quinta-feira, 22 de novembro de 2012

DIA DE ACÇÃO DE GRAÇAS




       O Dia de Acção de Graças (Thanksgiving Day) é uma das mais importantes celebrações do povo norte-americano. Celebra-se na 4ª quinta-feira de Novembro e tem um sentido profundamente religioso.

       Durante as sublevações religiosas dos séculos XVI e XVII, um grupo de homens e mulheres, chamados Puritanos, tentou reformar a Igreja de lnglaterra, a partir do interior. Na essência, pediam uma mais completa protestantização da igreja nacional e defendiam formas mais simples de adoração e fé. É evidente que as ideias reformistas dos Puritanos, ao destruirem a unidade da igreja-estado, ameaçavam dividir o povo e diminuir a autoridade real. Assim, durante o reinado de James I, um pequeno grupo de Separatistas, convencidos de que nunca seria possível reformar a igreja nacional estabelecida, partiu para Leyden, na Holanda. Aí, procuraram viver de acordo com a sua consciência. Mais tarde, alguns membros desta comunidade, que ficaram conhecidos como os 'Pais Peregrinos', decidiram emigrar para o "Novo Mundo" em busca de liberdade religiosa.

       A viagem acidentada para os 102 corajosos passageiros, a bordo do Mayflower, durou de 6 de Setembro a 21 de Dezembro de 1620, através das águas agitadas e dos ventos ciclónicos do Atlântico. Desembarcaram na América do Norte e fundaram a colónia de New Plymouth, mais tarde denominada Nova Inglaterra. O primeiro Inverno foi muito penoso, mas os Índios ensinaram os 'Pais Peregrinos' a plantar cereais, a caçar e a pescar. Quando chegou o Outono, os Peregrinos tinham conseguido uma grande colheita. Estavam agradecidos. Então, fizeram uma festa para dar graças a Deus e convidaram os Índios. Esta foi a 1ª festa de Acção de Graças, que passou a repetir-se todos os anos. Até que, em 1863, o presidente Abraham Lincoln declarou o Dia de Acção de Graças feriado nacional. Ainda hoje, as famílias reúnem-se para um jantar especial com perú recheado, batata-doce e tarte de abóbora.


       Todos os dias deveriam ser 'Dia de Gratidão' ou 'Acção de Graças' pelas inúmeras bênçãos recebidas ao longo do ano. Porque, como diz Dorothy O'Neill: "O coração agradecido é o melhor antídoto para a depressão e o desânimo." Porém, não menos importante é poder viver em liberdade de consciência para adorar a Deus, de acordo com a Revelação que Ele inspirou - a Bíblia Sagrada.

Ezequiel Quintino in Pensar Faz Bem





ACÇÃO DE GRAÇAS

       Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, Eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando Eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. João 14:1-3

       Talvez você já esteja a ouvir alguma coisa sobre este assunto há algumas semanas ou meses em vários jornais e nos comerciais da televisão. Ele é um tópico de muitas conversas entre amigos, familiares e colegas de trabalho.
       Nós americanos, planejamos fazer grandes coisas nesta ocasião especial. Para alguns, significa uma longa viagem para a outra extremidade do país, com crianças irritadas, poucas paragens para descanso, voos atrasados, tempestades de neve, inundações, tornados e falta de sono. Para outros, significa apenas um curto passeio para o outro lado da cidade. Outros, ainda, nunca saem de casa.
       No passado, uma saída de trenó sobre o rio congelado e ir pelos bosques era tudo o que se esperava fazer.

       Você adivinhou, não foi? Pelo último comentário acerca do trenó e dos bosques? Eu bem que gostaria de andar nesse meio de transporte, se a casa da minha avó não ficasse tão longe. Hoje é um pouco diferente, não é verdade? Pergunte a quem quiser, e verá que reunir-se com a família no feriado de Acção de Graças é um grande evento! Por que fazemos isso? O que nos leva a deixar todas as outras actividades de lado? O que queremos ver? O que há de especial?
       Preciso admiti-lo: algumas pessoas viajam por obrigação, outras por lealdade, algumas por causa da tradição e outras são forçadas a isso, mas gosto de pensar que a maioria viaja por amor - o Amor incondicional que uma família pode oferecer.
       No feriado de Acção de Graças, muitas diferenças são postas de lado e recordamos os tempos felizes. Contamos histórias uns aos outros, rimos, brincamos e comemos. Banqueteamo-nos, não só com o alimento, mas com a abundância de amor que permeia a sala de jantar. Deleitamo-nos com a cálida aceitação e a sensação de segurança por nos sentirmos parte daquele grupo. E sentimos falta dos que fazem parte do nosso círculo familiar, mas estão ausentes. O divórcio, a distância e a morte têm o seu triste jeito de nos separar. Conservamos no coração, entretanto, a lembrança daquilo que os ausentes já partilharam connosco.

       Deus fez as famílias para que se amassem, assim como Ele nos ama - incondicionalmente. Deseja que nos envolvamos uns com os outros, oremos uns pelos outros e cuidemos uns dos outros da mesma forma como Ele o faz por nós.
       Um dia Deus nos servirá um grande banquete numa mesa que terá quilómetros de extensão. Ele está preparando um lar, uma mansão para cada um de nós. Um lar cheio de paz e harmonia - para sempre. Quando Jesus vier a fim de levar-nos para o Lar, estaremos viajando por amor. O Amor do Pai, concedido ao Filho e derramado na cruz por todos nós.


       A minha oração é que cada um de nós se prepare agora para a volta de Jesus. Ela promete ser a Maior Festa de Acção de Graças que já aconteceu!

Darlyn Townsend in Meditação da Mulher - Do Fundo do Coração


DAI GRAÇAS

Dai graças, de todo coração; Agradecei, ao único Santo
Agradeça, porque Ele nos deu Seu Filho, Jesus Cristo.

Agora diga o fraco: "Eu sou forte"; Diga o pobre: "Eu sou rico"
Por que assim fez o Senhor por nós.




"A primeira ACÇÃO DE GRAÇAS em Plymouth, por Jennie
A. Brownscombe (1914)"

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PROCLAMANDO A GRAÇA DE DEUS

(Atlanta-Parade-59th General Conference of Seventh-Day Adventist-2010)


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

E QUE TAL:
"DIA NACIONAL PARA A ERRADICAÇÃO DO ALCOOLISMO"?


EDITORIAL

       É um facto cultural irrefutável: somos um país de gente que gosta da pinga. Dito assim, de uma forma um tanto brejeira, a frase adquire um tom de anedota que assenta que nem uma luva na figura não menos caricata do Zé Povinho, criada em 1875 por Rafael Bordalo Pinheiro. O 'boneco' boquiaberto, intrigado, de chapéu braguês, com fato coçado e roto, tem mais de 100 anos mas mantém uma actualidade impressionante, continuando a satirizar uma certa mentalidade vigente no nosso povo.
       Falo do tradicional fatalismo acomodado que nos caracteriza, no individualismo desconfiado que nos obriga a olhar para os novos valores com alguma suspeição, no apego às velhas tradições que sempre nos impeliu a fazer um manguito ao que é imposto ou sugerido. Somos um país de teimosos. Pois só a teimosia justifica que mantenhamos certos hábitos, embora a evidência nos indique que deveríamos mudar de rumo. E volto ao início, ao "gosto pela pinga", que é exactamente o mesmo que dizer "o excessivo e irresponsável gosto pelo álcool".
       Só a teimosia nos cega ao ponto de não vermos os números com olhos de ver. Em Portugal existem 800 mil alcoólicos. Cada português consome, em média por ano, 50 litros de vinho, 61 de cerveja e 7 litros de bebidas destiladas. E se quisermos estruturar os números por faixa etária, sabe-se hoje que, ao nível da Europa, um quarto dos jovens entre os 15 e 29 anos morre em acidentes de viação motivados pelo excesso de álcool. É demasiada gente envolvida para que possamos fechar os olhos a esta realidade. E não basta criar legislação proibicionista e aumentar a fiscalização. De nada serve argumentar que a idade mínima permitida para o consumo de álcool deveria ser 18 anos. Que a taxa de alcoolémia deveria ser mais baixa. Que o aumento do preço de algumas bebidas como a cerveja e a redução do horário nocturno de bares e discotecas, poderiam resolver a questão. Não me parece que seja pela lei que consigamos mudar mentalidades. São séculos e séculos de um hábito socialmente aceite e até incentivado. Não se alteram comportamentos de um dia para o outro.
       Por esta altura, certamente farto de ser doutrinado, poderá atirar a grande questão: "E se em vez de constatar e criticar, passasse às soluções?" Bela sugestão. Mas não tenho respostas. Desconheço as técnicas que possam levar a mudança de comportamentos massificados. Assumo que faço parte do grosso do povo que ainda tem os tiques do Zé Povinho, aquele que aponta o dedo, que olha de lado, mas que pouco ou nada faz.
       Não bebo. Porque não gosto do sabor que o álcool me deixa na boca e do peso que me exerce na cabeça. Talvez por isso não entenda as motivações de quem procura afogar numa garrafa os imbróglios do dia-a-dia. Mas não pretendo ser juíza de causa alheia nem tenho a veleidade de me colocar em bicos dos pés e servir de exemplo a quem quer que seja. Sem presunção, e porque a época festiva está à porta e os excessos fazem sempre estragos, só quis falar de números. 800 mil portugueses. É muita gente.
       As estatísticas sempre me cansaram. Têm a desvantagem de serem frias, desprovidas de rostos. Aposto que pensa o mesmo. Mas faça um exercício mental. Imagine que uma só pessoa desse rol de quase um milhão é um familiar seu. Pai, filho, irmão. Agora pense nas consequências nefastas que o álcool pode acarretar na vida dessa pessoa e na vida daquelas que a rodeiam. Inclua-se a si próprio e verá que os números passarão logo a ter outro significado.

Maria Assunção Oliveira, Médica, Chefe de Redacção da SEMANA MÉDICA, 02 a 08/12/2004.

A VIDEIRA

       Existem no mundo cerca de 3000 espécies cultivadas de videira, que produzem um dos frutos mais medicinais que se conhecem. Todas as civilizações antigas da região mediterrânica conheciam a videira e utilizavam-na amplamente.
       Tanto o fruto como as folhas e a seiva desta nobre planta possuem abundantes propriedades medicinais e constituem um excelente alimento-medicamento natural, inteiramente isento de toxicidade. Não podemos dizer o mesmo do vinho, produto da degradação e decomposiçãoo do sumo de uva, em cujo processo de transformação perde as suas notáveis propriedades medicinais e se torna numa droga líquida com capacidade para intoxicar, alterar a conduta e provocar dependência.

       O sumo de uva é rico em substâncias de elevado valor biológico: açúcares de grande valor nutritivo, proteínas, vitaminas e minerais. O vinho, pelo contrário, perde a maior parte dos açúcares, que se transformam em álcool durante a fermentação, assim como as proteínas e vitaminas. O sumo de uva é alimento e remédio. O vinho, que nada mais é do que o produto da sua decomposição, é destituído de substâncias alimentícias. Pelo seu conteúdo em álcool torna-se irritante para os órgãos digestivos, e em especial para o fígado, mesmo em pequenas quantidades.
       Tenha-se em conta que o álcool etílico contido no vinho (de 60 a 120g por litro) é um poderoso veneno para o organismo. Quando o sangue contém 1 grama de álcool por litro, já se verificam sintomas de intoxicação etílica (euforia, falta de domínio mental, perda de reflexos). Um nível de 4-5g por litro de sangue provoca a morte por coma e paragem respiratória. Os valores máximos de alcoolémia (concentração de álcool no sangue) permitidos nos países ocidentais para os condutores oscilam entre 0,2 e O,8g por litro de sangue.
       Pondo de parte os elogios de poetas e gourmets, a única propriedade medicinal do VINHO, realmente reconhecida e comprovada, é a antisséptica, quando se aplica externamente sobre as feridas, devido ao álcool que contém. Como tal se usou na antiguidade, e foi recomendado por Dioscórides. É este o emprego que se lhe dá na parábola do Bom Samaritano. Os antigos mitos de que o vinho "faz sangue", ou de que o vinho é bom "para o coração", foram completamente desmentidos pelo progresso científico, como aconteceu com outras plantas e tratamentos antigos.
Sabemos hoje que o consumo habitual de bebidas alcoó1icas produz anemia megaloblástica e miocardiopatia (degenerescência do músculo do coração).
       "O vinho, tomo-o nos cachos", dizia Louis Pasteur, o grande cientista francês do século XIX. As propriedades medicinais estão na uva e nas folhas da videira, como a Natureza no-las oferece, e não no vinho. ... O melhor vinho, o autêntico vinho, é o sumo puro do fruto da videira.

Jorge Pamplona, Médico de Gastroenterologia e Cirurgia, extraído de A Saúde pela Alimentação, Enciclopédia de Educação e Saúde


EDITORIAL

       Quando um atleta do nosso país alcança um lugar de destaque numa prova desportiva, em despique com atletas de outras nacionalidades, o nosso coração de patriotas vibra de orgulho como se nós próprios tivéssemos ganho alguma coisa. Como nos havemos então de sentir ao constatar que, para grande vergonha nossa, ocupamos na Europa e no Mundo um dos lugares mais negativos que poderíamos ocupar?
       Portugal tem o preocupante 1º lugar no consumo de álcool puro, com o valor de 11 litros per capita e por ano.
Existem em Portugal 800.000 alcoólicos crónicos e mais de 1.500.000 bebedores excessivos, estando afectado um quarto da nossa população. O nosso também triste 1º lugar em acidentes de viação reflecte bem essa situação. Que faz o Estado e a sociedade em geral para combater este terrível flagelo? Perante a enormidade do problema somos tentados a afirmar que se faz pouco mais que nada, sobretudo na prevenção junto aos mais jovens. A incoerência da nossa sociedade, como um todo, em relação a este flagelo é grande. Resta-nos a consolação da admirável saga dos Alcoólicos Anónimos (ver Links 3I) em remendar os 'cacos' de tantas vidas desperdiçadas.
       Sendo, embora, Portugal e, para grande tristeza nossa também, o país da Europa com mais toxicodependentes (de drogas ilícitas) por milhão de habitantes (40 a 150 mil), esse terrível número, mesmo assim, não tem comparação com o número citado de alcoólicos crónicos e aqueles que estão em vias de ser. No entanto, as iniciativas contra a toxicodependência estão (e bem) na primeira linha de preocupações de todos e fazem as manchetes dos jornais, enquanto não se fala no 1º dos nossos vícios nacionais. Como recentemente lamentou o psiquiatra Cabral Fernandes, especialista em alcoolismo, "enquanto se vê aumentar a capacidade de resposta para tratar toxicodependentes, para tratar o problema gravíssimo do álcool não existem estruturas".
       Por outro lado, a SIDA (de que tanto falamos) representa a 57ª causa de morte no nosso país, enquanto o alcolismo se situa no 4º lugar. É certamente importante combater as drogas, que a sociedade considera ilícitas, bem como as suas consequências como a SIDA, a criminalidade e o tráfico que lhes estão associados. Mas porque não se combate do mesma forma o álcool?
       A palavra álcool vem do árabe (al-kohol) significando uma coisa "subtil", ou "enganosa", como lhe chama a Bíblia. Karl Marx chamou-lhe até, "o ópio do povo". Porque se consome, então, o álcool? Ele é realmente enganador e essa sua característica tem-no tornado culturalmente importante para o homem quase desde que existe sobre a Terra. O escritor francês Victor Hugo afirmou na sua obra Les Contemplations: "Deus só criou a água, mas o homem fez o vinho".
       Na realidade, a água, que compõe cerca de 70% do corpo humano, é a única bebida indispensável e necessária à nossa vida.
O álcool, que entra na composição de tantas bebidas, é perfeitamente enganador nos seus efeitos: não alimenta, finge que aquece, não dá verdadeiras forças, nem sequer é preventivo das doenças cardíacas (virtude que parece existir, na realidade, nos taninos da uva). Pelo contrário, a toxicodependência que provoca, as doenças que desencadeia, a desagregação social que motiva e os crimes que inspira transformam-no no primeiro inimigo da nossa sociedade.
       Será a luta contra o alcoolismo uma batalha perdida? É certamente uma batalha muito difícil porque terá de se lutar contra uma cultura vínica, de séculos, que fez o país que somos. No entanto, a Saúde e Lar, com as suas responsabilidades de quase 60 anos de publicação em prol da saúde e bem estar dos portugueses, não poderia deixar de contribuir, mais uma vez, para essa luta.
       Este número pretende ser, por isso, uma pedrada no charco da nossa inércia e incoerência nacional. Esperamos que ele ajude a elucidar os nossos Estimados Leitores quanto aos perigos da ingestão das bebidas alcoólicas, em que o mais seguro é, sempre, a Tolerância Zero e que ajude muitos jovens a escolher uma vida saudável, sem álcool. Os jovens são, aliás, a esperança que nos resta.
Com amizade,

Samuel Ribeiro, Médico Pediatra na Grande Lisboa in Saúde e Lar, Dossier Álcool, Novembro 2000, Publicadora SerVir.

I Believe In You - Acredito em Ti


Cântico dedicado, especialmente, à minha querida amiga Elsa Martins (2º nome alterado), que num acto de grande Força de Vontade e de Amor pela sua família e por si mesma, deixou completamente o álcool. E de um dia para o outro!!!
Substituiu-o por muita actividade que procura desenvolver ao longo de cada dia. Já lá vão uns meses... e tudo o comprova.

Parabéns Elsa! Não Volte Atrás. Continue no Caminho da Vitória! Tem Deus Também Por Si!

Acredito, Acredito, Acredito...!
QUEM QUISER MESMO - SERÁ CAPAZ! (E. E.)


(Leia também em Leituras Para a Vida, 14.11.12 - Links 1R)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Sobre o Sofrimento... E Sobre a Alma...



O PROBLEMA DO SOFRIMENTO

É inegável que, como nos ensina a experiência e a observação quotidiana da vida, o sofrimento atinge todos os filhos de Adão, quer sejam bons quer maus.
Em presença desta realidade, nada mais natural do que a pergunta: De onde vem o sofrimento? Quem é o seu causador: Deus, Satánas, os outros, nós mesmos?
A resposta não é simples, dada a multiplicidade de fatores intervenientes.

É evidente que muitos dos nossos sofrimentos são causados por nós próprios, pela nossa maneira incorreta de viver. Nesta categoria entram as doenças resultantes de uma alimentação irracional, do uso de bebidas alcoólicas, da dependência em relação às drogas, da imoralidade sexual, do excesso de trabalho e da falta de repouso, de pensamentos, atos e hábitos errados... e a lista podia ser estendida quase sem limite.
Mas nem todos os sofrimentos são consequência dos nossos próprios erros. Por vezes, é o próximo que nos faz sofrer. Que o digam as inumeras vítimas de guerras, roubos, agressões e violações, de intolerância política, social e religiosa... e, também nesta categoria de causas, a lista seria interminável.
Examinando, porém, mais de perto, as causas do sofrimento, constatamos que nem todas elas radicam em nós ou no nosso próximo. Alguns tipos de sofrimento podem ter, próxima ou remotamente, uma origem sobrenatural. E é aqui que se torna necessário o recurso à Bíblia Sagrada, documento fidedigno de revelação divina.

Na Bíblia somos informados acerca de um poderoso ser, Satanás, que se rebelou contra Deus e que usurpou ao homem o domínio deste Planeta. Na expressão de Jesus, ele tornou-se, por usurpação, o "príncipe deste mundo" (João 12:31; 14:30; 16:11). O apóstolo Paulo designa-o como sendo "o deus deste século" (II Coríntios 4:4). No dizer do apóstolo João, "todo o mundo está no maligno" (I João 5:19). Não admira, pois, que grande parte do sofrimento humano seja causado por Satanás e seja consequência do seu governo abusivo em contravenção das normas perfeitas do governo e da lei de Deus.
Na Sagrada Escritura há um livro que se ocupa precisamente do problema do sofrimento - o livro de Job. Nos capítulos 1 e 2, vemos este homem justo atingido pelas maiores calamidades, causadas por Satanás, mas permitidas por Deus em resposta à acusação satânica de que Job servia o Senhor por interesse egoísta. A fé de Job não foi, porém, dececionada. Ele permaneceu fiel no meio de todas as aflições. E o livro termina com a afirmação de que, provada a falsidade da acusação de Satanás, "abençoou o Senhor o último estado de Job, mais do que o primeiro" (Job 42:12).
Satanás encontra-se ainda na origem de muitos sofrimentos por ele causados contra os que lhe são arrebatados e passam a reconhecer a soberania de Deus e a aceitar Jesus como seu Redentor e Salvador. "Se o mundo vos aborrece", disse o divino Mestre, "sabei que, primeiro do que a vós, Me aborreceu a Mim. Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a Mim Me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a Minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do Meu nome; porque não conhecem Aquele que me enviou" (João 15:18-21). E, no livro de Apocalipse, somos advertidos: "O diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo" (Apocalipse 12:12).
Mas não Se encontrará o próprio Deus na origem de alguns dos nossos sofrimentos? Talvez dois textos lancem um pouco de luz sobre este problema. Quando, perante um cego de nascença, os discípulos perguntaram ao Mestre: "Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?", Jesus respondeu: "Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus" (João 9:1-3). O segundo texto refere-se à experiência do apóstolo Paulo, que havia sido objeto de tão maravilhosas manifestações da graça divina: "E, para que não me exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de me não exaltar" (II Coríntios 12:7).

Vemos, pois, que o sofrimento pode ser causado por nós mesmos e pelo nosso próximo, acima de tudo por Satanás, e que, seja qual for a sua causa, Deus pode utilizá-lo para o nosso bem. Como escreveu o apóstolo Paulo, "sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus" (Romanos 8:29).
É verdade que todos passamos pelo sofrimento, mas há uma diferença básica na maneira de o enfrentar: aquele que não é crente sofre e é vencido pelo sofrimento; aquele que é crente sofre e vence o sofrimento.

Ernesto Ferreira, Professor de Teologia e Pastor, Redactor, Editor e Presidente da Igreja Adventista do 7º Dia, in Revista Sinais dos Tempos, 3º Trimestre de 2012, Editorial.


A VERDADE CRISTÃ
"Uma crescente percentagem da população atual sofre de um autêntico vazio existencial, ignorando as raízes do seu passado, profunda razão de ser da sua vida presente e que perspetivas lhe reserva o seu futuro.
A tentativa de preenchimento neste vazio está representada na ampla variedade de religiões e diferenciados segmentos que têm surgido ao longo dos séculos. Tal variedade é uma prova evidente de que a solução definitiva transcende as tentativas de origem puramente humana.
É neste contexto que surge a figura de Jesus Cristo e da Verdade Cristã como solução divina para a tragédia humana. Daí a razão de ser de A Verdade Cristã à Luz da Razão, da Revelação Divina e da Tradição." Texto da contra-capa.

Este livro acima apresentado, com 288 páginas, foi escrito por Ernesto Ferreira, que diz no seu Preâmbulo: "...tenho presentemente noventa e oito anos anos de idade, com a capacidade de visão extremamente diminuída, e confinado a um lar para pessoas idosas". Impressionante! Que força de vontade! Um homem de grande sabedoria e profundos conhecimentos mas muito simples e muito humano. Sempre atento e disponível para as solicitações que lhe são feitas, seja por quem for.

(Procure adquirir o livro A Verdade Cristã na Publicadora Servir, Links 3I. Recomendo-o vivamente!)

Para além deste livro recente, escreveu outras obras importantes: O Senhor Vem; Edificados sobre a Rocha; Profecias Cronológicas na História da Salvação; A Alegria da Salvação e Arautos de Boas Novas.

O livro Arautos de Boas Novas com 790 páginas foi escrito também há poucos anos, 2009, e lemos na Nota dos Editores na pág. 12:
"A presente obra é editada pala União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia.
Ela é o resultado de anos de pesquisa profunda e redacção cuidada. Não teria sido possível sem a dedicação, o papel e a importância do seu autor na Igreja Adventista do Sétimo Dia em Portugal. Foi o seu conhecimento sobre o percurso da Igreja, enriquecido pela sua experiência como interveniente, que permitiu a perspectiva histórica aqui relatada.
Ao Pastor Ernesto Ferreira, o nosso reconhecimento por esta obra e a nossa gratidão por uma vida de serviço. UPASD".



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       A maior parte das religiões aceita que o ser humano tem uma alma imortal. O que dirá a Bíblia, fundamento da crença cristã, relativamente a esta ideia?

       Os antigos egípcios acreditavam que, depois da morte, o coração das pessoas era colocado num dos pratos de uma balança e pesado em relação a uma pena - a Pena de Ma'at. Só as pessoas cujo coração estivesse livre de culpa, ou seja, que fosse mais leve do que a pena, seriam agraciadas com a entrada na vida além da morte.
       Talvez esta lenda antiga tenha influenciado o Dr. Duncan MacDougall. Em 1907, este médico de Harville, Massachussets, conduziu uma série de experiências para determinar com exatidão o peso de uma alma. Quando considerava que a morte de um paciente estava iminente, colocava a cama do paciente numa balança industrial de precisão, com a qual se conseguia pesar cada grama.
Comparando o peso de seis pacientes imediatamente antes e após a morte, determinou que cada um tinha perdido 21 gramas. Como acreditava que a alma abandonava o corpo no momento da morte, concluiu que a alma deveria pesar... 21 gramas.
       É fácil compreender a razão pela qual tanta gente tem partilhado esta perspetiva sobre a alma há tanto tempo. A maioria de nós só vê pessoas em cadáver em funerais. E, nos funerais, ouvimos frequentemente as pessoas dizerem: "Ele (ou ela) parece ter um ar tão natural." Mas, como é óbvio, só o dizemos para conforto dos que perderam alguém querido, porque, de facto qualquer pessoa que já tenha visto um cadáver sabe que é tudo menos natural. Falta-lhe alguma coisa, seja ela a alma ou qualquer outra.

       Ao analisar a composição de um ser humano, podemos catalogar cerca de uma dúzia de órgãos, duzentos ossos, seiscentos músculos, e inumeráveis nervos e vasos sanguíneos, todos organizados em 'sistemas', como o circulatório, o respiratório, e outros. Mas isso só enumera os diferentes componentes do corpo e as suas funções. Mesmo que todos os ossos e músculos estejam presentes num cadáver, a pessoa não se encontra nele.
       Sabemos, mesmo que intuitivamente, que cada um de nós é mais do que uma coleção de músculos e ossos, órgãos e enzimas, memórias e capacidades. Esse 'mais' é aquilo que normalmente pensamos ser a 'alma'.

       Desde há milhares de anos, pessoas de diferentes tradições religiosas olharam para a alma como uma entidade separada e consciente, que habita o corpo. Muitas dessas tradições veem a alma como imaterial, isto é, algo que não consiste em matéria, pelo que não tem massa nem peso - nem mesmo 21 gramas. Estas tradições veem o corpo como transitório, enquanto a alma é eterna, imortal. Talvez isso aconteça porque, quando uma pessoa morre, o feio processo de decomposição que toma conta de um corpo nos repugna, enquanto as carinhosas memórias da pessoa defunta nos fazem desejar que continue a viver.
       Psicologicamente, é apelativo fazer a distinção entre uma alma ou um espírito transcendente e um corpo material e temporal. As diferentes culturas expressaram esta perspetiva de diferentes maneiras. Hindus, Budistas e outras culturas orientais desvalorizam a parte física da natureza humana, talvez porque o corpo seja uma fonte de sofrimento. Para os crentes destas religiões, o propósito de viver uma boa vida é escapar ao corpo e ao sofrimento físico.
       Embora existam diferenças quanto às perspetivas das religiões orientais e do Cristianismo sobre a alma, a maioria dos cristãos adota o seu conceito básico. Olham para a alma como uma entidade imaterial, que habita o corpo durante a sua vida e que, no momento da morte, o abandona, para continuar uma existência num outro lugar - nomeadamente entendido como sendo o Céu ou o inferno.

       A Bíblia, tanto o Antigo como o Novo Testamento, oferece uma alternativa radical para esta suposta natureza dual, entre corpo e alma. A perspetiva bíblica começa com a história da Criação, no livro de Génesis: "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida: e o homem foi feito alma vivente" (Génesis 2:7).
Examinemos em detalhe o conteúdo deste texto.

DEUS FORMOU O HOMEM DO PÓ DA TERRA

       O livro de Génesis apresenta Deus pessoalmente envolvido em 'formar' os primeiros seres humanos, como um escultor a produzir uma obra de arte. Para a Sua escultura, Deus utilizou o mais elementar de todos os elementos - a terra, o pó e a lama do próprio solo.
Ao chamar Adão, que significa 'vermelho', ao primeiro ser humano, Deus tornou clara a ligação entre a vida e a matéria, a terra física. No Velho Testamento, o nome de uma pessoa descrevia o seu caráter. Então, ao dar o nome de 'vermelho', a cor do barro, ao primeiro ser humano que criou, Deus literalmente ligou a humanidade à terra, como alguém que vem da terra.

       Ainda mais surpreendente é o facto de o relato de Génesis apresentar Deus a usar as próprias mãos para moldar o ser humano a partir do barro. Em Génesis 1:26, 27, descobrimos que este primeiro ser humano era, num dado sentido, o autorretrato de Deus, pois as Escrituras apresentam-no como tendo sido feito "à Sua imagem". É fantástico pensar que o Criador de todas as coisas tenha dignado a Sua escultura bárrea com o privilégio de lhe emprestar a Sua imagem. Mas seguem-se outras maravilhas.

DEUS SOPROU EM SEUS NARIZES O FÔLEGO DA VIDA

       Quando um socorrista aplica a técnica da respiração artificial, 'respirando' por uma vítima de um acidente, diz-se com frequência que está a dar-lhe 'o beijo da vida'. Qualquer pessoa que tenha estudado Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), e principalmente alguém que já a tenha aplicado, reconhecerá a razão de ser desta expressão. É este preciso ato, este contacto íntimo, que Génesis sugere. Deus criou-nos à Sua semelhança - que honra espantosa! - e, então, a Fonte de toda a vida soprou essa vida na Sua obra de arte.

       Somente nesse momento, diz-nos o texto, o homem se tornou num ser vivente, ou, como algumas tradições indicam, numa alma vivente. Assim, a Bíblia não descreve a alma como distinta ou separada do corpo. Pelo contrário, pelo relato de Génesis, a Bíblia celebra a união do físico com o espiritual, olhando para o ser humano holística, plena e completamente, e não como uma reunião de diversas partes. A narrativa da Criação apresenta esta combinação, não como um juntar forçado de componentes hostis, mas como uma união feliz entre elementos complementares. Em Génesis, o corpo e a alma são um. Deus não deu a Adão uma alma. Ele deu vida a Adão e ele tornou-se numa alma, numa alma vivente.

UM EXEMPLO

       Estou a escrever este artigo num instrumento a que chamamos computador. Um computador que funcione consiste em três componentes. Em primeiro lugar está o hardware, o equipamento físico - o próprio computador, o monitor e o teclado. Depois, temos o software - uma série de instruções que são instaladas no computador, para que ele possa cumprir as suas funções. Finalmente, precisamos de eletricidade. Se subtraírmos um destes três componentes, o computador 'morre', torna-se inoperacional, deixa de existir para o seu propósito. É como se nunca tivesse sido um computador.
       O mesmo acontece connosco, seres humanos. O nosso corpo físico é como o nosso 'hardware'. O nosso cérebro é preenchido com o 'software' - instintos, memórias, sentimentos e conhecimentos, que nos tornam quem somos. Finalmente, Deus dá-nos vida, a 'corrente elétrica', se assim colocarmos o termo. Se for removido algum destes componentes, deixamos de funcionar, deixamos de existir.

       Sem eletricidade, a memória, as instruções e os dados do computador desaparecem. Da mesma forma, quando o corpo morre, o nosso cérebro pára de funcionar. As memórias, o conhecimento e a informação que nos fazem quem somos, desaparecem. Não existe uma alma consciente e autónoma, do mesmo modo que um computador não tem uma existência 'inteligente' para além da eletricidade que lhe dá energia.
       A Bíblia afirma a visão de que a consciência termina com a morte. Ela declara: "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem, tão-pouco, eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Até o seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol" (Eclesiastes 9:5 e 6).

       Para aqueles que se estão a interrogar sobre os 21 gramas das conclusões do Dr. MacDougall e do peso da Pena de Ma'at, aqui fica uma reflexão. Os hieróglifos egípcios apresentavam sempre Ma'at com uma pena de avestruz na mão - a qual, dizem-nos os ornitólogos, pesa pouco mais de seis gramas. Por outras palavras, por curiosidade, os 21 gramas da 'alma' de MacDougall pesariam cerca de 3,5 vezes o peso da pena de Ma'at. O que significa que impossibilitaria que qualquer alma entrasse na vida após a morte!

       Mas não temos de preocupar-nos.
       Deus não olha para nós como registos imateriais de boas e más ações, nem nos menospreza pelo facto de sermos seres corpóreos. Ele idealizou-nos dessa forma. De facto, no seu evangelho, João diz-nos que "a Palavra Se fez carne", que o próprio Filho de Deus Se tornou miraculosamente num ser material e físico, para demonstrar o amor de Deus por nós.
A Bíblia afirma repetidamente o privilégio de se ser uma alma vivente, uma pessoa. Pois, ser-se humano, uma alma vivente, é ser-se objeto do amor de Deus, recebendo a oportunidade de usufruir de uma relação íntima com Aquele que nos criou.


Texto de Ed Dickerson e imagem acima retirados da Revista já mencionada.


(Leia mais em Leituras para a Vida, 02.12.2012, Links 1R)