor. Investigue mais. Use a tecnologia para resolver os seus problemas."
Os humanistas sorriem-lhe com optimismo. Para eles, o problema do ser humano é apenas um: falta de desenvolvimento do potencial humano. "O homem é o capitão da sua própria embarcação", dizem. "Dentro dele há uma força capaz de resolver qualquer problema e superar qualquer crise. Então - acrescentam os humanistas - a única coisa de que você precisa é de confiança própria."
Ouça os políticos: "Você não é feliz porque não soube escolher o melhor governo. O que o mundo precisa é de uma revolução social. O que o país precisa é de uma mudança imediatamente. Então, vote em mim."

Mas essa não é a resposta divina. Uma noite, Deus disse, através de São Paulo, a um homem desesperado: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo."1
Nada de lutar, nada de esforçar-se para ser bom, nada de procurar, nada de fazer coisas para merecer. Crê! Ele diz: "Eu deixo-vos um presente - a paz de espírito! E a paz que Eu dou não é passageira como a paz que o mundo dá!"2
Em que consiste a paz que Deus oferece? Qual é esse tipo de paz que o homem tem inutilmente tentado conseguir ao longo da História com esforços, penitências, sacrifícios e boas obras? E só um mito? Um sonho impossível?
Por trás das marchas de protesto, das lutas sociais, das obras de caridade; por trás da busca incansável da paz, através do uso de drogas e satisfação dos sentidos, há uma frustração crescente que ninguém pode ignorar. Desde as desérticas terras até às ruas asfaltadas das grandes cidades, sem distinção de raça, idade, situação económica, sexo ou grau de instrução, o homem passa com um único clamor: "O que farei?" De que é que na realidade ele está à procura?

Veja a forma dramática como o poeta espanhol Ruben Dario descreve, através dos seus sentimentos, a situação do homem moderno:

Feliz a árvore que é apenas árvore.
E também a pedra porque ela não tem vida,
Pois não existe dor maior do que estar vivo,
Nem maior desespero do que a vida consciente.
Ser e não ter rumo certo.
E o medo de ter sido, e um futuro pavoroso,
E a certeza espantosa de amanhã estar morto
E sofrer pela vida, pela morte,
Pelo que não sabemos e apenas suspeitamos.
E não saber aonde vamos
Nem de onde viemos!...
3

Sim, meu amigo, este é um quadro dolorosamente real do homem actual, mas o objectivo deste livro não é apenas descrever a trágica condição do ser humano. É acima de tudo, mostrar que há esperança. Tem Deus a solução? Onde está a paz que Ele ofereceu? Há lugar para Jesus na década da informática? Os capítulos a seguir descrevem o porquê da angústia humana e a solução para o vazio da alma.


1. Actos 6:31 (A Bíblia Viva).
2. S. João 14:27 (A Bíblia Viva).
3. Lo Fatal, poema de Ruben Dario.

Alejandro Bullón in A Crise Existencial, Edições Reviver, Publicadora Atlântico, Portugal.

COMO FICA A VIDA
DEPOIS DO ENCONTRO COM JESUS

"Entrando em Jericó, atravessava Jesus a cidade. Eis que um homem, chamado Zaqueu, maioral dos publicanos, e rico, procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por ser ele de pequena estatura. Então, correndo adiante, subiu a uma figueira a fim de vê-Lo, porque por ali havia de passar. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: 'Zaqueu, desce depressa, pois Me convém ficar hoje em tua casa.' Ele desceu a toda a pressa e O recebeu com alegria. Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que Ele Se hospedara com um homem pecador. Entretanto, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: 'Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo 4 vezes mais. Então Jesus lhe disse: 'Hoje houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão.'" Lucas: 19:1-9.


       Alguma vez você já se sentiu rejeitado, condenado, e sem direito de se aproximar de Jesus? Alguma vez você sentiu que apesar de todos os bens materiais que conseguiu na vida, continua havendo uma espécie de vazio interior que não o deixa ser feliz? Então a sua vida tem muito a ver com a história de Zaqueu.
       Zaqueu é apresentado na Bíblia como um símbolo do homem pecador. A história diz que ele era rico. Homens ricos geralmente usam roupas finas e caras.
       É interessante notar que às vezes o pecador é simbolizado na Bíblia por um homem pobre, mal vestido ou quase nu, como no caso do filho pródigo, que voltou para casa vestindo trapos de imundície e cheirando a porco. Como na história de Maria Madalena, que foi arrastada pelos cabelos, seminua; ou como no caso do cego de nascença, que ficava na porta do templo pedindo esmolas.
       Já outras vezes, o pecador é simbolizado por um homem rico e bem vestido, como no caso de Naamã, o capitão do exército sírio, que por trás das suas vestes finas e suas condecorações gloriosas escondia a miséria de uma lepra consumindo a sua vida. Este também é o caso de Zaqueu, que aparentemente tinha tudo para ser feliz: usava roupas finas, os seus filhos talvez estudassem em escolas particulares de primeira classe, morava numa das mansões da cidade de Jericó, mas não era feliz. Sentia-se rejeitado pela sociedade e atormentado pela própria consciência.
       Porque é que o pecador é às vezes simbolizado por um homem pobre e quase nu, e outras vezes por alguém rico e bem vestido? O que Deus está querendo nos dizer é que perante os Seus olhos, todos os seres humanos são pecadores, com apenas uma diferença: uns são flagrados – apanhados no seu erro e o seu pecado é descoberto e exposto para vergonha pública. Dedos acusadores levantam-se muitas vezes para apontá-los e condená-los - estão nus.
       Outros, perante os olhos divinos, são tão pecadores como os primeiros, mas a lepra do pecado está oculta debaixo das vestes de uma imagem brilhante. Podem passar pela vida sem que nunca alguém descubra o seu erro, vestindo sempre roupas finas. Mas infelizes, desprezados e vazios por dentro, como Zaqueu.
       Ambos os grupos precisam de Jesus. Ambos precisam entender que aos olhos da igreja e da sociedade podem ser diferentes, mas são iguais aos olhos de Deus.
       Zaqueu procurava ver "quem era Jesus". Estava certo. Vivia em pecado, usava para proveito próprio a posição que o governo lhe tinha confiado, mas estava certo na sua busca.
Cristianismo não é moralismo. A nossa primeira pergunta nunca deveria ser quanto ao que 'farei' ou 'não farei', mas sim, 'quem' é Jesus, a 'quem' amarei e a 'quem' servirei.
       No caminho de Damasco a primeira pergunta de Saulo não foi: "Que queres que eu faça?", mas "Quem és, Senhor?".


Cristianismo nunca foi apenas o cumprimento dos 'quês' da igreja, mas acima de tudo fidelidade Àquele que nos achou, nos amou, nos perdoou e nos transformou.
Zaqueu estava certo. Procurava saber quem era Jesus, mas não podia, por causa da "multidão". Qual era a grande dificuldade? Sua pequena estatura? O seu peso? A sua raça? Sua posição social?
       O que o fazia sentir-se indigno? Sua vida cheia de erros? Sua pouca ou muita instrução? Não, isso nunca foi problema para chegar a Jesus. Era a multidão, que não lhe permitia aproximar-se do Único capaz de preencher-lhe o coração e transformar-lhe a vida!
Você já percebeu que durante o ministério de Cristo na terra, as multidões sempre atrapalharam a Sua obra de redenção?
       Lembra-se do paralítico que um dia precisava desesperadamente de Jesus para ser curado, mas não podia chegar perto d’Ele por causa da multidão? Os seus amigos tiveram que fazer um buraco no teto para que ele pudesse chegar ao Salvador.
       Já leu a história da mulher com fluxo de sangue que teve que abrir caminho em meio à multidão para poder tocar o manto de Cristo?
       Consegue imaginar o cego que precisava de visão clamando em alta voz: "Jesus, filho de David, tem compaixão de mim!"? As multidões ordenaram-lhe silêncio, mas ele continuou gritando.
       As multidões sempre se consideraram fiscais da salvação. "Você não, porque é leproso." "Você sim, passe adiante." "Você espere, está imundo; primeiro tome um banho, está cheirando mal para chegar perto de Jesus."
Certo dia as multidões queriam impedir que as crianças se aproximassem do Mestre. A voz doce de Jesus disse então: "Deixai vir a Mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus."


       Multidões! Deus tenha misericórdia das multidões que andam com uma vara de medir a fé para dizer quem é digno e quem não é. Que Deus nos ajude a mostrar ao mundo quem é Jesus! Que nos ensine a tomar a mão dos que se sentem derrotados, tristes, frustrados e rejeitados. Que nos mostre como segurar o braço dos que pensam que nunca conseguirão. Que nos ajude a amá-los, a compreendê-los e a levá-los a Jesus.
       Zaqueu sentia-se indigno e pecador, porém, as multidões fizeram-no sentir-se mais indigno e mais pecador ainda. Então o homem rico de Jericó pensou que o melhor seria ficar de fora e limitar-se a olhar Jesus de longe, e aí caiu no erro de muitos, hoje, porque Cristianismo não é seguir Jesus de longe.


       Cristianismo é relacionamento diário e permanente com Jesus. Não importa se as multidões dificultam a sua aproximação d'Ele. Faça como o paralítico, que entrou pelo teto, ou como a mulher com um fluxo de sangue, que abriu espaço entre a multidão. Ou então clame como o cego: "Jesus, filho de David, tem compaixão de mim!" Mas não fique em cima da árvore!
       Não existem desculpas para ficar longe, na passividade de uma figueira ou na indiferença de quem vê Jesus passar.
Cristianismo é compromisso com Jesus, é envolvimento com a sua Igreja, é participação da Sua Missão.
       Cristianismo nunca foi contemplação cómoda de uma figueira, enquanto se ruminam mágoas e ressentimentos e se é consumido por lembranças tristes que as multidões imprimiram dolorosamente em nossa vida.
       Não, Cristianismo é chegar perto de Jesus, apesar das multidões.


       Jesus atravessava a cidade, seguido pelas multidões, e lá estava Zaqueu em cima de uma figueira. Porque será que nós, seres humanos, estamos sempre plantando árvores para ficarmos em cima, vendo Jesus passar? Zaqueu estava em cima de uma figueira. Mas podia ter sido uma árvore de preconceitos, temores ou dúvidas. Quem sabe uma árvore de mágoas, ressentimentos ou simplesmente de orgulho e incredulidade. Tanto faz.
       De repente, Jesus parou e, em meio a tanta gente, olhou para Zaqueu: "Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa."
       Tenho tentado muitas vezes imaginar aquela cena. Imagino Zaqueu olhando desconcertado para todo o lado e perguntando, com aquela ansiedade de querer que seja, mas tendo medo de que não seja:
       "É comigo Senhor? Não está equivocado? Eu sou Zaqueu, um ladrão, um homem injusto. É comigo que vai jantar esta noite?"


Você já pensou, meu amigo? Naquele dia havia milhares de pessoas junto a Jesus. Centenas de homens e mulheres que lutavam um contra o outro por um lugar especial perto de Jesus. Cada um sentindo-se com mais direito do que o outro, e de repente o Mestre olha para quem nada espera, olha para quem se sentia indigno, para um homem insignificante, perdido lá entre os galhos de uma figueira, e chama-o pelo seu nome: "Zaqueu".

Assim são as coisas com Jesus. Para Ele não existem multidões, existem pessoas. Para Ele você não é apenas uma ordem de produção ou um número na estatística. Você é gente. Ele Se preocupa com você, com seus sentimentos, com seus sonhos, alegrias e tristezas. Ele chora com sua dor e Se alegra com seu sorriso.
Você é tão importante para Ele que um dia Ele deixou tudo e veio a este mundo para buscá-lo. Ele sabe o seu nome, onde você mora, conhece suas ansiedades, sabe que você pode estar tentando ser um homem difícil ao apelo divino, dizendo para si mesmo: "Eu só quero vê-Lo de longe." Mas na realidade você é um homem solitário e sincero, que precisa d'Ele como todo o ser humano.
"É comigo, Senhor?", pergunta você. "Sim, é com você, Henrique, Mauro, Isaura, Aparecida, é com você mesmo." "Mas, Senhor! Eu fumo, bebo, tenho uma vida irregular, eu sou indigno." "Não importa, é com você. É por você que Eu vim, Eu o amo, não pelo que você faz ou deixa de fazer, mas pelo que você é: um ser humano maravilhoso, apenas isso."
Nunca terei palavras para a agradecer a Deus, porque um dia, entre 5 bilhões de seres humanos, o Senhor Jesus Se deteve no caminho da vida e olhou para mim. Não me achou em cima de uma árvore, não. Achou-me atrás de um púlpito, com uma régua na mão para medir o "cristianismo" da minha igreja, sem medo de apontar o pecado "pelo nome", pregando sobre o amor de Deus sem jamais tê-lo experimentado. Vestindo a imagem de um jovem pastor muito preocupado em descobrir os "pecados ocultos da igreja" para levá-la à reforma.
E o Senhor Jesus, com Sua voz mansa disse: "Filho, desce dessa árvore de apóstolo da reforma. Quero ficar com você, quero que Me conheça de verdade e compreenda que as coisas não são assim como você pensa. Quero que saiba que não é com o regulamento numa mão e a vara na outra que se reformam vidas.


A maneira como Jesus tratou a Zaqueu é a maneira como ele quer levar Sua igreja ao reavivamento e à reforma completa.
Veja que Jesus não olhou para Zaqueu e disse: "Zaqueu, você é um ladrão, e o que você faz é uma vergonha. Estou disposto a lhe dar o privilégio de hospedar-Me, mas antes quero que você confesse publicamente que é ladrão, e que devolva o dinheiro que roubou dos outros.
Eu imagino que era isso que as multidões estavam esperando. Mas Jesus não fez nada disso. Havia algo de maravilhoso com Ele. Os pecadores sentiam-se amados na Sua presença. Quer dizer que Ele apoiava a vida errada dos homens? Não. A conduta deles é que mudava. Mas Ele nunca os fazia sentir-se mais pecadores do que já eram. Não precisava agredi-los para inspirar neles o desejo de mudar de vida.

E agora vejamos a atitude de Zaqueu. O que foi que ele fez? Será que ele desceu da figueira e disse para Jesus: "Obrigado, Senhor, por lembrares-Te de mim. Eu nunca poderei agradecer-Te pelo fato de olhares para mim em meio a tanta gente. Agora fica um pouco aqui. Deixa-me ir e arrumar a casa. As coisas não estão bem por lá. Deixa-me fazer uma faxina completa e preparar uma refeição gostosa, então voltarei e iremos juntos."
Foi assim que Zaqueu falou? Não. Por que não? Porque se pudéssemos deixar Jesus aguardando para primeiro limpar a casa, não precisaríamos mais d'Ele.
Aqui está envolvido o maravilhoso princípio da justificação, que é pela fé, e da santificação, que também é pela fé. É Ele que limpa a vida. É Ele que coloca as coisas em ordem. É Ele que corrige, que conserta, que purifica. Nunca cometamos a tolice de agradecer a Deus pelo perdão e depois, sozinhos, tentarmos pôr a vida em ordem.
O que foi que Zaqueu fez? Acho que ele colocou sua mão na de Jesus. Era um homem solitário, rejeitado pela sociedade, que precisava de alguém que lhe restaurasse o senso de humanidade. Ali estava uma mão estendida com amor, e ele agarrou-se a ela, apesar de ser um publicano, um ladrão, um pecador.
A multidão não ficou contente com a atitude de Jesus. "Ah", pensaram no coração, "Ele dava a impressão de ser o Messias, mas em lugar de condenar os pecadores, recebe-os, junta-Se com eles, e não os repreende." Você já pensou que enquanto Jesus esteve na Terra nunca condenou os derrotados, os marginais, os ladrões ou as prostitutas?
As poucas vezes que Ele condenou alguém, foram aqueles que achavam que tudo estava bem com eles, aqueles que se consideravam os guardiães da fé, a norma de vida de seus semelhantes.



Graças a Deus porque Jesus veio a este mundo buscar os perdidos, os derrotados, os cansados de lutar sem nunca conseguir. Se você é um deles, alegre-se e louve o nome do Senhor porque foi por você que Ele veio.
Ele o está procurando, não importa onde você está, onde se escondeu, ou para onde fugiu. Um dia a voz de Deus o alcançará e o chamará pelo seu nome, e talvez isso esteja acontecendo neste momento, enquanto você lê estas linhas.
Você está tremendo em cima da figueira da vida. Sente-se rejeitado, triste, frustrado? Sente que nunca vai conseguir? Ouça então a voz do Mestre dizendo: "Filho, Eu amo você. Desça daí, quero ficar com você, quero entrar em sua vida e colocar cada coisa em seu lugar. Limpar o que tem que ser limpo, consertar o que tem de ser concertado.

Olhe agora para Jesus e Zaqueu. Nenhuma palavra. Apenas caminhavam juntos, de mãos dadas, e aquele laço de amor penetrou na vida daquele publicano. Enquanto caminhavam juntos, a vida de Jesus, Seu poder, Sua vitória, transmitiu-se para o pobre homem, gerando nele o desejo de mudar de vida.
Depois levantou-se e disse: "Mestre, se em alguma coisa defraudei alguém, estou disposto a restituir 4 vezes mais, e o que sobrar estou disposto a repartir com os pobres."
Este é o resultado inevitável de estar em Jesus e andar com Ele. É impossível andar com Jesus e conviver com o pecado ao mesmo tempo. Ambas as coisas não combinam. Ao lado da justiça não há lugar para o pecado. "N'Ele somos feitos justiça de Deus". N'Ele somos libertados, tornamo-nos vitoriosos, e o que antes parecia difícil, torna-se natural, como um fruto maduro que cai no tempo oportuno.
Que dia extraordinário aquele. No início, Zaqueu não passava de um homem solitário, frustrado e vazio apesar de sua invejável posição social e financeira. No fim do dia era um homem feliz, completo, transformado em Cristo. Zaqueu conhecia os dois lados da vida. O desespero e a esperança, o vazio e a plenitude, a tristeza e a alegria, a condenação e o perdão, a derrota e a vitória. Certamente ele podia dizer: "Jesus, Tu és a minha vida."

Pr Alejandro Bullón, no seu maravilhoso livro - Jesus, Tu és a Minha Vida, Casa Publicadora Brasileira (CPB).



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