domingo, 26 de junho de 2011

NA COMIDA, O POTENCIAL PARA O VÍCIO



       Em 1976 tive a oportunidade de participar da delegação brasileira ao II Congresso Mundial da Comissão Internacional para a Prevenção do Alcoolismo e Dependência de Drogas, em Acapulco, México.
Entre as várias teses apresentadas, mereceu destaque, como registei em reportagem para Mocidade, as "conclusões da Dra. Patrícia Mutch, catedrática de Nutrição da Universidade Andrews, Estados Unidos, segundo as quais o regime alimentar dos norte-americanos, com excesso de produtos refinados, perverte o apetite e induz ao desejo de consumir álcool". - Acapulco, México - Um Congresso Para Vencer o Álcool, Op. Cit., Fevereiro de 1977, pág. 8.

       O tipo de alimentação servido nos "fast food restaurants" (restaurantes de refeições rápidas), tão comuns na paisagem urbana americana, sempre foi denunciado por pessoas conscienciosas e preocupadas com a boa alimentação que a apelidaram "junk food" (comida-refugo). Denunciam sobretudo o excesso de açúcar, sal, colesterol, gorduras saturadas, etc., que caracteriza tais refeições expressas. E para piorar a situação, os hamburguers, tostas e fritos fornecidos nesses estabelecimentos populares (que já estendem os seus tentáculos expansionistas em filiais por outras terras, inclusive a nossa) são geralmente regados a refrigerantes carregados de elementos químicos artificiais e generosas porções de açúcar refinado.

       A tese da Dra. Patrícia Mutch teve plena confirmação por parte da nutricionista brasileira, Maria Tereza Vasques, professora dessa especialidade na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo as suas palavras, registadas no semanário Manchete:
"A sociedade americana, campeã da competição do fast food, é também a campeã de doenças do aparelho digestivo, que vão desde uma simples prisão de ventre ou hemorróidas até diverticulites e vários tipos de cancro. Boa parte dessas doenças poderia ser evitada se as pessoas comessem celulose, que activa o peristaltismo intestinal e é encontrada nas fibras vegetais. Um sumo de laranja batido com a polpa já ajudaria bastante."

       Mas essas doenças comuns não são resultantes únicas dos hábitos alimentares do tipo popular americano. A nutricionista Patrícia (não confundir com a Patrícia americana) explica que o potencial para a dependência de álcool ou drogas "está presente na vida de qualquer pessoa que tenha no seu menu diário - e quase todas têm - o inimigo número um do organimo humano: açúcares de cadeia curta, monossacarídeos ou dissacarídeos" que "dão uma energia imediata, pois entram rapidamente na circulação sanguínea".

Falando do papel dos "açúcares de cadeia longa"(o amido), preferíveis, ela explica:
"Como estes polissacarídeos demoram mais a serem sintetizados, as células acostumam-se à energia fácil dos açúcares de cadeia curta e, com a sua estrutura bioquímica alterada, não conseguem mais tirar energia dos outros alimentos. Esse processo de dependência leva as células a procurarem um tipo de energia cada vez mais rápido, que pode ser encontrado ainda noutros elementos energizantes chamados de primeira geração, como os alcalóides (chá-preto, chocolate, guaraná em pó, refrigerantes de sabor cola e qualquer outra coisa que contenha cafeína) ou bebidas alcoólicas fermentadas (cerveja e vinho). A fonte de energia mais rápida e mais prejudicial ao corpo humano está nos energizantes de segunda geração, que são as bebidas destiladas (uísque, cachaça, vodca, etc.) e nas drogas pesadas como a cocaína.

       Adverte a nutricionista que devido ao regime alimentar errado, uma criança "é condicionada desde o útero materno a comer doces, chocolate, a tomar coca-cola. Os óvulos da mãe já podem trazer mitocôndrias alteradas, e essa herança familiar é muito forte". Tal condicionamento pode gerar mais tarde o apetite para álcool e drogas, é a sua conclusão.
Como é quase impossível fugir dos "açúcares (energizantes) de cadeia curta" no regime alimentar e no estilo de vida urbano moderno, Maria Tereza Vasques explica que eles "podem até continuar presentes na rotina alimentar, desde que se consiga equilibrar o seu consumo com o dos alimentos protectores, que são todos os vegetais, raízes, caules, sementes, frutas, leite e derivados."

       Aliada a uma professora de educação física, Daysi Pereira, a nutricionista desenvolveu um programa de recuperação de viciados baseado numa dieta "à base de cereais, frutas, verduras e legumes". ... Ela também faz sérias críticas a certas clínicas de recuperação de viciados que apenas trocam dependência: "Desintoxicam o doente com remédios e depois o viciam em calmantes ou açúcar. Enchem os alcoólicos de açúcar, e 30% saem das clínicas diabéticos." - "Drogas, Uma Nutricionista Brasileira Propõe a Cura Pela Alimentação", Alexandre Kacelnik, Op. Cit., 28/2/87.

Azenilto G. Brito in O DESAFIO DAS DROGAS - Como Vencê-lo



«Há alguns anos na Universidade de Loma Linda, foram feitas algumas experiências com animais de laboratório. Organizaram dois grupos de ratos. «O grupo A passou a usar a alimentação vulgar do adolescente, encontrada nos snaks-bars, ou seja, rica em gordura e em açúcares, com pouca ou nenhuma fibra.
«O grupo B foi alimentado com cereais integrais, frutas e verduras, conforme a aceitação dos ratos.

«O que acontece quando se ingere alimentos do tipo daqueles que os ratos do grupo A receberam? São alimentos refinados e portanto muito concentrados, com muita gordura, que dificultam o trabalho das enzimas do aparelho digestivo que não serão suficientes para digerir, rapidamente e eficientemente, esses alimentos.
«O açúcar, por exemplo, não pode ser absorvido para o interior da circulação na forma como chega ao estômago. O açúcar é um composto formado pela união da glicose com a frutose. Somente após a separação dessas duas moléculas se processa a absorção.
Como o processo digestivo não está funcionando bem devido ao tipo de alimento, o açúcar demora a ser digerido e sob a acção das bactérias intestinais é transformado em substâncias do tipo acetona, aldeídos, álcool e ácido acético (vinagre). Aí está um facto importante. Você pensa nunca ter ingerido álcool, mas esse é formado no processo digestivo quando o alimento for fritos, sanduíches, refrigerantes, doces, etc.
«Essas substâncias prejudiciais entram na corrente sanguínea e circulam até ao cérebro. Como consequência, uma ou duas horas depois, vem o mal estar. Há uma sensação de torpor, cansaço e tonturas, etc., resultantes dessas substâncias químicas formadas através da fermentação.

«Voltando aos ratos: após algum tempo de vida com essa alimentação, foi colocado diante dos dois grupos a oportunidade de escolher dois tipos de bebida: álcool e água. O grupo B, que recebera alimentação integral e natural, optou somente por água. O álcool não lhes interessou. Mas os ratos do grupo A, com refeições à base de alimentos refinados e com alta concentração de calorias, preferiram beber álcool em vez de água.
«É possível que nenhuma mãe desejasse que os seus filhos viessem a ser dependentes do álcool, de drogas ou de outro vício qualquer. Mas, inconscientemente, no dia a dia da sua alimentação, pode ser gerado no jovem a sede por bebidas e substâncias fortes e estimulantes. E sabemos que uma coisa atrai a outra. Uma dependência por determinado produto atrai outro mais forte e poderoso em seus efeitos.»
Sang Lee, médico especialista em Medicina Interna e Alergologia in LIBERTE-SE!


sexta-feira, 17 de junho de 2011

ENCONTRO COM O DEUS DA CRIAÇÃO



Busquei Deus.

Andei por colinas, desertos vazios e estéreis.
Explorei buliçosas cidades, percorri congestionadas estradas.
Procurei, mas não consegui encontrá-l'O.
Em aflição gritei pelo Seu nome!

E então a Sua reconfortante presença encheu-me o coração subjugado.


"Querida filha", sussurrou Ele, "estou mais perto de ti do que imaginas;
as coisas que Eu criei têm o propósito de to mostrar.


À noite, os Meus braços circundam-te no esplendor dos astros:
Arcturus, Saturno, Júpiter, as Plêiades, Sirius, Orion...
Sou Eu que guio os peixes até às praias, o pardal ao seu ninho
e guardo a beleza das pedras preciosas no Meu cofre.
Há seis mil anos, fixei a órbita do Sol, preparei as águias para o voo
e ensinei o leopardo a correr.

Eu sabia que o chimpanzé te divertiria com as suas momices
e que Me encontrarias nas brincadeiras dos golfinhos.

Durante anos, com o maná, sustentei uma nação. Livrei-a das pragas.
Abriguei o fugitivo Jonas no ventre de um grande peixe.
Dei forças a Sansão para brandir uma queixada de um jumento.
Enviei um corvo a Elias e um abrigo para a aflição de David.
O óleo para a viúva e uma rede de pesca na Galiléia
para os Meus discípulos labutarem.

Tu não podes cavalgar um cometa que se projecta no espaço.
Não podes fazer desaparecer nenhum misterioso buraco negro do céu.
Não consegues desenhar nenhuma das iridescentes asas de uma só borboleta
nem segurar nas tuas mãos uma montanha para lhe modificar o tamanho.

Não podes apagar o Sol ou esconder o fulgor da Lua cheia,
construir uma colmeia, tingir uma rosa ou fazer crescer uma espiga.
Mas podes caminhar ao Meu lado, ouvir a Minha voz e segurar a Minha mão.

E enquanto caminhamos juntos, tu e Eu, entenderás melhor o Meu amor por ti
em cada violeta que desabrocha aos teus pés,
no leque opalescente do pavão, no débil balido de um cordeiro."


Assim falou o Arquitecto da criação, quando separei tempo para orar.
Aprendi que Ele espera por mim no início de cada novo dia.

Achei-O!


Sim, achei-O na frescura do orvalho, num bálsamo curativo,
no azul do céu sem nuvens ao meio-dia.
Achei-O no crepúsculo.
Observei os Seus dedos que pintavam o céu com infindáveis opções de cores.
Os vivos matizes e as cores que se transformam deixam-me sem fôlego:
vejo o carmesim, o amarelo, o rosa, o ouro, passarem lentamente para o cinza.

Sinto a Sua mão em suaves brisas que me acariciam o rosto.
Encontro-O no gorjeio de um pássaro, no branco e puro lírio,
no raio de luar sobre o meu travesseiro no sossego da noite...

E assim, toda a vez que O busco ajoelhada em oração, sinto o bater do meu coração
e reconheço, feliz, que estou sob os Seus cuidados!


"Buscar-Me-eis e Me achareis, quando Me buscardes
de todo o vosso coração."
Jeremias 29:13

Lorraine Hudgins




RESPEITAR  E  COLABORAR  NA  PRESERVAÇÃO  
DA  CRIAÇÃO  DE  DEUS  
É  UM  PRAZER  E  O  DEVER  DE  CADA  UM  DE  NÓS

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O ÚLTIMO BRINQUEDO


Lembro-me perfeitamente do último brinquedo que os meus pais me compraram: uma enorme nave espacial do então popularíssimo He-Man, herói loiro e musculado que ao lado da bombástica She-Ra (sua irmã gémea) combatia as forças do malvado Skeletor. Eu já tinha uma vasta parafernália de bonecos, incluindo o castelo Grayskull e o tigre verde que He-Man cavalgava nas batalhas, mas a nave espacial era a cereja em cima do bolo, longamente desejada.
Namorei-a durante tanto tenpo que quando chegou a altura de a comprar devia ter uns 14 ou 15 anos, e portanto já estava na idade em que era suposto gostar mais das minhas colegas de carne e osso do que de brinquedos de plástico... Resultado: a nave espacial foi comprada meio às escondidas, num misto de desejo e de vergonha, e jamais falei dela aos meus amigos - seria uma brecha infantil no muro do 'já não sou criança' que naquela altura tanto trabalho dava a pôr de pé.
Durante anos e anos, os brinquedos haviam sido uma fonte de perpétua felicidade. Achava impensável que um dia pudesse deixar de gostar deles: eu não iria ser como os outros, viveria até ser velho rodeado de fortes e naves espaciais, em batalhas épicas onde os maus tinham sempre mortes de curta duração - logo voltavam, mais malévolos e terríveis, disponíveis para vender cara a pele na próxima (e inevitável) derrota.
Todas estas memórias regressaram há 15 dias quando fui ao cinema com os meus filhos ver o maravilhoso Toy Story 3, um filme que parece que é para eles mas que é em primeiro lugar para nós, os adultos, eternos nostálgicos da nossa infância.
Adivinhem quem estava a limpar os olhos no final? Não eram eles, não - o momento em que Andy entrega os seus melhores brinquedos a uma nova criança é uma das cenas mais comoventes de toda a história do cinema de animação.
E é comovente porque nós nos revemos nela, porque quando temos filhos essa cena acontece em cada uma das nosssas casas. O Tomás hoje em dia dá nova vida aos meus índios e cowboys, aos gladiadores já sem tinta e aos carros com que fiz notáveis corridas entre as pernas das cadeiras da minha sala. Nas suas pequenas mãos, os meus velhos brinquedos ganham uma nova vida. Por isso, na próxima visita a Portalegre acho que vou mergulhar no sótão à procura da nave espacial do He-Man. Conheço a pessoa certa para a pôr a voar outra vez.

João Miguel Tavares - Jornalista
Ilustração de José Carlos Fernandes



UM TEMPO PARA SI

Ele era um jovem casado, pai de um filho de seis anos. Ao olhar para o futuro, queria ser capaz de dar à sua família mais do que aquilo que o seu actual trabalho e salário permitiam. Por isso, começou a sua própria empresa.
Ser propretário de uma empresa pode parecer empolgante, mas a maioria das pessoas não compreende o tremendo dispêndio de tempo que um negócio implica. Deu por si a trabalhar doze, catorze e até dezasseis horas por dia, sete dias por semana. Essa situação prolongou-se durante meses. Como era de esperar, um horário desses reflectiu-se na sua família.
Um dia, estava este jovem empresário no trabalho, quando deu por falta de um papel de que precisava com muita urgência. Tinha-o deixado em casa. Assim, durante a hora do almoço, foi buscá-lo. Subiu as escadas a correr, foi ao quarto, agarrou no documento, e voltou a descer, sempre a correr. Já ia a meio da sala de jantar quando o seu filho o viu. O menino já não estava com o pai há semanas, uma vez que, quando acordava, já ele tinha saído e, quando o pai regressava a casa, já ele estava a dormir.
"Papá, papá", gritou o menino a correr para ele. "Fica comigo!" Agarrado à perna do pai, recusava-se a deixá-lo partir. Não conseguindo livrar-se do filho, o pai ajoelhou-se e deu-lhe um abraço.
O sétimo aniversário do filho seria em breve, por isso disse-lhe: "Agora tenho de ir para o trabalho, mas volto já. Está quase a chegar o teu dia de anos. O que queres que te dê? Diz-me que eu compro. O que tu quiseres!"
O menino respondeu: "Quero-te a ti, Papá."
"Mas tu tens-me", respondeu. "Diz-me só o que tu queres para os teus anos e eu compro-te, se me deixares voltar para o trabalho agora. Queres um jogo de vídeo, um cãozinho ou um combóio eléctrico? O que é que tu queres?"
"Só te quero a ti. Quero que passes o dia comigo, Papá."
Foi então que ele percebeu que tinha de fazer mudanças drásticas na sua vida. Tomou consciência de que tinha tentado comprar o seu filho com coisas, quando tudo o que ele queria, realmente, era o tempo do seu pai. O seu filho queria mais passar tempo com o pai do que qualquer outra coisa.


Mike Tucker in Um Tempo Para Si



«BRINQUEDOS SEM AMOR»

(Tempo e Presença)

«NÃO PRESTAM!»


Alexandre Correia