Sunarsih, nome fictício, tinha 17 anos e pertencia a uma família pobre quando começou a sonhar com uma vida melhor, fora da pequena aldeia indonésia onde vivia.
Ninguém, nem mesmo a família, sabe o que lhe aconteceu há 15 anos, quando julgou ter encontrado a oportunidade por que ansiava, à semelhança de tantos indonésios das zonas mais pobres do país que sonham com uma vida melhor através da migração. Mas, para muitos, o sonho rapidamente se revela um pesadelo.
À CNN, pedindo para não ser identificada, Sunarsih conta que respondeu a um anúncio que pedia uma jovem virgem, de pele escura e alta para empregada doméstica. "Fui escolhida entre centenas. Fiquei tão feliz, era como um sonho tornado realidade. Fiquei tão orgulhosa. Os meus amigos diziam como eu era sortuda por ter sido escolhida tão rapidamente", recorda.
Duas semanas depois, o empregador levou-a para casa, na Arábia Saudita. E foi aí que o pesadelo começou.
"O meu verdadeiro patrão não era ele, mas o seu pai, deficiente, paralisado na parte baixa do corpo", conta, explicando que era obrigada a estimulá-lo sexualmente, assim como aos seus nove filhos.
Um dia, ao ver o portão aberto, Sunarsih fingiu que ia despejar o lixo e conseguiu fugir, acabando por encontrar um abrigo dirigido por indonésios, onde se julgou a salvo. Mas por pouco tempo.
"Enganaram-me. Escapei da boca do crocodilo e acabei na do leão".
Vendida por pouco menos de 900 euros a outro homem, foi obrigada a trabalhar como prostituta. Ao longo de um ano, foi violada de forma brutal.
"Senti que estava a morrer", recorda. "Fui humilhada, trataram-me como um aninal"
Acabou por ser uma intervenção da polícia saudita a libertá-la daquele pesadelo, apesar de ainda ter sido detida por seis meses antes de ser deportada. A vergonha impediu-a de contar à família.
A UNICEF estima que cerca de 100 mil mulheres e crianças indonésias sejam traficadas como escravas sexuais tanto no país como no estrangeiro.
Visão, 18.11.2009
O objectivo do Dia Internacional para a Abolição da Escravatura (2 de Dezembro) é recordar a todos e em toda a parte, que a escravatura não é um problema do passado. Ainda hoje, por mais incrível que pareça, milhões de homens, mulheres e crianças são comprados e vendidos como bens móveis, forçados a trabalhos em regime de servidão, mantidos como escravos para fins rituais ou religiosos, ou traficados de uns países para outros. Pessoas vulneráveis, virtualmente abandonadas pelos sistemas jurídicos e sociais, são apanhadas numa engrenagem sórdida de exploração e de abusos, para serem vendidas e obrigadas a dedicar-se à prostituição.
Todas estas formas de escravatura constituem violações dos direitos humanos mais fundamentais como o direito à vida, o direito à dignidade e à segurança, o direito à saúde e à igualdade, o direito a condições de trabalho justas e satisfatórias. Trata-se de direitos humanos inalienáveis, independentemente do género, da nacionalidade, da condição social, da profissão ou de qualquer outra consideração. Isto é, direitos alicerçados na dignidade e no valor inerentes a cada ser humano, porque nenhum ser humano é propriedade de outro.
Por isso, a escravatura foi, num sentido muito real, a primeira questão de direitos humanos que se levantou. Foi também esta violação dos direitos humanos a primeira a ser combatida a nível internacional. Levou à aprovação das primeiras leis de direitos humanos e à criação da primeira organização não governamental sobre direitos humanos. Assim, a escravatura foi declarada ilegal pelas legislações nacionais e a sua prática foi proibida por numerosos instrumentos internacionais. No entanto, não obstante todos os esforços da comunidade internacional para combater esta prática abominável, homens, mulheres e crianças continuam a ser explorados. Vêem ser-lhes negados os seus direitos fundamentais e a sua dignidade, e são privados de qualquer esperança de um futuro melhor.
A abolição de todas as formas de escravatura continua a ser uma das principais prioridades das Nações Unidas, incentivando todos os Estados Membros a tomar uma posição firme contra esta realidade. As pessoas que cometem, toleram, ou facilitam a escravatura ou práticas aparentadas com esta devem ser responsabilizadas a nível nacional e, se necessário, a nível internacional. Como prevenção desta prática inaceitável e intolerável, a comunidade internacional deve fazer mais para combater a pobreza, a exclusão social, o analfabetismo, a ignorância e a discriminação que aumentam a vulnerabilidade e figuram entre as causas profundas deste flagelo.
Por outro lado, a escravatura ainda não foi erradicada, porque o próprio ser humano é escravo de si mesmo. Por esta razão, e de igual modo, devem ser reiterados a dignidade e o valor da pessoa humana criada à imagem de Deus. Perante a incapacidade do homem em dignificar-se a si mesmo e respeitar o seu semelhante, Deus promete que restaurará toda a natureza humana, devolvendo-lhe a perfeição da dignidade e do valor iniciais.
Acredito que o tempo em que isso acontecerá não vai tardar. "Sim! Vou chegar muito em breve!" (Apocalipse 22:20), reiterou Jesus.
Ezequiel Quintino, teólogo e jornalista in Pensar Faz Bem - Rádio Clube de Sintra
Todas estas formas de escravatura constituem violações dos direitos humanos mais fundamentais como o direito à vida, o direito à dignidade e à segurança, o direito à saúde e à igualdade, o direito a condições de trabalho justas e satisfatórias. Trata-se de direitos humanos inalienáveis, independentemente do género, da nacionalidade, da condição social, da profissão ou de qualquer outra consideração. Isto é, direitos alicerçados na dignidade e no valor inerentes a cada ser humano, porque nenhum ser humano é propriedade de outro.
Por isso, a escravatura foi, num sentido muito real, a primeira questão de direitos humanos que se levantou. Foi também esta violação dos direitos humanos a primeira a ser combatida a nível internacional. Levou à aprovação das primeiras leis de direitos humanos e à criação da primeira organização não governamental sobre direitos humanos. Assim, a escravatura foi declarada ilegal pelas legislações nacionais e a sua prática foi proibida por numerosos instrumentos internacionais. No entanto, não obstante todos os esforços da comunidade internacional para combater esta prática abominável, homens, mulheres e crianças continuam a ser explorados. Vêem ser-lhes negados os seus direitos fundamentais e a sua dignidade, e são privados de qualquer esperança de um futuro melhor.
A abolição de todas as formas de escravatura continua a ser uma das principais prioridades das Nações Unidas, incentivando todos os Estados Membros a tomar uma posição firme contra esta realidade. As pessoas que cometem, toleram, ou facilitam a escravatura ou práticas aparentadas com esta devem ser responsabilizadas a nível nacional e, se necessário, a nível internacional. Como prevenção desta prática inaceitável e intolerável, a comunidade internacional deve fazer mais para combater a pobreza, a exclusão social, o analfabetismo, a ignorância e a discriminação que aumentam a vulnerabilidade e figuram entre as causas profundas deste flagelo.
Por outro lado, a escravatura ainda não foi erradicada, porque o próprio ser humano é escravo de si mesmo. Por esta razão, e de igual modo, devem ser reiterados a dignidade e o valor da pessoa humana criada à imagem de Deus. Perante a incapacidade do homem em dignificar-se a si mesmo e respeitar o seu semelhante, Deus promete que restaurará toda a natureza humana, devolvendo-lhe a perfeição da dignidade e do valor iniciais.
Acredito que o tempo em que isso acontecerá não vai tardar. "Sim! Vou chegar muito em breve!" (Apocalipse 22:20), reiterou Jesus.
Ezequiel Quintino, teólogo e jornalista in Pensar Faz Bem - Rádio Clube de Sintra