domingo, 12 de agosto de 2012

ACONSELHAMENTO JUVENIL


"Se Deus Não Precisasse De Ti
Não Te Teria Criado!"


"Acho que estou a tornar-me muito egocêntrica. Só estou bem se tiver toda a gente à minha volta. Muitas vezes falo sem parar e faço palhaçadas somente para chamar a atenção. No entanto, não me sinto feliz, pois é só fachada. O que devo fazer para ter uma atitude mais positiva e verdadeira?" A.S.
Querida A. S.

       Muito obrigado pela tua pergunta. Não é fácil reconhecer que podemos ter um problema, especialmente um problema relacionado com o nosso carácter. O egocentrismo, infelizmente, é um problema muito sério e que afecta muitas pessoas, principalmente jovens adolescentes.
       Lembro-me que na escola onde eu trabalhava como conselheiro escolar havia um rapaz que estava constantemente a meter-se em problemas. Ele não era mau, violento, ou desrespeitoso, simplesmente ele estava sempre a fazer o que podia para que a atenção da classe recaísse sobre ele. Ele estava constantemente a dizer piadas, constantemente a atrasar-se na entrega dos seus trabalhos. Ele queria ter uma posição de evidência dentro da classe! Enfim, tudo o que fazia era apenas para chamar a atenção das outras pessoas.
       Alertado pelos seus professores, eu chamei-o ao meu gabinete. Aí nós conversámos e decidimos que uma vez por semana nos íamos reunir no meu gabinete. Também lhe dei a oportunidade de que sempre que quisesse, poderia vir ter comigo para conversarmos. E com o passar do tempo, a atitude dele começou a mudar. Tornou-se mais calmo, menos espalhafatoso. Começou a melhorar as suas notas e começou a ser notado, mas desta vez pela positiva, porque ele estava realmente a tornar-se um bom aluno. Quando lhe perguntámos qual a razão desta mudança, respondeu simplesmente que foi porque alguém se interessou por ele e lhe deu tempo de qualidade.
       Minha querida, não sei qual a razão que te leva a tornares-te egocêntrica, mas o egocentrismo normalmente é apenas o sintoma de uma doença maior e essa doença pode ter que ver com a necessidade que temos de atenção. Nós não nascemos egocêntricos. Nós escolhemos inconscientemente tornar-nos egocêntricos, pois é a nossa forma de dizer ao mundo que existimos e que queremos um pouco de amor, de interesse por nós.
       Não sei como é o relacionamento que tens com os teus pais. Não sei se eles trabalham muito e não passam tempo suficiente contigo como tu gostarias, mas sei que isso pode ser o que estejas a sentir e inconscientemente tu estás a pedir que eles te deem mais tempo das suas vidas. Também pode ser que precises de atenção da parte de outra pessoa. Não sei, isso só tu o saberás. Mas a realidade é apenas uma: neste momento estás a comportar-te de uma maneira que não reflecte quem tu és pois também esse tipo de comportamento não te satisfaz.

       Perguntas como podes parar e deixar de ser egocêntrica e passares a ter uma atitude mais positiva. Vou dar-te algumas ideias:

1. Acredita fortemente que: quer tenhas um milhão de pessoas que gostam de ti ou apenas uma, tu continuas a ser uma pessoa muito especial. Lembra-te que em todo o mundo não existe mais ninguém igual a ti. Tu és única, diferente de qualquer outro, e como tal, muito, muito especial!!!

2. Fala com os teus pais. Diz-lhes que gostarias de passar mais tempo e também de qualidade, com eles. Tempo de qualidade significa que a atenção deles está completamente concentrada em ti, e no que te diz respeito, durante um determinado período de tempo. Podes não acreditar, mas isso vai, sem dúvida, ajudar a preencher o vazio que estás a sentir.

3. Finalmente, procura evidenciar-te pela positiva. Não sendo o palhacinho da turma, mas sendo uma boa estudante! Isso vai-te fazer sentir muito orgulhosa de ti própria. Claro que isto são apenas algumas ideias. O mais importante é que entendas que o egocentrismo é sintoma de um problema mais profundo, e que se tu atacares o problema, o sintoma desaparecerá por si próprio.


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"Gosto muito de conhecer novas pessoas. No entanto, tenho dois problemas: tenho receio de iniciar conversas com novas pessoas, com medo de que pensem que me estou a meter com elas e, às vezes, não digo o que penso, mas penso no que digo, para me adaptar a quem me está a ouvir. E assim não mostro quem sou. O que posso fazer para mudar?" B. L.
Amigo B.L.

       Ainda bem que escreveste sobre este assunto pois eu também gosto de conhecer outras pessoas, e tal como tu, tenho o problema de na maior parte das vezes não saber o que dizer. Fico retraído, envergonhado, pensando no que irei dizer a seguir para evitar ser rejeitado. Só que o problema, meu amigo, é que a rejeição é uma constante da vida. Haverá sempre alguém que nos rejeitará, e haverá sempre alguém a quem nós rejeitaremos. É um facto que, ou aceitamos como realidade, ou continuamos a enganar-nos a nós próprios, procurando ser quem não somos, em busca de nunca experimentar o sentimento de ser rejeitado.

Perguntas o que podes fazer para mudar. Deixa-me então dar-te algumas sugestões:

1. Descobrir quem és. Quando vives procurando pôr uma capa para agradares a outros, chegas a um ponto em que perdes a tua identidade, deixas de saber quem és. É importante que tomes tempo para te redescobrires. Se dizes que gostas do azul, pergunta-te porque é que gostas do azul. Se gostas de determinado tipo de música, ou de vestir de determinada maneira, descobre porque é que o fazes. O saberes porque fazes alguma coisa de determinada maneira, aumentará a confiança em ti mesmo.

2. Permite-te aceitares quem tu és. Depois de descobrires quem és, não tenhas medo de te aceitares dessa maneira. Afirma-te como sendo a pessoa que gosta do azul, que ouve certo estilo de música, que veste de certa maneira. Aprende a admirar-te! Ao aceitares quem és, estás a dar um passo muito grande na tua auto-afirmação como pessoa.

3. Finalmente, atreve-te a mostrares quem realmente és. Eu quero que os meus amigos gostem de mim, não pelo que eu tento ser na presença deles, mas pelo que sou quando eles não estão presentes. A verdadeira pessoa que eu sou, a verdadeira pessoa que tu és! Ao mostrares quem tu realmente és, não só irradias confiança em ti mesmo, mas atrais as pessoas para ti, pois melhor é estar com quem conhecemos do que com quem pensamos que conhecemos.

       Parece-me pela tua pergunta que tens uma personalidade em que procuras satisfazer aos outros a fim de que eles te aceitem. Satisfazer aos outros não tem nada de mal, mas quando isso afecta quem nós somos, então começa a haver alguns problemas. Nunca tenhas medo de ser rejeitado pois podes acreditar que os outros têm mais a perder rejeitando-te do que tu tens ao não seres aceite por eles.


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"Tenho uma amiga escuteira, que está sempre a dizer-me que tenho a responsabilidade de amar a Deus, os outros e a natureza. Às vezes, até me faz sentir culpada por não sentir a mesma vontade..."
Minha querida amiga

       Obrigado pela tua pergunta. Imagino que por vezes não é facil manter uma amizade onde uma das partes (a tua amiga) não respeita a liberdade de escolha da outra parte (tu).
       Ninguém deve amar por imposição!!! Não é por me dizerem para amar uma determinada pessoa que eu a vou amar. O amor é uma escolha, e essa escolha é baseada no conhecimento que temos do objecto em questão (Deus, outra pessoa, a natureza). Eu não amo a minha esposa porque me mandam amá-la. Eu amo-a porque eu assim escolhi fazê-lo. E porque eu decidi amá-la, então estou mais apto e preparado para a amar nos bons e nos maus momentos.
       Claro que quando a conheci, eu não a amava. Éramos simplesmente amigos. Mas com o passar do tempo, e porque nos fomos conhecendo cada vez mais, eu cheguei à conclusão que os meus sentimentos por ela estavam a mudar de uma simples amizade para sentimentos mais profundos. Eu podia ter parado por aí, mas eu decidi continuar a alimentar esses sentimentos de amor por ela. E hoje em dia, depois de mais de 10 anos de casados, cada dia decido amar a minha esposa como nunca a amei antes.
       No fundo, amar, é uma decisão que eu tomo, não é uma decisão que alguém me obriga a tomar. Quando amares alguém porque sentes a responsabilidade de o fazer, então, deixa-me dizer-te que o teu 'amor' não é sustentado pelo conhecimento que tens dessa pessoa, mas sim pelo medo que tens dessa pessoa. Quando isso acontece, perdemos uma das maiores liberdades que desfrutamos como seres humanos: a liberdade de escolha! E se até mesmo Deus nos dá a liberdade de O amar ou não, então ninguém tem o direito de nos tirar essa liberdade.

       Deixa-me focar um outro ponto na tua pergunta: a atitude da tua amiga. Quando eu era mais jovem, sempre que recebia um presente, sentia um desejo enorme de contar aos meus amigos sobre o novo presente que tinha recebido. Por vezes os meus amigos interessavam-se pelo que eu tinha a contar, mas por vezes eles não se interessavam. No entanto eu estava tão entusiasmado com o meu presente que não notava a atitude desinteressada deles.
Talvez a tua amiga, através dos escuteiros, tenha descoberto a amar a Deus, os outros e a natureza, e então, depois dessa descoberta, sente-se tão contente que deseja partilhar essa alegria com os seus amigos, tu incluída. Infelizmente, talvez, ela não esteja a perceber a pressão e o conflito que está a criar em ti.
É por isso importante que consigas comunicar com ela de uma maneira saudável. Se tu estás interessada em amar a Deus, pergunta-lhe a ela porque ela ama a Deus? O que fez para amar a Deus? Quem lhe ensinou sobre Deus? Etc. Se queres conhecer mais sobre a natureza, pede-lhe que te explique o que é que ela vê na natureza que a estimula assim tanto ao ponto de dizer que ama a natureza? E o mesmo podes fazer em relação às pessoas.
       Agora, se não estás interessada em entender como surgiu o amor que ela sente por Deus ou por outras pessoas ou pela natureza, então o melhor é seres honesta com ela, e dizeres-lhe francamente que gostas muito da sua amizade, que a respeitas muito, e que respeitas as crenças e decisões dela, mas como não estás interessada nisso, gostarias que ela também te respeitasse, e como tal parasse de colocar pressão sobre ti.
       E para terminar... Sei que o que te estou a sugerir não é nada fácil, e também sei que possivelmente tens medo de ferir os seus sentimentos, mas acredita que uma verdadeira amizade nunca acaba quando há honestidade e respeito de ambas as partes.


Roger Esteves, Conselheiro e Pastor de 2 Igrejas Adventistas de língua inglesa no Canadá. Fez Teologia em França e os Mestrados de Aconselhamento Escolar e Comunitário/Família nos EUA (pode ver em - Campus Adventiste du Saléve e Southern Adventist University - Links 3I). Tem colaborado com a Revista Juvenil - Zona Y - da Publicadora SerVir. (clique nas imagens)


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