sábado, 23 de janeiro de 2016


O  QUE  É  O  LIVRE  ARBÍTRIO?


            Esta é uma pergunta interessante. Na verdade, porque é que Deus nos deu a Bíblia, porque é que Ele deixou registado um relato da criação e da entrada do mal e do sofrimento no mundo, porque é que Ele nos conta a história do povo de Israel e nos revela as Suas leis? Mais importante ainda, porque é que Ele mandou fazer o santuário e definiu as leis da saúde? Talvez haja pessoas que pensem que Deus fez tudo isso, e muito mais que está na Bíblia, só porque era preciso, no passado, e que essas coisas não têm valor nem importância hoje. Essas pessoas pensam que a Bíblia não passa de um livro de histórias fantasiosas e que tudo o que ela diz são coisas que limitam a nossa liberdade e nos impedem de ser felizes. Que achas?

            Realmente, a Bíblia não nos dá liberdade absoluta, nem nos diz que podemos fazer o que nos apetecer sem sofrermos as consequências. Mas não pode haver liberdade sem responsabilidade. Quer dizer, eu só sou livre se souber utilizar bem essa liberdade e não pisar a liberdade dos outros. Imagina, por exemplo, um condutor que se põe ao volante da sua viatura embriagado e que parte para uma viagem. A sua 'liberdade' de beber e conduzir será digna de ser respeitada, deixando-o andar por aí, sem restrições, quando está a pôr em risco a sua vida e a de outras pessoas? Se aparecer um polícia, qual deve ser a acção desse agente da lei? Pois é. Para proteger as pessoas e o próprio condutor embriagado, é preciso que o polícia limite a liberdade daquela pessoa e lhe aplique sanções. O mesmo se passa em tua casa, quando os teus pais te pedem que sejas arrumado ou que ajudes em casa, e tu preferes fazer outra coisa. A tua liberdade de não fazer o que eles te pedem implica consequências, como tu bem sabes.
            Pois Deus, como nosso Pai e amigo que é, dá-nos liberdade, mas na condição de sabermos usá-la e de respeitarmos os Seus conselhos.
            Por isso, Ele põe na Bíblia ensinos relativos à saúde, ao nosso comportamento, à nossa relação uns com os outros e, sobretudo, à nossa relação com Ele.
            Esses ensinos dizem-nos o que devemos fazer para desfrutarmos de boa saúde, termos paz, alegria e felicidade. Se não os aceitarmos e se não respeitarmos os Seus conselhos, as consequências serão muito graves: doença, sofrimento, discórdia, desobediência, erros de comportamento... Mas somos livres de decidir se seguimos ou não os Seus avisos e conselhos. Ele não nos obriga, mas a nossa escolha terá consequências...
            Na verdade, tudo o que Deus nos ensina e aconselha é fruto do Seu grande amor por nós e do Seu desejo de nos ver felizes para sempre. Ele ama-nos tanto, que Jesus deixou a Sua glória lá no Céu e veio viver entre os homens, e morreu numa cruz, para nos dar a vida eterna e a felicidade sem fim.
            Mesmo quando Ele nos diz "não..." está a avisar-nos de que aquilo que Ele nos proíbe é algo que vai prejudicar-nos e está a proteger-nos do mal.
            
Vale a pena ser amigo de Deus, não achas?

TeMpO  em  FaMíLiA

(=>-Lê com os teus pais, e aprende de cor, João 3:16,17.
(=>-Pede aos teus pais que te expliquem o significado dessas palavras de Jesus.
(=>-Lê também 1 Coríntios 10:3 e pede que te expliquem o que significa esse conselho de Paulo.
(=>-Lê em Lucas 15 as 3 histórias que Jesus aí conta, e nota o amor e carinho que elas revelam.
(=>-Podem cantar alguns hinos que falam do amor de Deus, como os números 106 (está no meu outro blog),  223 e  420 do Hinário Adventista.

MINISTÉRIOS da CRIANÇA / ESTUDOS BÍBLICOS para CRIANÇAS
Os MaIs PeQueNos PerGunTam...


UMA  PERSPECTIVA  DIFERENTE

Há muitos textos na Bíblia que confirmam o respeito e o interesse que Deus tem pela liberdade de cada um optar, em consciência, tomando a decisão de O seguir ou não. Mas um dos mais claros quanto à diferença que existe entre o modo como Deus vê o ser humano e o modo como os homens se vêem entre si encontra-se em Lucas 9.
A partir do verso 51, lemos que uma aldeia habitada por samaritanos recusou estadia a Jesus, pelo facto de perceberam que Ele Se dirigia para Jerusalém. Sendo que o local de adoração era a principal disputa entre samaritanos e judeus, estes homens recusaram-se a receber e acolher um viajante, por preconceito religioso. E assim perderam verdadeiras bênçãos do Céu!
Não é de admirar. Homens desconhecedores ou não convertidos ao amor de Deus, ao longo de todas as eras, sempre rejeitaram conviver, no mínimo, ou perseguiram, no máximo, pessoas com crenças, princípios ou posições diferentes.
O que é, sim, de espantar é a reacção dos discípulos: "Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? - perguntaram Tiago e João. E como não o perguntariam? Não estava o Mestre, o Filho de Deus, a ser humilhado pelos inferiores samaritanos que nem em Jerusalém adoravam, e que Lhe recusavam acolhimento? O que mais poderiam eles merecer?
Pelos séculos fora o eco das vozes de milhões de mártires ainda se ouve, denunciando os crimes dos que, em nome de Cristo, perseguiram a diferença quanto à crença e à fé, relativamente à adoração e à obediência.
Esta é uma diferença fundamental que o Cristianismo oferece. A resposta de Jesus à sugestão dos Seus discípulos não foi um elogio à defesa que Lhe ofereciam, nem à fé que tinham quanto à intervenção de Deus. Pelo contrário, foi para eles então e para nós hoje, uma lição quanto ao amor que um cristão deve ter pelo outro: Vós não sabeis de que espírito sois, porque o filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E seguiu caminho, à procura de quem O acolhesse.
Então, como hoje, Jesus não aceita a conversão imposta, involuntária, forçada, nem deixa ao cuidado dos homens a aplicação da pena pela recusa da Sua mensagem. Ele guarda a Sua justiça para o momento da separação entre o trigo e o joio, na Sua Segunda Vinda.
Não é difícil aceitar a lição principal que este texto encerra, bem ilustrada em infelizes momentos na História. Mas realmente importante é reflectir sobre a base da Liberdade Religiosa: amo eu o outro como Cristo o ama?


Paulo Sérgio Macedo, licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais, é o Diretor Associado do Departamento de Liberdade Religiosa da UPASD (União Portuguesa dos Adventistas do 7ºDia).

Ambos os Textos publicados na Revista Adventista de março de 2008.