quarta-feira, 24 de agosto de 2016

"Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé. Lucas 17:5."

"Eles enfrentaram anos de prisão, isolamento e até mesmo de grande brutalidade. Mas os rostos que emergiram de 'algum lugar no Líbano' não eram bem aquilo que se esperava ver. Eles não pareciam abatidos pela longa provação pela qual passaram como reféns. Os seus largos sorrisos e riso fácil dizia algo totalmente diferente. ...
O que é que manteve Terry Anderson durante os 2455 dias de cativeiro? Ele disse que foi a Bíblia e a fotografia da filha recém-nascida, a quem nunca tinha visto. No cativeiro, ele redescobriu a sua fé.
O refém Benjamim Weir olhou à volta da sua cela, um dia, e notou 3 fios descarnados pendurados no teto. Por algumas razões, aqueles fios sugeriam os dedos de Deus estendidos num dos frescos de Miguel Ângelo, na Capela Sistina. Weir relembra: 'Aquilo tornou-se para mim uma representação da mão sustentadora e providencial de Deus.' ..." Mark Finley in Sobre a Rocha.

Estimado Amigo/a, não perca estas Conferências Públicas de 4 a 10 de OUTUBRO que lhe trarão, com toda a certeza, Pérolas Preciosas retiradas da Palavra de Deus - A ÚNICA DE CONFIANÇA E INFALÍVEL!!! Um abraço amigo, Edite Esteves.

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DIA DO ARTISTA
Diálogo com um Escultor Adventista - ALAN COLLINS


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Nos seus anos de serviço para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, através da sua arte, o escultor britânico Alan Collins tem frequentemente se tornado um nome familiar. Ele tem se comunicado com o público, deplorando toda a forma de pretensão e modismos. Uma pessoa solitária por natureza, Alan não luta por conquistas. No entanto, ele não é nenhum asceta, pois possui uma cálida personalidade e um vivo e peculiar senso de humor.
Enquanto que relutante em avaliar-se a si mesmo, Alan espera que seu trabalho reflita "percepção, reflexão, criatividade, atenção aos detalhes e consideração pelos sentimentos das outras pessoas." Nunca um plagiador, qualquer coisa de sua criação que ele sinta ter visto em algum lugar antes, dá-lhe pouca satisfação.


- O senhor lembra-se da 1ª vez em que percebeu que podia fazer algo fora do comum com as suas mãos?
       Creio que quando ainda criança na escola primária. Eu tinha a habilidade para cortar as coisas com arte e moldá-las com uma tesoura. Uma vez o professor teve a ideia de que metades de cascas de ovos, se cuidadosamente aparadas nas beiradas, poderiam servir como interessantes abajurs de brinquedo. E parecia que eu era o único da classe que conseguia fazer isso corretamente.

- Os adultos em sua vida continuaram a encorajar os seus talentos?
       Felizmente sim. O meu professor de artes no 2º grau, por treino um ourives, deu-me uma experiência tridimensional em arte volumétrica. Um dia, na escola de artes, modelei um pássaro de barro num galho de árvore, em atitude de voo. Agradou-me ouvir um professor dizer para outro: "Há um toque artístico nesta peça." Meu professor de escultura tinha sido aluno de Henry Moore, e assim fui colocado também sob sua influência.

- Os seus pais concordaram com sua escolha profissional?
       Meu pai tentou interessar-me pela carreira bancária. Contudo, alegremente, eu ficava acordado até tarde da noite preparando desenhos dos deveres escolares, e ele podia ver facilmente meu tédio diante dos trabalhos que ele trazia do escritório e estendia sobre a mesa para atrair minha atenção. Assim ele teve suficiente visão para permitir que eu seguisse meu próprio caminho.

- Quais foram as recompensas de sua longa carreira como professor?
       Eu sempre apreciei observar os estudantes despertarem para a beleza daquilo que eles estavam criando. Saboreava o momento em que eles percebiam o prazer de modelar formas, organizar cores e descobrir a harmonia dos elementos do desenho.

- Partilhar os momentos da descoberta?
       Precisamente. Então, pode-se, também partilhar alguns aspetos da fé com algum aluno que possivelmente está enfrentando dúvidas e tentando sobreviver a um período de questionamento. Ser capaz de confirmar alguém na fé - isto é algo de que realmente sinto falta quando não estou ensinando.

- Que conselho o senhor daria a um criativo jovem adventista do sétimo dia que tenha terminado a faculdade e espera fazer carreira na arte?
       A habilidade de desenhar bem, certamente é basica para todo o trabalho de arte. Depois disto, decida em que área da arte você se ajusta melhor - artes finas, pintura, escultura, impressão, ou desenho gráfico. Depois treine mais na técnica... Os problemas relacionados com o estilo de vida geralmente não são uma questão de maior importância. O trabalho privado num estúdio isola a pessoa de muito contato com o mundo. A influência de um cristão adventista, mesmo quando ele ou ela não está envolvido/a socialmente, será sentida de igual forma através da sua arte.


- É o prazer em seu trabalho proporcional à satisfação que outras pessoas tiram dele?
       Certamente eu tenho desfrutado de algumas coisas feitas apenas para mim mesmo, e quando outras pessoas reconhecem e respondem ao meu trabalho, isso traz-me deleite. Mas o cliente deve ficar satisfeito.

- De todas as suas obras, qual a sua favorita?
       Humm... Há algumas que ainda me dão prazer quando volto a vê-las depois de anos, apesar dos efeitos do tempo e das estações.

- Onde e quando aconteceu o seu momento mais difícil?
       Em Saltdean, na costa sul da Inglaterra. Ali esculpi a figura de Santo Nicolau, santo patrono dos marinheiros. Quase dois metros de altura em baixo relevo, com uma grande quantidade de pedra a ser retirada. Trabalhando até às 10 horas da noite, a escultura ficou completa em dez dias.

- As pessoas criativas são frequentemente estereotipadas como sendo impacientes. Pensamos no artista enfurecido num acesso temperamental. Que diz?
       Isso não faz nenhum sentido. Você não joga suas ferramentas no chão e diz: "Ah, não farei mais isto. Toma muito tempo." Não, nunca! Você deve ser paciente. Mas uma certa dose de impaciência leva a perseverar na tarefa. Como um escultor frequentemente fico impaciente para ver como a ideia sairá esculpida da pedra.

- O senhor recentemente retomou à atividade independente. Foi isto amedrontador?
       Bem, sim. Foi a mudança de uma condição com renda assegurada como professor. Na Inglaterra eu abandonei dois cargos de professor. Na medida em que o caderno de encomendas ficou cheio, eu gradualmente levantei um pé da plataforma de apoio e o coloquei tentativamente no trabalho solicitado. Quando vi que isto poderia sustentar o meu peso, suspendi o outro pé. Agora tenho encomendas multiplicando-se o suficiente para retirar-me antecipadamente do ensino.

- Descreva um dia típico de seu trabalho.
       É difícil mas é muito necessário manter um estrito número de horas no estúdio. Tenho que conservar minha cabeça voltada para o trabalho, para mantê-la em movimento. Há pequenas tarefas a serem executadas, correspondência, compras de material, contabilidade pessoal, e assim por diante. Costumo ser noturno, trabalhando até tarde da noite. Meu ritmo de trabalho agora está mudado, e tiro uma pequena soneca no meio da tarde, um grande restaurador de energia.

- Quanto tempo pode tomar uma escultura de maior importância?
       De nove meses a um ano. Não tivesse tido nenhuma outra coisa para fazer, poderia ter esculpido as quatro figuras do grupo "O Bom Samaritano", na Universidade de Medicina de Loma Linda, em um ano. Provavelmente necessitarei de um ano para a peça proposta pela Universidade de Andrews e dois para o grupo "Os Atalaias", de nove figuras.


- O senhor tem algum hobby?
       Creio que não. Mas, enquanto trabalho, gosto de ouvir música clássica especialmente Mozart.

- Quando o senhor tem um feriado, o que mais provavelmente faz?
       Oh, ir a museus de arte - muitos deles. E, naturalmente, ver esculturas públicas. Tirando isso, eu sempre desfruto a vida na praia - o lugar de encontro entre a terra e o mar. Gosto de observar as formas das ondas que se quebram, o voo de pássaros... e sentir o movimento do ar.

- Por que o senhor tem tido sucesso?
       (Risadas) Porque eu sempre tentei fazer o meu melhor.

- Então, a perseverança, o senhor diria, é essencial?
       Muitos artistas têm sido de tal modo persistentes a ponto de serem um pouco malucos. Mas não se deve exagerar. Ao contrário, demonstre entusiasmo pelo seu trabalho e o desejo de ajustar-se às necessidades do cliente. O princípio bíblico do desenvolvimento dos talentos aplica-se aqui. Nunca devolva a Deus o seu talento não utilizado. Mesmo em tempos difíceis, há trabalho para quem pratica a diligência.

- O senhor frequentemente colabora com outros artistas?
       Sim, tenho sempre feito isso com prazer. Discordo de artistas que pensam que o trabalho deles está no centro do universo, e que a opinião de qualquer outra pessoa deve ser desprezada. A oportunidade vem com a pergunta: "Você estaria disposto a colaborar com outro grupo de artistas, com um músico, ou um poeta?" Ascetismo pode ser perigoso.

- Como o senhor se relaciona com o fracasso, o momento em que percebe que sua obra não saiu como havia sido idealizada?
       Bem, uma ocasião fui levado a uma mal sucedida técnica com uso de bronze, a qual abandonei. Uma outra vez a madeira vermelha que utilizava partiu-se e tive que desistir.

- Depois de um episódio assim, como o senhor se cura emocionalmente?
       Realmente tenho dificuldade em aceitar o fracasso em mim. É a analogia a uma corrente, eu imagino. Quando alguém demonstra um elo fraco, é sempre um pouco embaraçoso.

- O senhor é um perfecionista?
       Oh, sim, certamente. Gostaria de ser mais espontâneo. Gostaria às vezes de afastar-me de algo sem desejar voltar, observar outra vez sem desejar revisar e remodelar. Contudo, gasto muito tempo em cada trabalho para torná-lo realmente compensador. Sempre desejo gastar muito tempo em cada peça - voltar na manhã seguinte, e ter uma nova visão dela.

- Em que ponto a arte e a fé se convergem?
       Humm... há arte sem fé. E há muita fé que não reconhece a arte. Nem todo o produto de um artista crente, contudo, necessita de ser acerca de doutrina. Simplesmente sendo criterioso em sua obra, você pode adaptar a ela o seu senso artístico e habilidade. E além disso, fé em Deus e em Sua criatividade significa que o próprio artista deve ser um inovador, não um plagiador.

- Quais têm sido as coisas mais importantes em sua vida de artista cristão? Além de pedras esculpidas ou de uma figura em bronze, qual será o seu legado?
       Espero que haja um senso de bondade acerca de minha obra - a forma adequada ao seu contexto. E então desejo que aqueles para quem fiz tal trabalho o aceitem e desfrutem-no.


O CURRÍCULO DE ALAN COLLINS

Nascimento: Nasceu em 15 de agosto de 1928, filho de William Robert Collins, funcionário bancário e sua esposa, Edith, em Beddington, Surrey, Inglaterra.
Educação: Wimbledon College of Art, seguido por um período de três anos no Royal College of Art (Londres). Graduou-se em 1951.
Serviço Militar: Serviu em tempo de paz ao Exército Britânico, de 1946-1948.
Igreja: Cresceu como um cristão anglicano; tornou-se adventista do sétimo dia em 1947. Seus familiares foram membros da Igreja Adventista de Croydon, Surrey, Inglaterra.
Família: Casou-se com Jeanne Fuegi em 1954. Dois filhos: Marianne (1955) e Mark (1964). Tendo ficado viúvo, casou-se com Aliki Snow (1993), e agora reside em Salinas, Califórnia, E.U.A.
Filiações e honras: Eleito associado (1958) e depois membro da Royal Society of British Sculptors (1962).
Medalha de escultura Sir Otto Beitz (1964). Doutor honorário em Fine Arts, Andrews University (1988).
Membro: The International Sculpture Center, Washington, D.C.; Golden State Sculptor's Association.

Carreira Profissional:
Ensino:
-Inglaterra: Hertfordshire College of Art (1951-1958); Berkshire College of Art (1951-1959)
-Estados Unidos: Atlantic Union College (1968-1971); Andrews University (1971-1978); Loma Linda University (1978-1989)
Trabalho Independente: (1989 até o presente)
Apresentações em galerias através de Zantman Art Galleries, Carmel e Palm Desert, Califórnia, E.U.A.
Endereço do Artista: 17577 River Run Road; Salinas, CA 93908-1413, E.U.A.

ENTREVISTA POR Dorothy Minchin-Comm
Dorothy Michin-Comm (Ph.D., Universidade de Alberta) ensinou composição criativa e literatura inglesa na Jamaica, Canadá e Filipinas; desde 1970 leciona em La Sierra University, na Califórnia, E.U.A. Ela já publicou dez livros e numerosos artigos.

Texto da Revista Diálogo Universitário, Volume 5: nº2, 1993.


terça-feira, 26 de julho de 2016

Lições do TITANIC


               

       De vez em quando, o mundo é sacudido com a recordação da tragédia do Titanic.
       Após as recordações dramáticas vividas pelos que directamente viveram e relataram os factos, inúmeras tentativas foram feitas para encontrar os restos desse navio mítico (custando cada uma delas uma pequena fortuna) até que há bem poucos anos, finalmente, se deu a descoberta dos seus destroços, no fundo do Atlântico, a cerca de quatro mil metros.
       A partir daí, não mais se deixou de falar no caso. Ou porque se queriam tirar lucros financeiros da descoberta, ou porque os descendentes daqueles que perderam a vida no naufrágio achavam que a memória dos seus deveria ser deixada em paz, e que os restos do navio deveriam ser considerados "lugar sagrado" como tumba das vítimas mortais.
        Ultimamente o tema voltou à ribalta, desde que se produziu mais um filme sobre o assunto, filme esse que tem reunido à sua volta opiniões de grandeza tal que se está a tornar, ele próprio, num caso cinematográfico.
       Porém, a verdade é que ao longo destes quase noventa e seis anos, se tem vindo a confirmar que esta foi uma tragédia que podia ter sido evitada, não fora a insensatez e a vaidade humanas, que achavam ter feito uma obra tão perfeita que nada nem ninguém a poderia destruir. Nem o próprio Deus!
       Quer os tripulantes do Titanic, quer os dos outros navios que navegavam mais ou menos próximos, todos descansaram na certeza da "impossibilidade" deste barco se afundar.
       Todas as disposições tinham sido tomadas para esse fim.
       Eram quatro grandes compartimentos estanques e o barco poderia navegar com três deles inundados.
       Havia icebergs nas imediações? Que importância tinha isso? A prudência mandava que se diminuísse a velocidade do navio? Mas então como se provaria que ele seria capaz de fazer a travessia em tempo recorde? E além do mais para quê precauções? Ele não iria ao fundo!
       Só que o iceberg não sabia que aquele navio era insubmersível... e, por isso, rasgou os quatro compartimentos estanques. E a partir daí o Titanic não tinha salvação possível.
       Aliás, o desastre do Titanic começou a sua contagem decrescente, a partir do momento em que ao estabelecer os planos para a sua construção se formou na cabeça dos seus construtores e patrocinadores, a ideia de que ele era insubmergível. E isso custou a vida a mil, quinhentas e três pessoas.
       As vaidades humanas têm sempre um alto preço. O mais grave é que raramente são apenas os culpados os únicos a sofrer. Há sempre vítimas inocentes.
       Quando aprenderemos a lição do Titanic e de uma vez por todas reconheceremos as nossas limitações e nos colocaremos humildemente perante Deus, para que Ele nos guie?
       Meditando neste episódio, fazemos votos para que aprendamos, cada vez mais, a confiar no Deus que nos ama e dirige todas as coisas, e que nós costumamos dizer amar também.

       A Redacção


Mulheres e Crianças Primeiro

"Pensa bem! O Titanic! Um barco novo, maravilhoso, o barco dos sonhos! O Insubmergível! Vais estar lá na sua viagem inaugural!"
Ruth Becker sabia que o pai lhe dizia aquilo para a consolar, para a alegrar, já que não poderia acompanhá-los na viagem.
Estava-se em Fevereiro de 1912. Ruth Becker tinha doze anos e os seus pais, Allen e Nellie Becker, eram há quinze anos missionários adventistas na Índia. Agora a Sra. Becker e os seus três filhos preparavam-se para regressar aos Estados Unidos, mas o Sr. Becker não poderia acompanhá-los. O médico tinha-lhe recomendado repouso absoluto "durante algum tempo" lá nas montanhas da Índia, pois ele estava doente com uma grave erupção cutânea por todo o corpo.
"Não podemos esperar e ir mais tarde com o pai?" perguntou Ruth. E Marian, que tinha apenas quatro anos, acrescentou alegremente: "Vamos todos esperar pelo pai!"
"Não se esqueçam de que o médico disse que o pequeno Richard deve sair quanto antes do clima húmido da Índia. É por isso que temos de partir agora, pois não sabemos quando haverá novamente barco." Então voltando-se para o marido disse: "Há tanto tempo que esperamos ansiosos esta viagem de regresso a casa, que é um grande desapontamento não te termos connosco, querido."
"Coragem, meu amor!" disse ele, "A Ruth ajuda-te a cuidar da Marian e do Richard. Eu também em breve vou para casa."
Além de ter sido retido pela erupção na pele, o Sr. Becker queria ficar para terminar o seu período de trabalho.
"Vocês farão uma óptima viagem" continuou. "O navio de Bombaim para a Inglaterra é confortável. De lá vocês embarcarão no Titanic para Nova Yorque. Muitas pessoas vos vão invejar, porque nem todos os que queriam fazer a viagem inaugural do Titanic conseguiram lugar."
"Na verdade estou contente por irmos no Titanic", concordou ela "mas vai ser uma viagem muito triste sem a tua companhia". Marian, que ainda não tinha compreendido o porquê de tudo aquilo, começou a chorar...
"Porque é que o papá não pode vir com a gente? Porquê mamã, porquê? Eu quero o papá com a gente!" "Vamos. Não fiques triste" disse a Sra. Becker pegando-lhe ao colo.
"Nós não podemos realmente entender o porquê. Deus não nos está a dizer agora. Mas um dia havemos de compreender, vais ver."
Allen Becker não sabia o motivo, naquela ocasião, mas iria descobrir algumas semanas depois. No dia 18 de Abril receberia um telegrama que lhe mostraria a razão pela qual Deus o manteve por mais tempo na Índia.
Ruth, a mãe, a Marian e o bebé, partiram da Índia na data marcada. Ao chegar a Southampton, em Inglaterra, embarcaram no lindo e maravilhoso Titanic para fazerem a viagem através do Atlântico para Nova Yorque.
O Titanic tinha a bordo 2.207 passageiros e tripulantes registados ao iniciar a sua viagem naquela fria manhã de Primavera. Dizia-se que o navio era insubmergível. Acreditava-se que os compartimentos estanques com os quais fora dotado, impossibilitavam esse luxuoso navio de naufragar.
Mas na quinta noite de viagem, na fatídica noite de 14 de Abril, Ruth e a sua mãe foram acordadas, não por barulho, mas por um silêncio repentino. As gigantescas máquinas do Titanic tinham parado. Era quase meia-noite.
Então perceberam que se estava a passar alguma coisa estranha. Ouvia-se o barulho de pessoas nos corredores e no convés. Passos apressados seguidos pela voz do camaroteiro que batia na porta do seu camarote: "Toda a gente deve subir para o convés! Venham imediatamente!"
"Temos tempo para nos vestirmos?" perguntou a Sra. Becker. "Minha senhora" respondeu o camaroteiro "não há tempo para nada!"
E correu para o camarote ao lado. A Ruth e a mãe acordaram rapidamente as duas crianças, ajudaram-nas a calçar os sapatos e meias e a vestirem os casacos por cima dos pijamas. A Sra. Becker pegou então no seu dinheiro e desceram a correr as sete escadarias até ao convés superior.
Já se encontravam ali outros passageiros e havia mais gente a chegar; alguns já vestidos, outros apenas com roupões ou casacos a cobrir a roupa de dormir. Soprava um vento gélido, e havia gelo espalhado no convés.
Os passageiros não foram informados imediatamente sobre o que se passara, mas o gelo no convés só podia significar uma coisa: O Titanic tinha chocado com um iceberg! Este provocara um corte de aproximadamente 100 metros de comprimento no casco do navio. Essas notícias estarrecedoras foram divulgadas enquanto se ordenava que todos colocassem os coletes de salvação, e a tripulação preparava os botes salva-vidas. Algumas mulheres choravam silenciosamente. As crianças choramingavam e agarravam-se às saias das mães.
Mas mesmo assim, muitas pessoas não consideravam a situação grave. Afinal, o Titanic não era insubmergível? Em Southampton um dos marinheiros dissera a uma passageira: "Minha senhora, nem mesmo Deus conseguiria afundar este navio!" De acordo com a tradicional lei dos navios e do mar "Mulheres e crianças primeiro", os passageiros foram distribuídos pelas suas respectivas posições de salvamento, e as mulheres e as crianças foram as primeiras a entrar nos botes. Algumas mulheres recusaram-se a ir, preferindo permanecer com os maridos. Muitas não acreditavam que o Titanic se pudesse afundar. Mas também não havia botes que chegassem para todos.
Enquanto a Ruth e a mãe aguardavam a sua vez, a Sra. Becker percebeu que no meio daquelas águas encapeladas pelo vento, elas precisariam de algo mais do que os casacos para se aquecerem.
"Ruth, volta ao camarote e traz alguns cobertores. Ainda há tempo se fores depressa" disse ela para a filha. A Ruth saiu a correr para cumprir a sua missão e rapidamente estava de volta com três cobertores.
Marian e o bebé foram então colocados num salva-vidas e a tripulação gritou: "Já chega! Está cheio!"
"Não! Não!" suplicou a Sra. Becker. "São os meus filhos. Deixem-me ir com eles!" Finalmente ajudaram-na a subir e alguém gritou: "Mais ninguém! Está cheio! Passem ao próximo!"
Um oficial segurou Ruth e levou-a para outro salva-vidas. Quando finalmente já boiava nas águas escuras, ela reparou que ainda estava abraçada aos três cobertores.
Os homens que remavam no seu barco eram os que trabalhavam na casa das máquinas e por isso usavam roupas muito leves. Ali no meio do frígido Atlântico Norte, molhados pelo mar e cercados pelos icebergs, esses homens estavam realmente a sofrer com o frio. A Ruth deu-lhes então os cobertores; alguém os rasgou em pedaços e cada tripulante foi coberto, para que não morresse de frio.
A menina ouvia as pessoas dos outros botes chamarem e perguntou a si mesma, se a mãe e os irmãos estariam a salvo em algum deles. Ela orou pedindo segurança para os seus. Silenciosamente, orou dizendo:
"Por favor, Senhor, envia outro navio para nos encontrar". Ela observou o Titanic enquanto foi possível. Viam-se as filas de luzes. Via que, uma após outra, essas filas se apagavam enquanto o navio se afundava nas águas. Por fim deixou de ver o navio. E o que a Ruth não sabia, na altura, era que centenas de pessoas estavam presas no seu interior e que se afundaram juntamente com ele.
A 93km do Titanic, um navio bem mais pequeno, o Carpathia, viajava de Nova Yorque em direcção ao Mediterrâneo. O operador de rádio desse navio tinha captado o pedido de socorro do Titanic e deslocava-se a toda a velocidade para socorrer os seus passageiros.
Mas demorou quatro horas. E antes do Carpathia cobrir a distância, o Titanic já estava submerso no Atlântico.
Ao chegar, navegou em círculos na área do desastre, resgatando as pessoas que estavam nos salva-vidas que boiavam à deriva.
Logo após o raiar do dia, Ruth foi puxada para dentro do Carpathia. Foi envolta num cobertor quentinho e seguiu rapidamente para a sala de jantar, onde lhe foi servida uma bebida quente. Ali encontrou a mãe e os irmãos. A Sra. Becker abraçou a filha e chorou ao dizer repetidas vezes:
"Graças a Deus estamos salvos!"
Assim que o Carpathia se certificou de que não havia mais ninguém para salvar, dirigiu-se de volta a Nova Yorque. A viagem durou três dias. O nevoeiro era cerrado e intenso, de modo que o navio tinha de avançar devagar e cuidadosamente, com as sirenes de nevoeiro a soarem quase continuamente.
Apenas 704 passageiros e tripulantes sobreviveram ao desastre do Titanic. Mil, quinhentas e três pessoas morreram naquela noite, afundando-se com o navio, ou afogadas nas águas gélidas, à temperatura de dois graus centígrados, do Atlântico Norte.
Em Nova Yorque, Ruth e a mãe enviaram um telegrama ao Sr. Becker: "Chegámos bem a Nova Yorque. Os quatro salvos."

O Sr. Becker, que se encontrava numa remota região montanhosa da Índia, estranhou o telegrama.
"Porque será que gastaram tanto dinheiro num telegrama?" pensou consigo mesmo. "É claro que chegaram bem! Viajaram no Titanic!"
Porém, ainda no mesmo dia, soube do desastre e compreendeu o porquê do telegrama. Agora todos podiam perceber claramente porque é que Deus retivera o Sr. Becker na Índia. Se ele tivesse viajado no Titanic com a família, a lei do mar, "Mulheres e crianças primeiro", teria significado morte certa para ele. Deus sabia o que aconteceria e misericordiosamente impediu que o pai fizesse a viagem com a família. Oito meses mais tarde, toda a família se reuniu nos Estados Unidos.

Ruth, mais tarde Sra. Ruth Blanchard, foi professora no Estado de Michigan, nos Estados Unidos. Nunca esqueceu a noite de 14 de Abril de 1912 e a maneira maravilhosa que Deus usou para salvar a vida do seu pai missionário.

Texto de Irene Butler Engelbert in  Revista  Adventista,  Abril 1998.

Nota da Redacção - Enquanto o barco se afundava, a orquestra de bordo não parou de tocar. Nos momentos finais tocou um hino que no hinário adventista tem o nº 377 - "Mais Perto Quero Estar".


VIAJANDO  JUNTOS  PARA  O  LAR

Voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou,
estejais vós também." João 14:3

               Já vi o monte Rushmore. Visitei as cataratas do Niágara;
               Contemplei as obras de Miguel Ângelo, as paredes do museu Rijks;
               A Abadia de Westminster, as gôndolas de Veneza, o rio Reno,
               O arco do Triunfo, Petra e a fortaleza de Masada.

               Examinei as geleiras do Alasca; aspirei o ar dos Alpes Suíços;
               Vi os campos de tulipas em Amsterdão; o Kremlin e a Praça Vermelha;
               A Capela Sistina, a antiga Viena, os penhascos de Dover,
               O Coliseu de Roma e a iluminada Torre Eiffel à noite.

               Alegrei-me com a música de Chopin; vi a abóbada de pedra,
               A catedral de S. Basílio, o poderosos Big Ben,
               O treinamento dos cavalos de Lipizzaner; o muro ocidental,
               Getsêmani, Monte das Oliveiras, a tumba de Jesus - Gostei de tudo!

               Mas passei pela Via Ápia e vi as catacumbas;
               Os cruéis campos de concentração; lares em ruínas;
               Furacões e miséria; os resultados da guerra;
               Calamidades e corações angustiados; Não quero ver mais!

               Anelo ver a Terra renovada, sem espaço
               Para mísseis e arsenais, armas de fogo e tumbas silenciosas,
               Hospícios e prisões, câmaras de gás e polícia.
               Quero ver uma Terra mais feliz, de paz e alegria!

               Todas as atrações de que este mundo se orgulha somem na obcuridade
               Quando reflito sobre as maravilhas que Deus planeou para mim.
               O esplêndido Taj Mahal é apenas uma cabana em comparação
               Com as mansões que o precioso Senhor vem preparando.

               Muito além da escuridão da Terra existe um lugar glorioso
               Onde os cavalos de Lipizzaner poderão correr sobre colinas;
               Onde colheremos as flores do Éden, beberemos da fonte cristalina,
               Andaremos entre árvores gigantescas, seguros para sempre.

               Creio que haverá sendas adornadas de esmeraldas,
               Onde saudaremos patriarcas que se dirigem às ruas de ouro,
               Ou nos sentaremos com amigos para ver leões brincando com cordeiros,
               Na certeza de que nesse lugar não existe a sombra do temor.

               Quero ouvir o Salvador contando aquela "metade que não se contou"
               E pedir que a repita, pois será sempre nova.
               Ver o Pai em Seu trono de safiras, curvando-Se para dizer
               "Eu te amo!" com a face iluminada por um sorriso.

               O mundo está ficando escuro, muito escuro!
               Queridos nossos dormem nos leitos de pó.
               O Senhor está ansioso por retornar. Mal pode esperar!
               Tem saudades de Seus filhos. Por que, então, hesitamos?

               Façamos já as reservas. Nosso Guia está esperando
               Além do corredor de Órion, para conduzir-nos em segurança.
               Venha, então, viajar comigo, pois o Rei dos reis planeou
               A mais emocionante das viagens - rumo à Terra gloriosa!


Lorraine Hudgins
Pode conhecer o "corredor de Órion" e outros aspetos interessantes no vídeo abaixo, colocado também nos links 1R - "Os mistérios de Órion".

https://www.youtube.com/watch?v=1D89ATEAi9o

sábado, 4 de junho de 2016

4 de Junho
Dia Internacional das Crianças Inocentes
Vítimas de Agressão


"A maldade humana é um abismo com forte poder de magnetismo, que arrasta a pessoa para o inferno dentro de si mesma. Um vácuo de sentimentos que toma conta de pensamentos mórbidos e que tem como objetivo atos insanos, repugnantes e doentios, desprovidos de qualquer sensibilidade." Luiza Gosuen


Dia 4 de junho não é data para se comemorar. Absolutamente, não.

É um dia, isto sim, para refletirmos sobre algo terrível: a violência contra as crianças.
(E não só... EE)

Dia Internacional das Crianças Vítimas Inocentes da Violência e Agressão foi criado pela ONU em 1982.

É preciso ficarmos atentos para o significado dessa agressão e nos questionarmos de que tipo de agressão, afinal, estamos falando. Com certeza, não seria só a agressão física, a mais comum e a mais dolorosa do ponto de vista biológico. Seria ela a mais absurda? Claro que não. Todos os tipos de agressão, sejam elas quais forem, trazem danos ao indivíduo, e, quando se trata de crianças, aí o problema se agrava.


Numa sociedade, existem diversos níveis de agressão: corporal, psicológica, social, económica, entre outros.
Engana-se quem imagina que só a rua pode oferecer experiências traumáticas para as crianças. Muitas vezes, as maiores ameaças ao bem-estar infantil estão dentro de casa, em forma de maus-tratos físicos ou negligência (outro tipo de agressão). Os episódios mais rotineiros são afogamento, espancamento, envenenamento, encarceramento, queimadura e abuso sexual.
A consequência da agressão contra as crianças é danosa, pois o cérebro infantil ainda está se programando. Uma criança que cresce num ambiente afetivo e protegido deve poder se dedicar a tarefas mentais mais sofisticadas, como pensar abstratamente. Se ela não sente medo, pode desenvolver uma postura mais solidária.
Assim como acontece com os animais, o ser humano se programa para se proteger da violência, de ambientes assustadores. Diante de uma agressão, uma de suas primeiras conclusões é a de se tornar frio, perdendo a propriedade típica dos bebés - de se colocar no lugar dos outros. Quando um bebé chora, outro que está perto chora junto com ele. Até aos dois anos, a criança costuma chorar quando vê outra sofrendo. Elas choram juntas. Depois dessa idade, ela chega perto do amiguinho e tenta consolá-lo.

Bibliografia:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/junho/dia-internacional-das-criancas-vitimas-de-agressao.php
Posted by Rede ePORTUGUÊSe OMS
/ http://eportuguese.blogspot.pt/2014/06/dia-internacional-das-criancas.html


(clique nas imagens para ver melhor)

COMBATENDO  O  TRÁFICO  HUMANO  NA  TAILÂNDIA

       Antes de completar 14 anos de idade, a vida de Lin já estava em perigo. Ela era membro da tribo Akha e morava na província de Chiang Rai, na Tailândia, numa região conhecida como "o Triângulo Dourado da Tailândia". Essa região, assim chamada porque faz fronteira com os países de Mianmar e Laos, é conhecida pelo tráfico de drogas e de seres humanos. Embora vivendo numa comunidade tribal pacífica, Lin e outras garotas da tribo estão expostas a grandes riscos por viverem em situação de pobreza e preconceito, e sem um sistema educacional adequado.
       Certo dia, uma amiga de Lin convidou-a para trabalhar com ela num "restaurante de karaoke". Como sempre vivera protegida entre o seu povo, Lin não se deu conta de que os restaurantes e bares de karaoke em Chiang Rai são locais em que homens vão procurar garotas que, geralmente, acabam sendo vítimas de exploração sexual.
       "Minha amiga se vestia muito bem e tinha condições de comprar muitas coisas com o dinheiro que ganhava no 'restaurante'", lembra-se Lin. "Eu só queria ajudar minha família. Meus familiares realmente precisavam de dinheiro. Além disso, seria muito bom comprar algumas roupas bonitas e maquiagem," Lin ficou em dúvida se escolheria os benefícios do dinheiro ou permanecer em casa com a família. Mas, felizmente, sem que ela soubesse, seu futuro já estava planejado.
       O pai de Lin havia decidido levá-la a um centro assistencial para meninas da tribo. Ele sabia que, se não colocasse a filha nesse centro, onde lhe ensinariam uma profissão, ela poderia facilmente ser vítima do tráfico sexual. Tendo frequentado apenas a pré-escola, disseram-lhe que não estava habilitada para ir às escolas do governo. Agora, aos 14 anos de idade, ela só falava o dialeto de sua tribo (akha) e não compreendia o idioma oficial da Tailândia (tai). Com a ajuda de um programa educacional não tradicional, ela aprenderia o tai, continuaria o curso fundamental e aprenderia uma profissão. "Se eu não tivesse sido aceite naquele centro, minha vida teria sido muito diferente", disse Lin. "Realmente não sei o que teria acontecido comigo. Nem sei se ainda estaria viva!"

Colocando um Rosto no Tráfico Humano
       Imagine alguém que você ama ser vendido, abusado e abandonado para morrer muito jovem. É difícil imaginar tal horror. Mas, para aproximadamente 600 a 800 mil pessoas a cada ano, sendo 80% meninas e mulheres, esse horror é uma realidade.
O tráfico humano é um grande problema internacional. É uma das três principais fontes de renda do crime organizado, um negócio que movimenta nove bilhões de dólares ao redor do mundo. O tráfico humano existe há séculos e tem se proliferado nas últimas décadas, embora seja ignorado pela população em geral. É fácil fazer vista grossa e ignorar algo que pensamos não poder "consertar".
       Coloque um rosto nesse dilema. Mulheres e meninas que são vítimas de violência sexual estão entre as pessoas mais desamparadas do mundo, principalmente porque praticamente ninguém - além delas próprias - conhece o sofrimento em que vivem. A maior parte das mulheres que sobrevive ao tráfico não tem auxílio legal ou reparação. Elas são humilhadas, subjugadas e sofrem as consequências físicas e psicológicas da violência.
       Essas vítimas precisam de cuidado médico e aconselhamento, especialmente se foram infectadas pelo HIV e/ou AIDS. Mas, antes de perceber que realmente são vítimas e antes de obter esses serviços assistenciais e adquirir o respeito que merecem, essas mulheres precisam atravessar grandes obstáculos. É essencial que os direitos fundamentais sejam garantidos a essas e a todas as outras mulheres.

Saqueando a Pobreza
       A situação de pobreza tem forçado muitas garotas da Tailândia a entrar na próspera indústria sexual, frequentemente contra a própria vontade ou como o último recurso. O efeito sobre as famílias tem sido devastador. Muitas garotas viajam aos centros urbanos, para nunca mais serem vistas, ou voltam para casa apenas quando estão morrendo com AIDS. Um estudo produzido pelas Nações Unidas descreve o tráfico de meninas e mulheres na Ásia como "o maior comércio de escravos da história".
       (E isto nos nossos dias pela culpa de pessoas 'educadas' que vão de países ditos civilizados, e cristãos! Que vergonha! Incrível!!! EE)
       Os traficantes sexuais compram meninas e mulheres de até 10 anos, e as famílias pobres da Tailândia vendem as filhas como escravas sexuais por aproximadamente 450 dólares. O norte desse país tem um problema excepcional porque as famílias das áreas rurais são pobres e muitas meninas não têm acesso à escola. Em tribos como as de Lin, a situação é ainda pior, pois as meninas podem ser vendidas por irrisórios cem dólares.
       Esse fato assustador levanta perguntas: O que podemos fazer diante de uma estatística tão alarmante? Como podemos mudar esse quadro?


O que Fazer?
       Os evangelhos relatam que Jesus tinha compaixão das multidões (Mateus 9:36; 14:14; Marcos 6:34; Lucas 7:13); Ele Se importava profundamente com as pessoas. Então, como poderíamos nós, cristãos, ignorar o sofrimento dos outros? Alguns questionam se é possível fazer alguma diferença, individualmente ou como igreja, se às vezes o sofrimento dessas pessoas é tão intenso e, aparentemente, irremediável.

       Aqui está um excelente exemplo de intervenção positiva:
       Em 2005, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) iniciou um programa chamado "Proteja as Meninas". Ele tem como objetivo não apenas oferecer abrigo para meninas em alto risco, mas também disponibilizar o acesso ao estudo a um número significativo de crianças e jovens, diminuindo assim sua vulnerabilidade para o tráfico sexual. O programa ainda aumenta a oportunidade de elas encontrarem emprego ao desenvolver suas habilidades para trabalhar em pequenas empresas, além de conscientizar a comunidade contra o tráfico humano.
       A sede do Proteja as Meninas está localizada na província de Chiang Rai, num prédio antes usado para escritórios. Ali é também o lar de cerca de trinta meninas. Elas estão lá por vários motivos: suas famílias são pobres; meninas não têm o mesmo valor que crianças do sexo masculino; sofreram ou correm risco de sofrer abuso sexual; foram abandonadas por pais, madrasta ou padrasto; ou a menina é órfã. A educação é o maior componente do programa Proteja as Meninas. Frequentemente, as meninas vulneráveis abandonam a escola porque a família não pode mantê-las ou precisa de seu trabalho para melhorar a renda familiar.

Colhendo os Resultados
       Neste ano, os objetivos do Proteja as Meninas foram alcançados de várias formas. Desde 2005, noventa meninas foram ajudadas com apoio educacional. Atualmente, 59 recebem bolsa de estudos. Quando as visitei nas escolas, em setembro passado, fiquei emocionada e contente ao ver seus planos. "Quero ser musicista", "Eu serei médica", "Eu vou ajudar a outras pessoas a ter sucesso na vida." Essas foram algumas das respostas dadas quando fiz a costumeira pergunta dos adultos: "O que você quer ser quando crescer?"
       O abrigo começou com sete meninas. Desde então, 49 já foram auxiliadas e, no momento, moram ali 29 garotas. Quase todas se tornaram exemplos de sucesso; apenas umas poucas desistiram e voltaram para casa, para um futuro incerto. As meninas vão à escola, participam da igreja com entusiasmo e estão engajadas num estilo de vida familiar que as estimula a desenvolver autoestima e confiança para enfrentar o futuro.
       As garotas que recebem assistência educacional são capacitadas a encontrar emprego fora da indústria sexual. Com o tempo, serão as vozes mais ativas na defesa de outras meninas em risco. Por meio desse programa, as comunidades estão se conscientizando do perigo da prostituição infantil. Mais importante ainda, as próprias meninas aprendem quais são seus direitos, quais as consequências de trabalhar no comércio sexual e onde podem procurar ajuda.


De Olho no Futuro
       O que o futuro reserva para o Proteja as Meninas e para as garotas do norte da Tailândia? Existem planos de expandir o projeto, aumentar o número de meninas na escola, e conscientizar as famílias e comunidades. Outro plano é construir uma residência permanente e mais adequada em uma área rural, onde as meninas possam desenvolver atividades para o autosustento. Os recursos são limitados, mas a visão determinada e o compromisso estão presentes nos idealizadores do programa e naqueles que colaboram com donativos para ajudar a realizar esses sonhos.
       Proteja as Meninas é apenas uma das inúmeras formas de melhorar a vida de pelo menos uma pessoa no mundo. Mas... isso é de nossa responsabilidade? Devemos fazer algo por essas pessoas? A resposta é "Sim!" Devemos ajudar de todas as formas possíveis. O próprio Jesus teve compaixão quando viu o sofrimento das pessoas em Seu tempo. Como podemos deixar de fazer o mesmo?

O Resto da História
       Lin é uma das muitas meninas que tiveram sucesso. Não apenas foi possível que ela terminasse o ensino fundamental, mas fez um curso profissionalizante e formou-se em contabilidade. Hoje, aos 22 anos, Lin trabalha como assistente no escritório do Proteja as Meninas, na Tailândia. "Estou muito feliz porque agora posso trabalhar para a Adra e ajudar as meninas da Tailândia a escapar da triste vida que muitas de minhas amigas tiveram" disse Lin. "O centro criado pela Adra é muito importante para essas garotas. Elas têm sorte de estar nesse lugar. Se não fosse pelo Proteja as Meninas, nem quero pensar onde elas estariam."

       O amor de Jesus nos motiva a lutar contra todo tipo de crueldade e a promover a dignidade de cada indivíduo. Realmente, é muito elevado o número de pessoas em situação de risco ou necessidade, mas se apenas uma pessoa - como Lin - for ajudada a escapar dos horrores do tráfico e a viver uma vida digna e feliz, já valeu a pena o esforço. Façamos tudo o que pudermos para proteger essas meninas.

Ulya Wagner é diretora dos Serviços Filantrópicos para Instituições, na sede da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Silver Spring, Maryland, EUA.
       Para mais informações, acesse www.adrathailand.org/keep-girls-safe.
       Hearly Mayr, diretor de conscientização pública da ADRA, e Julio Muüoz, chefe da agência de marketing e desenvolvimento da ADRA, também contribuíram para este artigo.
       Artigo da Revista Adventist World, Julho 2010.

PROJETO  QUEBRANDO  O  SILÊNCIO

Aprenda e Ensine outros com o Projeto Quebrando o Silêncio
da Igreja Adventista do Sétimo Dia

http://quebrandoosilencio.org/release/



"Quatro anos no inferno da prostituição infantil em Banguecoque. Crianças raptadas, espancadas e violadas em bordéis, a brutalidade dos proxenetas, o cinismo dos pedófilos, a violência, a pobreza e a morte são exemplos de cenas retratadas neste livro. Marie e Jean vão para Banguecoque numa missão de salvamento de crianças prostituídas diariamente. Ao longo do ano, na Europa e na América, há indivíduos que compram um bilhete de avião para Banguecoque com um único intuito: desfrutarem de corpos de rapazes ou raparigas, de 10 anos de idade ou até menos. Isto acontece todos os dias. Patchara, Lao e Sonta são crianças que os dois amigos conseguem salvar após muito sofrimento e peripécias, embora Sonta e Patchara já tenham morrido de SIDA e Lao esteja em tratamentos.

"Um livro que nos faz sentir os piores horrores alguma vez imaginados: choque, violência, medo, raiva, revolta, angústia. Damos por nós a imaginar os choros, os medos, os gritos, a fome e muito mais. Apesar de ser um livro terrivelmente aterrorizante, está muito bem escrito e ajuda-nos a ver que apesar de ser impossível acabar com este mal, podemos sempre ajudar a salvar uma pequena percentagem de crianças abusadas. ...

Joana Oliveira Nº13 10ºA, Publicado por Ler na Cidadela." - Clique nas imagens para conseguir ver e ler.

(Aos poucos também consegui ler este livro, muito bem escrito, mas extremamente chocante, tremendamente doloroso. Com pessoas que têm prazer em fazer mal aos seus irmãos, filhos do mesmo Deus... Como é possível! É insuportável sentir a dor dos inocentes, enganados, pobres, explorados, que têm de sofrer às mãos dos que são muito ricos em dinheiro, mas em caráter parece que muito 'pobres'...
Muitas paragens precisei para chorar, clamar a Deus para agir, acalmar a raiva... E também quanto desejei fazer algo para ajudar a acabar com este mal satânico que tanto faz chorar as pessoas sensíveis, quanto mais a Deus! Como desejo que Jesus venha muito breve, para pôr fim a esta escravidão humana, insuportável!
O livro relata coisas inimagináveis que só poderiam passar pela cabeça de seres realmente muito 'pequeninos'... Se não conhecesse a Bíblia, esta vida seria uma angústia, o inferno que já é para alguns... Mas, graças a Deus, que Ele na Sua Palavra nos diz que fará justiça e nos garante um FINAL FELIZ! EE)

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E agora, se ainda aguentar... pode ler "O estupro da menor e o mundo violentado" no Blog Criacionismo - links 1 R, postado a 27 de maio de 2016 onde, tal como o autor diz:

"A verdade é que todos somos vítimas de uma tragédia chamada pecado, que só vai terminar quando seu originador e seus aderentes forem destruídos para sempre. Até lá, infelizmente, muitas notícias terríveis irão nos deixar alarmados e nos lembrarão dolorosamente de que nosso lar não é aqui, onde mulheres e crianças são tratadas como objetos de prazer para ser desfrutadas por arremedos de humanidade no coração dos quais o amor já foi embora faz tempo.
Vem logo, Senhor Jesus!
Michelson Borges".

   

(Veja a solução, aqui neste mundo, em Leituras para a Vida, 04.06.2016)

domingo, 15 de maio de 2016

ENFRENTAR A DOR


"A Dor é Para a Humanidade uma Tirana Mais Terrível do que a Própria Morte."
Albert Schweitzer



(clique nas imagens para poder ler)

2 - PRECISAMOS DE EXPRIMIR O NOSSO SOFRIMENTO

"Deem Palavras à Dor."1 Shakespeare

       - Não tenho palavras para exprimir a dor que sinto...
       Assim começam muitas das mensagens de pêsames que recebemos ou enviamos. Perante a dor, quer se trate da perda inesperada de um bebé em gestação, ou de qualquer outra desgraça, ainda que previsível, parece que ficamos sem palavras. Não é fácil exprimir o que sentimos quando ficamos a saber que detetaram um cancro a um amigo. Ou quando um acidente estúpido deixa mutilado um jovem vizinho, ou um conhecido foi vítima de um atentado... Uma necessidade imperiosa impele-nos a manifestar os nossos sentimentos de pesar, nessa mistura tão difícil de formular, em que as nossas emoções se confundem com sentimentos de raiva ou impotência.
       Se não é fácil assumi-la, parece ainda mais difícil calar a dor. Dir-se-ia que temos uma necessidade básica de expressá-la, ainda que não saibamos fazê-lo. Desde que chega ao mundo, as primeiras manifestações do recém-nascido são gritos de protesto, de rutura, de medo, talvez. Aquele que sofre, não importa a sua idade ou situação cultural, tem de o dizer, queixando-se ou chorando a sua dor.
       Contar as suas aflições ou escrevê-las para se sentir ouvido, falar das suas doenças ou operações, faz parte de uma verdadeira terapia. Quem é que nunca notou as expressões de satisfação ou alívio que se espelham no rosto de senhoras idosas enquanto falam a outras das suas operações, dos seus partos ou das suas doenças?!
       No entanto, muitos de nós fomos educados de forma a rejeitar os melhores canais para dissipar a dor. Não nos souberam dizer atempadamente que as simples lágrimas são um inegável alívio. E assim são inúmeros os que passam pela vida sem sequer se atreverem a revelar as suas aflições a quem o deveriam ter feito. Pelo seu temperamento, pela educação recebida, acreditam que expor a outros os seus problemas é uma debilidade. Ou, por causa da natureza dos seus sofrimentos, têm vergonha de os revelar. Ignoram que partilhar com alguém de confiança aquilo que se sente pode ajudar a ver de maneira mais clara e a livrar-se da angústia. Sobretudo se se trata de um profissional, capaz de nos proporcionar soluções para a nossa situação.
       O simples facto de sermos escutados e de nos vermos espelhados nos relatos de sofrimentos alheios, como acontece nos grupos de apoio, ajuda a sentirmo-nos menos isolados e a compreendermos melhor a nossa situação. Ao tomarmos consciência de que outros partilham a mesma situação, e até sofreram e lutaram tanto ou mais do que nós, torna-se mais fácil relativizarmos a nossa dor e suportá-la. Na realidade, "as pessoas que não conseguem exprimir a sua aflição, correm o perigo de ser destruídas por ela (...). Sem a possibilidade de comunicar com outros não há mudança possível. Emudecer, fechar-se a qualquer relação, é a morte."2.

Atreve-te a Chorar
       Quando as emoções nos sufocam, por vezes não podemos conter as lágrimas. Ainda que a tradição nos lembre, em muitos lugares, que "os meninos não choram" (como cantava Miguel Bosé), todos os seres humanos, incluindo os rapazes, sentem, nalgum momento, a imperiosa necessidade de chorar.
       É verdade que, nalgumas sociedades, os cavalheiros que não conseguem reprimir as lágrimas em face da dor ainda são considerados fracos ou pouco homens. Mas as atitudes estão a mudar, e hoje vemos cada vez mais homens que se atrevem a chorar em público, coisa que seria impensável há tão-somente poucos anos. Aí estão, por exemplo, alguns tão valentes e másculos como os bombeiros voluntários no Haiti, ao resgatarem um menino dos escombros do terramoto (2010); o futebolista Iker Casillas, ao ganhar o Mundial da África do Sul nesse mesmo ano; o ator Javier Bardem, ao receber o Troféu de Prata em 1994; ou o tenista Roger Federer, ao perder o Open da Austrália em 2009. De dor, de pesar ou de alegria, todos necessitamos de chorar em alguma situação. Alguns aguentam-se, outros não o conseguem.
       Chorar é natural, e faz parte da linguagem corporal para exprimir as nossas emoções extremas. A nossa reação perante a necessidade que sentimos de chorar é cultural, e depende em grande medida da educação que recebemos.

A Linguagem da Dor
       A linguagem da dor é complexa e ambígua. Se, por um lado, nos impele a queixarmo-nos, dá-se o paradoxo de que, quando temos de explicar o sofrimento, poucos sabemos fazê-lo, inclusivamente os que mais padecem. A resposta à dor é, em grande medida, aprendida. Depende muito do contexto pessoal e da cultura. Assim, o grande tenista Rafael Nadal, depois de travar uma partida épica contra o não menos famoso Novak Djokovic, declarava ter "desfrutado enquanto sofria."3
       Durante milénios a linguagem da dor esteve ligada a noções religiosas e filosóficas. Mas, a partir do surgimento da medicina científica, a sociedade ocidental refere-se às suas moléstias em termos cada vez mais seculares. Perante a doença, a dor e a morte, um grupo cada vez maior dos nossos contemporâneos já não recorre à espiritualidade, mas dirige-se, exclusivamente, à Ciência e aos serviços públicos, em que depositam a confiança que lhes resta. Ao auxílio espiritual inegável da meditação ou da oração, preferem soluções técnicas imediatas. De maneira que a gestão dessas realidades tão pessoais está a passar da área existencial para a área assistencial, como se fossem, em primeiro lugar, responsabilidade da segurança social.
       Noutras épocas ou latitudes, todos tinham de conviver com velhos, doentes e moribundos. No nosso ambiente, o cuidado ao sofredor tornou-se tão social e técnico que a maioria dos nossos concidadãos quase não tem contacto com os derradeiros dias de vida até que sejam diretamente afetados por eles. Os hospitais e as agências funerárias mantêm os doentes e os mortos longe dos vivos e dos saudáveis. Uma das consequências mais imediatas é que, hoje, muito poucos dos nossos contemporâneos estão emocionalmente preparados para o encontro pessoal com o sofrimento, e possuem ainda menos a linguagem adequada para exprimir a sua dor ou para comunicar com os que sofrem. Não sabemos o que dizer em situações dolorosas, pela simples razão de que nunca nos confrontámos com elas, e, através da tradição familiar, não aprendemos o que fazer nesses casos.
       Nem sequer a terminologia médica consegue exprimir devidamente o nível experiencial da dor. Não sabemos como descrever o nosso próprio sofrimento, e, quando o tentamos, descobrimos que frequentemente não vamos além de uma comunicação superficial, porque desconhecemos a linguagem apropriada. Praticamente ninguém fala dessas coisas numa sociedade que mantém a ilusão de que tem direito a que qualquer sofrimento lhe seja evitado. Isto aumenta o sentimento de incompreensão por parte dos que sofrem, inclusivamente em relação às pessoas em quem confiam.
       Na ida ao médico, este usa uma terminologia científica que deixa o paciente insatisfeito, porque não a compreende, mas que protege o profissional das perguntas incómodas do doente e da sua família, se passarem para perguntas existenciais profundas, para as quais não costuma ter respostas.
       Isso faz com que a crescente confiança na Ciência seja acompanhada, ao mesmo tempo, de um temor crescente perante os efeitos da doença e perante o poder dos profissionais de saúde. De maneira que a dor não só nos encerra num sentimento de impotência, mas também nos deixa frequentemente sem palavras. E esse silêncio acrescenta à nossa aflição o peso da solidão.

O Direito a Ser Felizes
       A situação complica-se na nossa sociedade porque esta nos convenceu de que todos teríamos de ser felizes. Ainda que ninguém nos garanta o direito à felicidade, são muitas as instâncias que nos bombardeiam com a publicidade de que a satisfação está ao alcance de todos, imediatamente, e com um esforço mínimo. Mas uma coisa é ter direito a buscar a felicidade e outra é pretender consegui-la, sem qualquer dificuldade, como comprando um carro, uma casa, ou celebrando um contrato de uma apólice de seguros. A realidade nem sempre se molda aos nossos desejos. E fazer depender a nossa felicidade das coisas que temos ou das pessoas que nos rodeiam é uma triste quimera. Por muito que umas e outras possam contribuir para os nossos estados de ânimo, tratando-se de vivências subjetivas, as raízes da felicidade continuam ligadas às nossas atitudes, ao nosso interior.
       Isto explica que, embora conseguindo evitar muitas aflições, continuemos a sentir-nos infelizes. Não sofrer não significa ser felizes. Os nossos inevitáveis desencontros com a realidade envenenam a nossa existência, devastando as pequenas parcelas de felicidade passageiras e efémeras - que estão, no entanto, ao nosso alcance. Demasiadas vezes "os factos não são os responsáveis pelo nosso mal-estar, mas sim a interpretação e a atitude que tomamos perante eles".4
       Para evitar muita da infelicidade evitável "teríamos que aprender a aceitar as coisas tal como nos surgem, e os outros como eles são".5 Aceitar não quer dizer resignar-se à realidade, mas sim reconhecer a sua existência, e reagir de forma inteligente e positiva perante ela. Viver não é um assunto fácil. Por isso, em vez de temer que a nossa felicidade se acabe, convém temer que nunca comece. Alguém disse, com uma pitada de humor, que "olhar o lado bom da vida faz mal à vista". Assim, tendo em conta a grande porção de dor que já existe no mundo, a nossa melhor opção é olhar mais para os aspetos positivos, tentar ajudar e inclusivamente sorrir - sendo possível -, ainda que estejamos feridos. Porque cada minuto perdido em pensamentos negativos é um minuto de vida não recuperável.

Sofrimento Criador?
       Não quer dizer que a infelicidade seja boa em si mesma, mas que podemos fazer-lhe frente de formas mais positivas e inteligentes do que outras. Stefan Zweig foi sem dúvida muito categórico ao afirmar que devemos tudo à dor: "Toda a Ciência vem da dor. O sofrimento procura sempre a causa das coisas, enquanto o bem-estar incita à passividade e a não olhar para trás."6 Sem ir tão longe, é necessário reconhecer que pelo menos uma parte essencial da literatura universal surge da necessidade de exprimir o drama humano ou de o superar. O Diálogo de um desesperado com a sua alma (Egito, 2000 a.c.) já dizia: "Com quem posso desabafar hoje? A angústia afoga-me. Nem sequer o silêncio me quer escutar. Talvez o meu único confidente seja a morte..." (quantas consultas nos c. de saúde são apenas para desabafar... e eu compreendo! EE).
       Os mais belos poemas costumam ser os mais desesperados. A força da tragédia grega reside precisamente em ter dado expressão ao drama que se produz em cada ser humano que se confronta com o seu inevitável destino mortal (este é o maior drama... se não se conhece e lê a Bíblia!), perante o qual se rebela e do qual se sente simultaneamente vítima e culpado. Nos seus conflitos, ruturas e angústias, o amor e o sofrimento cruzam-se ao mesmo tempo como causa e efeito. Grande parte das obras literárias expressam a luta do homem contra a adversidade, e os seus interessantes esforços para verbalizar a sua dor, compreender o seu sentido ou superá-la de alguma maneira.
       A literatura bíblica, profundamente enraizada na nossa cultura, continua a proporcionar consolo na aflição, porque contém alguns dos mais vigorosos testemunhos perante a dor. Como disse Pascal, "Salomão e Job conheciam e exprimiram melhor do que ninguém a miséria humana: um na prosperidade (ver Eclesiastes) e outro na adversidade. Um experimentando a ilusão dos prazeres e outro suportando a realidade do sofrimento."7 O livro dos Salmos contém 150 orações, umas "de orientação" e outras, as mais numerosas, "de desorientação",8 quer dizer, de queixa, lamento e protesto sobre as veleidades da vida. Meditar ou orar com esses Salmos faz-nos bem, porque ajuda a verbalizar aquilo que nos dói, a partir da experiência de quem se sentiu escutado e recebeu consolo nas suas aflições.
       Na realidade, no mundo da Arte, são escassas as criações francamente alegres. A arte da comédia e o riso camuflam, com frequência, mímicas de dor. Por exemplo, diz-se de Quixote, muito acertadamente, que "ao acabar de rir, se deveria chorar". Afirmou-se que os grandes artistas são seres "amaldiçoados pelo sofrimento" e que alguém que não sofreu não tem nada para dizer.
       De facto, muitos artistas fizeram-se porta-vozes do sofrimento, atribuindo-lhe uma função catalisadora na sua criação artística. Algumas das mais sublimes obras de Arte foram inspiradas nele.
       A sensibilidade - qualidade fundamental do artista - ou o faz sofrer mais do que a outros ou capacita-o para exprimir a sua dor com maior emoção.
       Ainda que pareça exagerado, a verdade é que, percorrendo, ao acaso, a lista dos maiores artistas da História, começando pelos músicos, esta tese parece confirmar-se. Johann Sebastian Bach ficou órfão aos 10 anos. Mozart morreu de doença e na miséria aos 35 anos. Beethoven, neto de uma demente, filho de um alcoólico e de uma criada, escreveu, no entanto, a sublime Pastoral. Debussy, de gosto tão refinado, foi criado num bairro dos mais problemáticos, a golpes de chicote, com uma mãe que tinha, entre outras taras, uma mão bem pesada.
       Edgar Poe, que perdeu a sua mãe aos três anos, escreveu: "Nunca amei sem que a morte misture o seu sopro com o da beleza." R. M. Rilke, nas suas Cartas a um jovem poeta (escritas quando ele tinha apenas 27 anos, e o seu destinatário 20) escreve que "o artista criador é em si mesmo um mundo no qual deve encontrar tudo. Eu aprendo isto todos os dias, aprendo-o à custa de sofrimentos relativamente àqueles para com os quais não posso mais nada do que sentir gratidão (...). Quanto mais tristes, silenciosos e pacientes nos sentimos, mais profundamente penetra em nós tudo o que há de novo (...). Porque queres excluir da tua vida toda a perturbação, toda a dor ou melancolia, se não sabes em absoluto o que esses estados de ânimo acrescentam ao teu trabalho?" Mais tarde acrescentará que "cada um tem o direito à sua morte", afirmação que é quase profética para alguém que morreu prematuramente como resultado de uma ferida causada por um espinho de rosa...9
       Vincent Van Gogh, o pintor "maldito", de sensibilidade doentia, acabou por perder a razão, lutando desesperadamente contra a demência. Depois de pintar sem nenhum êxito nem reconhecimento, dia e noite, até um quadro por dia, conheceu a automutilação, o internamento definitivo e, finalmente, o suicídio, aos 37 anos, não tendo vendido nem sequer um lenço em toda a sua vida. Em 1888, dois anos antes da sua morte, escrevia desde Arles ao seu irmão Theo, que o sustentava, para que continuasse a pintar: "Sinto-me demasiado débil para lutar contra as circunstâncias. Necessitaria de ser mais sábio, mais rico e mais jovem para triunfar. Felizmente para mim, já não me importa o triunfo, e na pintura só procuro a força para sobreviver..."10
       Edvard Munch, o grande pintor norueguês da angústia, escreveu o seguinte: "Doença, Loucura e Morte são os anjos que velaram sobre o meu berço e que me acompanharam ao longo de toda a minha vida. Eu soube bem cedo que a minha vida não seria nada mais do que sofrimento e tormentos (...). O meu pai castigava-nos frequentemente com uma violência demente (...). Desde menino vivi, como as mais torturantes injustiças, a ausência da minha mãe, a minha falta de saúde e a ameaça constante dos castigos do inferno."11
       Nijinski, o grande génio da dança, para poder estudar e seguir em frente, viu-se forçado a sucumbir aos 16 anos às exigências sexuais de Diaghilev, diretor dos famosos ballets russos. A sua curta vida profissional, que terminou com a demência, foi ensombrada pelo medo e pela miséria. Antes de morrer, escreveu, no seu Diário: "Vivo, logo sofro. Mas raramente se viram lágrimas no meu rosto: a minha alma teve de as engolir todas."
       A angústia e a inquietação podem, com efeito, favorecer a criação, porque os artistas, sendo mais sensíveis do que o comum dos mortais, sublimam a dor que sentem nas suas obras. A Arte ajuda-os, como uma terapia, a superar circunstâncias particularmente adversas. Uma personalidade criativa encontra novos meios de expressão, até para a dor. Por outro lado, os artistas sofrem o conflito entre a realidade imperfeita em que vivem e a criação maravilhosa que desejariam produzir. Criando, constroem pontes entre esses dois mundos. Perante os horrores da dor, e no, seu admirável empenho em não se deixarem destruir por ela, não é de estranhar que os artistas sintam a imperiosa necessidade de criar beleza. Mas não há dúvida de que as obras-primas surgem mais do talento do génio do que das suas desventuras.

Referências:
1. "Deem palavras à dor. A desgraça não falada murmura desde o fundo do coração que já não aguenta mais, até que o parte" (Shakespeare, Macbeth).
2. Dorothee Sölle, Suffering, Filadélfia: Fortress Press, 1975, p. 76.
3. In J. J. Mateo, "Sangram-te os dedos e desfrutas do sofrimento", EI País Semanal, 30.01.12, p. 43.
4. Borja Vilaseca, "O que preciso de receber dos outros para ser feliz?", EI País Semanal, 10.01.10, p. 68.
S. Idem.
6. Stefan Zweig foi um escritor austríaco que viveu entre 1881 e 1942.
7. Pascal, Pensamentos, § xv.
8. W. Brueggerman, The message of the Psalms, Minneapolis: Augsburg Fortress, 1984, pp. 51 e 52.
9. Citado por Reine Caulet, "Je crée donc je souffre", dossier Douleur, pp. 35 e 36.
10. Antonio Rabinad, Cartas a Theo, Barcelona. Paidós Estética, 2004, p. 395.
11. Idem, p. 35.


ENFRENTAR A DOR

INTRODUÇÃO: UM INIMIGO OMNIPRESENTE

     Existem poucas experiências humanas que sejam tão universais como a dor. É praticamente impossível passar pela vida sem sofrer alguma falta de saúde, sem ter algum acidente, sem que uma amizade ou um amor nos falhem, e sem que algum dos nossos entes queridos morra.
     Basta-nos existir para que soframos e causemos sofrimento. Desde Adão até ao último recém-nascido, e desde Job e Jesus até ao soldado menos conhecido da guerra mais remota, todos levamos a sombra da dor colada à nossa. Por melhor que programe a sua vida, ninguém está ao abrigo do sofrimento. Todos estamos expostos a ele, de uma maneira ou de outra, desde os primeiros dentes de leite até aos últimos achaques da velhice. Doença, decrepitude, remorso, angústia existencial, mal de amor... Se alguém pretende nunca ter sofrido, é porque perdeu a memória.
     Sob inúmeras formas - aguda, violenta, surda, lacerante, tenaz - a dor deteriora o corpo e oprime o espírito. Abunda na vida do pobre e arruína a vida do rico. Faz chorar o menino, mutila o corpo do jovem, marca o rosto do adulto e encurva as costas do idoso. Desde o berço até à tumba, o sofrimento é o nosso implacável verdugo. Trabalho e prazer, dependência e liberdade, virtude e vício, amor e ódio, tudo nos pode fazer sofrer. A dor faz parte da condição humana.1 Poderíamos dizer que deixamos de ser crianças quando descobrimos que o beijo da nossa mãe não cura, de maneira alguma, a nossa ferida...
     Basta abrir um jornal, dar uma volta pelos corredores de um hospital ou visitar qualquer cemitério para comprovar que esta é a realidade da vida. O sofrimento assola-nos e assombra-nos.2 Enquanto redigia este livro, uma vintena de pessoas das minhas relações viram-se envolvidas em sofrimento intenso, e dez já faleceram. Uma delas era o meu pai...
     Perante esta realidade implacável, o nosso instinto vital revela-se e rebela-se de mil e uma maneiras. Qualquer ponta de dor põe em alerta os sensíveis mecanismos de defesa com que o nosso organismo está equipado. Como Ponce de León,3 buscamos a fonte da felicidade - da eterna juventude - em prazeres, medicamentos, terapias, tratamentos, e mil e uma outras práticas... mas não a encontramos em parte alguma. O risco - e a certeza - de sofrer e morrer prevalecem sobre os nossos ilusórios sonhos. Procuramos deixar de lado ou combater ambas as realidades, mas só nos resignamos a assumi-las quando não temos outro remédio.
     A questão do sofrimento é tão ampla e complexa que seria pretensioso querer abarcar todas as suas dimensões num trabalho como este. Aqui limitamo-nos a evocar alguns dos aspetos mais práticos das suas facetas psicológica, social, assistencial, filosófica e espiritual. Apesar de tantos milénios de tirania, o reino da dor não está minimamente explorado.

     Este livro tem o propósito, com toda a modéstia, de ajudar ao que não é especialista na matéria a enfrentar a sua própria dor com dignidade e realismo. Na primeira parte, de natureza informativa, apresenta uma tomada de consciência sobre a complexidade do assunto e das suas diversas implicações. Na segunda parte da obra, expõe-se uma série de reflexões teórico-práticas, visando compreender o porquê último do sofrimento e desvendar o seu sentido. A terceira parte, pensando no Leitor não profissional, utiliza recursos simples para encarar o sofrimento alheio com solidariedade, eficácia e tato. Em primeiro lugar, para procurar evitá-lo; e quando isso já não é viável, para contribuir para o seu alívio. Em última instância, trata-se de ajudar a combater e a lidar com a realidade da dor até onde seja possível.

     Reconheço que não sou um especialista na matéria. Não tenho dúvidas de que, pela sua experiência pessoal ou profissional, muitos dos meus Leitores a conhecem melhor do que eu. Atrevo-me a escrever tão só na qualidade de testemunha, quase como "sujeito passivo". Se a minha natureza otimista tende a afastar-se da dor, a minha formação filosófica e, sobretudo, a minha experiência pessoal e pastoral, sensibilizaram-me de forma irreversível perante este sombrio hóspede da vida.
     Custou-me muito mais escrever este livro do que todos os anteriores, e sem dúvida de que este nunca teria visto a luz do dia sem a colaboração de um extraordinário grupo de pessoas que me são especialmente queridas. Em primeiro lugar, os meus agradecimentos vão para os meus amigos médicos, José Manuel Prat, Miguel Garcia Antequera, Marcelle Lafond e Caleb Mercier, que tiveram a gentileza de rever estas páginas do ponto de vista profissional, e que me proporcionaram conselhos muito valiosos que vão para além das suas respetivas especialidades. A minha gratidão dirige-se igualmente ao meu apreciado colega Roberto Carbonell, capelão hospitalar, confrontado diariamente com o sofrimento e a morte, por me oferecer gentilmente os seus testemunhos pessoais; a Santiago Górmez, pelas suas reflexões inteligentes e sensíveis sobre um tema do seu particular interesse; a José Álvaro Martín, pelo seu contributo do ponto de vista do filósofo; a todos os meus jovens amigos que partilharam comigo as impagáveis contribuições dos seus talentos criativos; a todos os que contribuíram nesta edição em Português. E uma vez mais, a Marta Prats, pela sua valiosa assessoria literária e pelo seu apoio incondicional de sempre.


     Escrevo esta obra por solidariedade para com os que sofrem, mas, mais do que pelo sentido do dever, quase diria "em legítima defesa",4 motivado pela minha própria recusa e impotência diante da sua dor e da minha. Para aliviar a sua carga e responder a algumas das perguntas com as quais nos confrontamos todos durante a nossa vivência comum: Até onde é que é possível dominar a dor? O que é que podemos fazer para compreendê-la ou aprender a controlá-la? Como transcendê-la a fim de colocar este agente da morte ao serviço da vida?

     E, enfim, junto com León Gieco:

              "Só peço a Deus
              Que à dor não seja indiferente,
              Que a ressequida morte não me encontre
              Vazio e só, sem ter feito o suficiente."


O Autor

Referências:
1. "A vivência humana mais primária (...) é a dor (Reinaldo Bustos, "Antropologia del dolor", Diccionário latinoamericano de bioética (ed. J. C. Tealdi), Bogotá: Unesco/Universidad de Colombia, 2008, p. 60). "A realidade humana, está por natureza condenada ao sofrimento" (Jean-Paul Sartre, O Ser e o Nada). "Imaginemos uma quantidade de homens algemados e todos condenados à morte, todos os dias uns são degolados à vista dos outros, os que ficam veem na condenação dos seus semelhantes a sua e, olhando-se uns aos outros com dor e sem esperança, esperam a sua vez. É esta a imagem da condição dos homens" (Blaise Pascal, Pensamentos, § CXIX).
2. Ver Paul Heubach, The Problem of Human Suffering, Hagerstown (Maryland, USA): Review and Herald, 1991, p. 4.
3. Juan Ponce de León (1460-1521), foi o primeiro Governador de Porto Rico e o descobridor da Florida (hoje Sudeste dos Estados Unidos). Segundo a lenda, nas suas viagens procurava a fonte da eterna juventude.
4. Ver Roland Dunn, Quand le ciel est silencieux, Marne-la-Vallé (França): Farel 2003, p.23.

ESTIMADOS AMIGOS

Tenho muito prazer em vos dizer que podeis receber - gratuitamente - um exemplar deste livro (com 280 páginas!...) acima apresentado - "Enfrentar a Dor". Como médica reconheço a necessidade de um livro deste género para o público em geral. Para ajudar as pessoas a lidar com a inevitável DOR em alguns dos "aspetos mais práticos das suas facetas psicológica, social, assistencial, filosófica e espiritual." Muitas consultas médicas seriam evitáveis depois dele ser lido! E mais seguro se ficaria com os seus excelentes conhecimentos práticos.
Está dividido em 3 partes (Tomar Consciência, Reflexão, Apoio) e 15 Capítulos. Não perca este livro de modo nenhum! Conselho de profissional e com longa experiência...

É realmente um Livro muito marcante e de um Autor extraordinário, Roberto Badenas, com um grande curriculum académico, e vários livros, muito bons, que já tive a oportunidade de ler alguns. Professor, Escritor, Pastor, desde sempre nos habituou a obras de elevado nível. Veja em Leituras para a Vida - Links 1R - uma história bíblica do seu livro ENCONTROS espetacularmente apresentada! Apetece ler o livro sem parar... foi o que fiz, logo que o comprei. E ofereci alguns a familiares e amigos.


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(Escolhi este capítulo somente por ser o mais pequeno e ocupar no blog menos espaço...
pois são todos magníficos! EE)

domingo, 1 de maio de 2016

DIA DA MÃE



Uma das mais belas homenagens é a que se presta às mães, no segundo domingo
de maio
(no 1º domingo em Portugal).
Mãe - quanta tinta já não foi usada para descrever esta palavra!

     Tudo começou com Anne Jarvis. No dia 9 de maio de 1906, essa moça perdera a mãe, a quem muito amava. Ao comemorar o primeiro aniversário da morte de sua genitora, Anne lhe prestou sentida homenagem. Entretanto, achou que todas as mães, vivas ou mortas, deveriam ser homenageadas. Assim, tomou a iniciativa de escrever uma carta ao governador de West Virginia, Estados Unidos, sugerindo que ele organizasse anualmente uma comemoração especial em homenagem às mães. O Sr. William Glasscock gostou da ideia. Deste modo, já em 1910, baixou um decreto, instituindo oficialmente o "Dia das Mães", naquele Estado. E como homenagem a Anne, que dera a sugestão, o governador determinou que as comemorações se realizassem no segundo domingo de maio, data mais próxima da morte da mãe de Anne.
     Em 1914, a comemoração se havia estendido pelo país todo, levando o então Presidente Woodrow Wilson a baixar um ato, oficializando o "Dia das Mães" em todo o território norte-americano. Em 1918, a comemoração chegou ao Brasil, sendo realizada pela primeira vez em Porto Alegre, numa iniciativa de moças e senhoras, sob o patrocínío da Associação Cristã de Moços da capital gaúcha. Somente em 1932, o Presidente Getúlio Vargas baixou o Decreto-lei n.º 21.366, de 5 de maio, determinando a comemoração oficial do "Dia das Mães" em todo o País.

     A iniciativa é, portanto, louvável. E a homenagem, justa e merecida, visto que o papel desempenhado pela mãe é importantíssimo no contexto da sociedade humana.

Há, porém, MÃES e mães

- MÃES são aquelas que se preocupam com a transmissão da herança religiosa a seus filhos.
- MÃES são aquelas que educam a criança no caminho do Senhor, buscando na Palavra eterna as diretrizes para uma vida plena e útil.
- MÃES são aquelas que, de manhã e à noite, alimentam os filhos com o pão do Céu. Para elas, "o reino de Deus e a Sua justiça" têm primazia.
- MÃES são aquelas que, diante dos problemas da vida, dobram os joelhos para buscar a solução do Céu.
- MÃES são aquelas que, desprezando muitas vezes as delícias de um passeio ou qualquer outro entretenimento, ficam junto dos filhos para lhes amparar os passos neste mundo mau.
- MÃES são aquelas que se preocupam em viver de maneira simples e modesta, procurando dar um exemplo digno de imitação. São aquelas que, rejeitando os artificialismos tão em voga em nossos dias, se contentam com as graças da vida cristã.
- Enfim, MÃES são aquelas que, à semelhança de Joquebede (Êxodo 6:20) e Eunice (2 Timóteo 1:5), preparam os filhos para esta e para a vida vindoura.

     mães (com letras minúsculas) são aquelas que se relacionam com os filhos tão-somente por elos meramente físicos e materiais, sem nenhuma conotação moral e espiritual.

O mundo está cheio de "mães artificiais", produto de uma sociedade de consumo, massificadora.
O mundo, lá fora, está cansado de mães sem afeto, sem carinho, sem o temor de Deus, sem nada.
Mães que preferem uma vida existencialista. Mães que preferem o sabor de frutos proibidos.

O arraial de Deus não deve dar lugar a esse tipo de mãe.

     E o que diríamos da mãe ausente? É triste ver como muitas mães se afastam do lar, fugindo aos deveres domésticos e às responsabilidades para com os filhos! Pobres crianças!
     Todos sabemos que, nos primeiros anos, a criança assimila muito daquilo que lhe vai nortear o caráter através da vida. É nos primeiros anos que se lança a semente de uma personalidade sadia e consequente.

No arraial de Deus não deve haver mães negligentes quanto ao altar da família.

     Quanta mãe moderninha já não aposentou o estudo da Lição Bíblica e a leitura da Palavra de Deus!
     Muitas delas estão preocupadas com novelas e contos fantasiosos. "Já é hora de ir para a cama, menino" dizem muitas mães, mais interessadas no enredo da novela do que no diálogo com os filhos.
     Hoje em dia, quanta mãe preocupada com o "chá das cinco"! Quanta mãe interessada em conversas frívolas!

No arraial de Deus não há lugar para mães moderninhas, "pra frente", na "crista da onda".
Não, não há lugar.

     A verdade é que muitos filhos estão perdendo o contato com as coisas eternas porque muita mãe por aí, relegou para plano secundário a sua nobre missão no mundo. Muitos filhos teriam destino diferente, se as mães moderninhas deixassem de preocupar-se apenas com as sobrancelhas, com o esmalte das unhas, com os cosméticos.
     A maior herança que a verdadeira Mãe em Israel deixa para seus filhos, é a religião prática. A transmissão da herança religiosa está sofrendo descontinuidade em muitos lares, por causa de mães moderninhas.
     Mas temos, felizmente, muitas mães em Israel, ainda! Deus saberá recompensá-las. A Igreja também saberá apreciar-lhes o trabalho dedicado.
     Louvemos ao Senhor neste mês, exaltando a elevada missão das verdadeiras mães em Israel.

E Nós, Filhos, Saibamos Honrar Essas Autênticas Colunas da Igreja: as MÃES.

Rubens Lessa, Pastor, Editor, Escritor, in Revista Adventista, Casa Publicadora Brasileira, maio de 1977. (Isto foi escrito nesse ano... Veja o mundo como está hoje... Mas Deus Não Mudou! EE)

 

 

 

O PODER DAS MÃES

Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele. Provérbios 22:6

A psicóloga norte-americana Laura Schlessinger, em seu programa de rádio, contou a história de uma mãe que encontrou uma revista pornográfica escondida enquanto fazia faxina no quarto do filho adolescente. Mais tarde, assentou-se com o rapaz e, para horror dele, começou a virar as páginas. Uma a uma, ela passou a apontar as gravuras. "Esta menina é irmã de alguém", disse ela ao moço. "E esta é filha de alguém. É assim que você me imagina em meu quarto? É isso que você gostaria que sua irmã estivesse fazendo?" Quando terminou, ela tinha mudado a perspectiva do rapaz. Então ordenou que ele jogasse aquilo fora e o admoestou a nunca mais trazer aquele lixo para casa.
O que ela fez? Aquela mãe havia humanizado as mulheres naquela revista. Ela tentara dar outra face àquelas garotas. Ela buscara fazer com que o filho atribuísse certa medida de valor, dignidade e respeito àquelas mulheres, vendo-as como as pessoas por quem ele tinha respeito. De facto, ela dera às mulheres da revista mais dignidade do que elas davam a si mesmas.

Anos mais tarde, diz Schlessinger, o rapaz foi ter com a sua mãe e começou a narrar como, numa viagem com amigos da universidade, havia visitado um prostíbulo. Ela o interrompeu e disse com expressão séria na face: "Há coisas que uma mãe não necessita de saber." Mas o filho insistiu que havia algo que ele precisava de lhe contar. Ele contou como fora a visita ao lugar. Cada rapaz tomou uma garota. No quarto, ele observou que aquele aposento era decorado como quarto de menina, como o de sua irmã. Ele viu a fotografia de sua família na penteadeira, as fotos dela, de seus irmãos e pais nas paredes. De sua memória, emergiram as poderosas palavras da mãe, anos antes. "Esta moça é filha de alguém... irmã de alguém." Ele não pôde ficar naquele lugar por nem mais um segundo.

Mais tarde, no carro, quando os outros rapazes falavam da aventura, esse moço apenas contou o que a mãe lhe ensinara anos antes. "Mãe", disse o rapaz, "eles ficaram paralisados e, por um longo tempo, não disseram nem uma palavra." Aquela mãe havia gravado com ferro em brasa a consciência do filho, demonstrando-lhe que cada pessoa tem infinito valor, porque foi criada à imagem de Deus. Para Ellen White, depois de Deus, a influência das Mães para o bem é a maior força conhecida.


(Meditações Matinais, C.P.B., 11.5.2014)



ESSE HOMEM ÉS TU!

"David encheu-se de furor contra aquele homem e disse a Natan: 'Juro-te pelo Senhor, Deus vivo, que quem fez tal coisa merece a morte! Deve pagar quatro vezes o valor da ovelhinha, porque agiu sem ter mostrado nenhuma compaixão.' Então Natan disse-lhe: 'Esse homem és tu!'" II Samuel 12: 5-7, TIC (Tradução Inter-Confessional).

O Salmo 19 foi uma das passagens das Escrituras que aprendi de cor nas Classes Progressivas
(que saudades... EE), quando tinha doze anos. Hoje, mais de sessenta anos depois, a verdade é que ainda sou capaz de o recitar com admiração: "Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos." Havia no entanto, uma frase neste Salmo 19 que não consegui entender até ser Pastor: "Quem pode entender os seus próprios erros? Expurga-me Tu dos que me são ocultos." Cometemos erros que desconhecemos? Podemos ser responsáveis pelos pecados ocultos que se produzem sem que tenhamos plena consciência deles? De que está o Salmista a falar?

Não temos a certeza da data exata em que foram escritos certos Salmos, mas o 19 pode bem ser datado no tempo, logo após a visita que o profeta Natan fez ao rei David com o objetivo de lhe denunciar o seu grave pecado no caso de Urias, o heteu, cuja esposa, Batseba, David tinha tomado, ordenando depois a morte do soldado no campo de batalha. O sábio profeta contou ao rei uma parábola: um rico, que tinha muitas ovelhas para obsequiar e acolher um visitante, tinha-se apoderado da única ovelhinha de um cidadão pobre, o qual tratava dela com muito carinho. Quando o rei ouviu semelhante injustiça e desprezo, reagiu com grande fúria e condenou o transgressor como alguém digno de morte.
Houve então um momento de silêncio, e o profeta, apontando com o dedo para o rei, acusou-o: "Esse homem és tu!"

Nem sempre nos damos conta do que estamos a fazer. O pecado gera uma espécie de obscurecimento da consciência. Os pecados ocultos resultam de tendências internas incontroladas; são os pecados do hábito, aqueles que, apesar de graves, são tratados pela nossa consciência condescendente com uma enorme permissividade; pecados que justificamos quando são nossos, porque temos um véu nos olhos que nos impede de os reconhecer, mas que julgamos com dureza extrema quando são faltas alheias.
David compreendeu o profeta e arrependeu-se amargamente daquele pecado, cuja crueldade e malignidade tinham ficado suavizadas diante de si mesmo, mas não diante do juízo de Deus.

Pede, jovem, a Deus que te ajude a ser consciente dos teus pecados ocultos e arrepende-te deles. Encontrarás perdão em Jesus. Então, terás poder para enfrentar os desafios com que te deparas na vida.

Pastor Carlos Puyol Buil in Mas há um Deus no Céu, 30.04.2016, P. SerVir.
(clique na imagem para a aumentar)

ANO BÍBLICO: Adultos: II Reis 24 e 25; Juvenis: I Reis 21.

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