terça-feira, 23 de agosto de 2011

O TERROR DA ESCRAVATURA


       Sunarsih, nome fictício, tinha 17 anos e pertencia a uma família pobre quando começou a sonhar com uma vida melhor, fora da pequena aldeia indonésia onde vivia.
       Ninguém, nem mesmo a família, sabe o que lhe aconteceu há 15 anos, quando julgou ter encontrado a oportunidade por que ansiava, à semelhança de tantos indonésios das zonas mais pobres do país que sonham com uma vida melhor através da migração. Mas, para muitos, o sonho rapidamente se revela um pesadelo.
       À CNN, pedindo para não ser identificada, Sunarsih conta que respondeu a um anúncio que pedia uma jovem virgem, de pele escura e alta para empregada doméstica. "Fui escolhida entre centenas. Fiquei tão feliz, era como um sonho tornado realidade. Fiquei tão orgulhosa. Os meus amigos diziam como eu era sortuda por ter sido escolhida tão rapidamente", recorda.
       Duas semanas depois, o empregador levou-a para casa, na Arábia Saudita. E foi aí que o pesadelo começou.
       "O meu verdadeiro patrão não era ele, mas o seu pai, deficiente, paralisado na parte baixa do corpo", conta, explicando que era obrigada a estimulá-lo sexualmente, assim como aos seus nove filhos.
       Um dia, ao ver o portão aberto, Sunarsih fingiu que ia despejar o lixo e conseguiu fugir, acabando por encontrar um abrigo dirigido por indonésios, onde se julgou a salvo. Mas por pouco tempo.
       "Enganaram-me. Escapei da boca do crocodilo e acabei na do leão".
       Vendida por pouco menos de 900 euros a outro homem, foi obrigada a trabalhar como prostituta. Ao longo de um ano, foi violada de forma brutal.
       "Senti que estava a morrer", recorda. "Fui humilhada, trataram-me como um aninal"
       Acabou por ser uma intervenção da polícia saudita a libertá-la daquele pesadelo, apesar de ainda ter sido detida por seis meses antes de ser deportada. A vergonha impediu-a de contar à família.
       A UNICEF estima que cerca de 100 mil mulheres e crianças indonésias sejam traficadas como escravas sexuais tanto no país como no estrangeiro.

Visão, 18.11.2009

O objectivo do Dia Internacional para a Abolição da Escravatura (2 de Dezembro) é recordar a todos e em toda a parte, que a escravatura não é um problema do passado. Ainda hoje, por mais incrível que pareça, milhões de homens, mulheres e crianças são comprados e vendidos como bens móveis, forçados a trabalhos em regime de servidão, mantidos como escravos para fins rituais ou religiosos, ou traficados de uns países para outros. Pessoas vulneráveis, virtualmente abandonadas pelos sistemas jurídicos e sociais, são apanhadas numa engrenagem sórdida de exploração e de abusos, para serem vendidas e obrigadas a dedicar-se à prostituição.

Todas estas formas de escravatura constituem violações dos direitos humanos mais fundamentais como o direito à vida, o direito à dignidade e à segurança, o direito à saúde e à igualdade, o direito a condições de trabalho justas e satisfatórias. Trata-se de direitos humanos inalienáveis, independentemente do género, da nacionalidade, da condição social, da profissão ou de qualquer outra consideração. Isto é, direitos alicerçados na dignidade e no valor inerentes a cada ser humano, porque nenhum ser humano é propriedade de outro.




Por isso, a escravatura foi, num sentido muito real, a primeira questão de direitos humanos que se levantou. Foi também esta violação dos direitos humanos a primeira a ser combatida a nível internacional. Levou à aprovação das primeiras leis de direitos humanos e à criação da primeira organização não governamental sobre direitos humanos. Assim, a escravatura foi declarada ilegal pelas legislações nacionais e a sua prática foi proibida por numerosos instrumentos internacionais. No entanto, não obstante todos os esforços da comunidade internacional para combater esta prática abominável, homens, mulheres e crianças continuam a ser explorados. Vêem ser-lhes negados os seus direitos fundamentais e a sua dignidade, e são privados de qualquer esperança de um futuro melhor.

A abolição de todas as formas de escravatura continua a ser uma das principais prioridades das Nações Unidas, incentivando todos os Estados Membros a tomar uma posição firme contra esta realidade. As pessoas que cometem, toleram, ou facilitam a escravatura ou práticas aparentadas com esta devem ser responsabilizadas a nível nacional e, se necessário, a nível internacional. Como prevenção desta prática inaceitável e intolerável, a comunidade internacional deve fazer mais para combater a pobreza, a exclusão social, o analfabetismo, a ignorância e a discriminação que aumentam a vulnerabilidade e figuram entre as causas profundas deste flagelo.


Por outro lado, a escravatura ainda não foi erradicada, porque o próprio ser humano é escravo de si mesmo. Por esta razão, e de igual modo, devem ser reiterados a dignidade e o valor da pessoa humana criada à imagem de Deus. Perante a incapacidade do homem em dignificar-se a si mesmo e respeitar o seu semelhante, Deus promete que restaurará toda a natureza humana, devolvendo-lhe a perfeição da dignidade e do valor iniciais.

Acredito que o tempo em que isso acontecerá não vai tardar. "Sim! Vou chegar muito em breve!" (Apocalipse 22:20), reiterou Jesus.



Ezequiel Quintino, teólogo e jornalista in Pensar Faz Bem - Rádio Clube de Sintra

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CONSELHO DE UM PAI


DAVID  LIVINGSTONE

Este grande missionário e explorador escocês, que abriu a África ao trabalho missionário e à civilização ocidental, raramente podia ficar na companhia dos filhos devido às suas muitas expedições. Esta carta, escrita em 1859 ao filho Robert, que estava na Inglaterra, mostra a preocupação de um pai com o seu filho adolescente.


       Estive tão ocupado ultimamente aprontando documentos, que não pude escrever-te, embora pense com frequência que deveria fazê-lo.
       Tivemos poucos contactos... e, enquanto permaneci na Inglaterra, estive tão ocupado que não pude gozar muito da companhia dos meus filhos.
       Continuo bastante atarefado e creio estar prestando bons serviços à causa de Cristo na Terra.
       Agradou-Lhe coroar os meus esforços com o tipo de sucesso que o mundo aplaude...
       Estou ansioso ao ver aproximar-se a hora em que os filhos de África, por tanto tempo aviltados, estenderão as mãos para Deus.
       Como indivíduo nada posso fazer, mas Deus colocou no meu coração a vontade de tentar, e ajudou-me. De cada vez que me capacita, através de uma descoberta ou de alguma outra forma, a trazer o assunto de Deus diante da mente dos homens, está ajudando.

       O nosso grande dever como filhos Seus é o de trabalhar com Ele e por Ele.

       Muitas vezes parece um trabalho lento, ai de mim, e não é de forma alguma improvável que eu venha a morrer antes que os meus desejos para a Inglaterra e a África estejam a meio caminho de ser realizados. Mas, se eu trabalhar fielmente, Deus não ignorará o trabalho de fé, a labuta de amor...

       Gostaria que tu fosses um filho de Deus agradecido e amoroso. Precisas de te dar a Ele exactamente como és.
Não tentes ser nada além do que és. Jamais olhes para os outros e imagines que, para ser um servo de Cristo, precisas de ser como eles.

       Faz uma entrega total de toda a tua natureza a Deus. Dá-te a Ele para que Ele cumpra em ti a Sua vontade, e olha para Jesus, e apenas para Ele, como teu padrão, tua sabedoria, tua rectidão, tua santificação, tua redenção.
Há muito trabalho a ser realizado, e Ele precisa de pessoas com várias habilidades e temperamentos para realizá-lo. Se tu te entregares a Ele, Ele te empregará de maneita honrada, e na morte tu não deixarás de ser lamentado.

       Precisas de escolher um caminho na vida com a distinta referência à glória de Deus entre os homens. É um erro supor que Deus é melhor servido no ministério eclesiástico. Eu sirvo-O agora no comando de um barco a vapor. Posso pedir que a bênção de Deus repouse sobre mim na roda propulsora com uma consciência tão tranquila como se estivesse noutras circunstâncias subindo ao púlpito.




       Escolhe um caminho pelo qual tu serás capaz de beneficiar o mundo através dos teus esforços e dedica a Ele todas as energias, e que o Deus Todo-Poderoso te conceda ajuda e orientação.




Adaptado de CARTAS INSPIRATIVAS - Um Tesouro de grandes Cartas Espirituais de Todos os Tempos - Compiladas e Editadas por Ben Alex