sexta-feira, 16 de dezembro de 2011



       Ele entrou na minha vida há 20 anos, encostado à entrada da porta da sala 202, na escola onde eu ensinava. Usava ténis três números acima do seu e fartas calças de xadrez, rotas nos joelhos.
       Foi desta forma que Daniel, como o chamarei aqui, embora não fosse esse o seu nome, entrou na escola daquela bela e antiga cidadezinha situada nas margens de um lago, conhecida pelos seus habitantes endinheirados, as casas coloniais brancas e as caixas de correio de metal amarelo.
       Ele contou-me que a última escola que frequentara fora num condado vizinho.
       - Estivemos lá na apanha da fruta - informou-me num tom casual.
       Desconfiei de que este menino amistoso, pouco limpo e sorridente, oriundo de uma família de trabalhadores migrantes, não suspeitava sequer de que fora atirado para o meio de um grupo de crianças de 10 anos que nunca tinham visto calças rotas. Mas se ele reparou na troça, não o demonstrou.
       As 25 crianças olharam-no com desconfiança até ao jogo de kickball dessa tarde, onde na primeira parte ele conseguiu fazer uma home run. A proeza valeu-lhe um pouco de respeito por parte dos críticos dissimulados da sala 202.
       A seguir, foi a vez de Charles, o menos atlético e mais pesado da turma. Após a segunda tacada, no meio dos olhares de escárnio e dos grunhidos, ele viu o Daniel aproximar-se por trás e dizer-lhe baixinho:
       - Não ligues. Vais ser capaz!
Descontraindo-se, Charles sorriu, endireitou-se e deu novamente uma tacada sem qualquer direcção.
       Mas nesse precioso momento, ao desafiar a ordem social daquela selva em que acabara de entrar, Daniel começara a mudar as coisas e a nós próprios.

       No final do Outono, todos nos havíamos aproximado do Daniel. Ele ensinava-nos todas as lições: como chamar um peru selvagem, como ver se a fruta está madura, como tratar os outros, incluindo o Charles! Nunca usava os nossos nomes. A mim chamava-me Miss, e aos colegas, 'pá'.

       Na véspera do último dia antes das férias do Natal, os alunos traziam sempre presentes para os professores. Era como um ritual: a abertura da cada embrulho desta ou daquela loja; examinar o perfume, o xaile ou a carteira de couro, todos de elevada qualidade, e agradecer a cada uma das crianças.
       Nessa tarde, Daniel foi até à minha secretária e disse-me ao ouvido:
       - As nossas caixas chegaram ontem à noite - disse sem emoção - vamo-nos embora amanhã.
       Ao ouvir essa notícia, os meus olhos encheram-se de lágrimas. Para cortar o estranho silêncio que se fez, ele contou-me como iria ser a mudança. Depois, ao ver-me recomposta, tirou uma pedra cinzenta do bolso. Pô-la na mesa e empurrou-a com delicadeza na minha direcção.
       Percebi que era algo de especial, mas, habituada aos perfumes e às sedas, ficara irremediavelmente impossibilitada de corresponder.
       - É sua - disse, fixando os olhos nos meus - poli-a para si, Miss.

       Nunca esqueci aquele momento.
       Os anos foram passando. Todos os Natais, a minha filha pede-me que lhe conte esta história. Começa sempre após ela ter pegado na pedrinha polida que está sobre a minha secretária e vir aninhar-se no meu colo.
       As primeiras palavras da história nunca variam:
        - A última vez que vi o Daniel, ele deu-me esta pedra de presente e contou-me sobre as caixas. Isto foi há muito tempo, mesmo antes de teres nascido. Agora já é um adulto - concluo.
       Juntas, imaginamos onde ele poderá estar e o que será agora.
       - Aposto que é uma boa pessoa - diz a minha filha.
       Depois acrescenta:
       - Conta o fim da história.
       E sei aquilo que ela quer ouvir: a lição de amor e carinho aprendida pela professora com um aluno que nada tinha e, ao mesmo tempo, tinha tudo para dar! Um menino que vivia de terra em terra.
       E toco na pedra, recordando-me dele:
       - Olá miúdo, digo meigamente. Aqui é a Miss. Espero que já não precises das caixas. E Feliz Natal onde quer que estejas!

Selecções do Reader's Digest, Dezembro 1996

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Faça Mais Contra a Violência Doméstica




NAMORO VIOLENTO NÃO É AMOR!

...
Zé maltrata Ana...
Pedro ataca Inês...
Rui agride Paula...
Isabel controla Luis...
Rodrigo humilha Vera...
Catarina ameaça Nelson...
Pedro domina Joana...
Nuno m-t- Sofia...
...


CRENÇAS E MITOS QUE NÃO CORRESPONDEM À REALIDADE

1) O Mito do 'Príncipe Encantado':
Ensinaram-nos toda a vida que um dia encontraremos uma pessoa muito especial e que o amor, por si só, pode transformar o outro. A ideia do amor romântico pode fazer com que não vejas o que se está a passar de errado na tua relação. O mito do 'príncipe encantado' faz com que só vejamos no outro coisas positivas, desvalorizando quando somos maltratados.

2) É ciumento porque me ama:
Os ciúmes servem de desculpa para controlar a outra pessoa, mas muitas vezes são interpretados como provas de amor. As manifestações excessivas de ciúme pretendem manter-te dependente dele, sem que possas relacionar-te com outras pessoas com quem, também, te apetece estar. Se ele não controla os seus ciúmes e tu te opões, pode chegar a insultar-te e mesmo a agredir-te fisicamente.

3) Entre marido e mulher ninguém mete a colher:
A violência nas relações entre namorados ou entre pessoas casadas é um problema social e um crime público que afecta não só as pessoas directamente envolvidas, mas toda a sociedade, pelas consequências que envolve. Somos todos responsáveis e devemos denunciar as situações de violência.

4) A violência tende a terminar se nos casarmos ou vivermos juntos:
A maioria das relações conjugais violentas já o eram antes do casamento. Se uma pessoa é violenta durante a relação de namoro, isso pode significar que acha 'normal' esse tipo de comportamento numa relação a dois e, muito provavelmente, irá ter o mesmo tipo de reacções no futuro ou em futuros relacionamentos.

5) A violência só acontece em meios sociais desfavorecidos:
A violência nas relações de intimidade ocorre em todos os meios sociais e culturais. Acontece a jovens, a pessoas mais velhas, casadas, ou entre namorados e pessoas divorciadas, separadas.

6) 'Quanto mais me bates mais gosto de ti':
A violência numa relação de intimidade causa intenso sofrimento físico e psicológico, tendo um impacto muito negativo no bem-estar e na saúde da vítima. As agressões não devem nunca ser entendidas como provas de que o outro 'se preocupa comigo', ou que 'me dá atenção'!



7) Há raparigas que provocam os namorados, não admira que eles se descontrolem:
Gostar implica respeitar o outro por aquilo que ele é, mesmo que algumas vezes não concordemos com aquilo que ele pensa ou faz. Nenhum namorado tem o direito de agredir o outro quando o próprio ou a outra pessoa discorda de alguma coisa, de alguma opinião ou de algum comportamento.

8) Ele só é violento quando bebe álcool em excesso ou consome drogas:
O consumo excessivo de álcool e/ou de drogas serve apenas como argumento do agressor para desculpar o seu comportamento e para não se responsabilizar pelo mesmo. Os consumos podem facilitar a violência mas apenas em quem já manifesta tendência para ser violento.

9) Os rapazes nunca são vítimas de violência:
Vários estudos sobre esta temática apontam que os rapazes também podem ser vítimas de violência física, emocional e/ou sexual.

10) Não existe violência sexual no namoro:
A violência sexual inclui não só violação ou tentativa de violação, mas também beijos, apalpões e outro qualquer contacto de tipo sexual não desejado. Algumas das estratégias utilizadas na tentativa de exercer este tipo de violência podem envolver o recurso à chantagem, à manipulação, a ameaças, à força ou à incapacitação através de álcool ou drogas.
Uma sexualidade feliz e saudável depende do consentimento e da vontade dos dois.

11) Uma bofetada ou um insulto não são violência:
Qualquer acto de agressão é violência; o mesmo sucede com a violência emocional. Mesmo as formas aparentemente 'menores' de violência podem ter consequências muito negativas. Nenhum tipo de violência é aceitável.

12) Quando se gosta realmente de alguém deve fazer-se tudo o que essa pessoa quer:
Os elementos de um casal são pessoas independentes com vida e vontade próprias. Num casal saudável pode dizer-se 'não', ter opiniões, ter outros amigos e interesses diferentes.

13) É melhor estar numa relação violenta do que estar sozinho:
Entre os adolescentes e jovens existe muita pressão para se 'ter namorado'; conseguir namorar o rapaz mais popular da escola, da turma, do grupo; sujeitar-se a uma relação violenta e tentar mantê-la para não se sentir só ou mostrar que também temos namorados é anular-se a si próprio. Cada pessoa tem a sua própria identidade e a sua dignidade independentemente de viver, ou não, uma relação amorosa. 'Vale mais sozinho do que mal acompanhado'.

GOSTAR NÃO É CONTROLAR!
CIÚMES NÃO SÃO AMOR!
QUEM AMA CONFIA E RESPEITA!


DIZ NÃO À VIOLÊNCIA NO NAMORO!

Serviço de Informação a Vítimas de Violência Doméstica - 800 202 148

'Este folheto contou com a colaboração de Carla Machado, Marlene Matos e Cláudia Coelho, da Universidade do Minho'.
(Adaptado pela autora do blogue)




quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DEUS REVELA O SEU CARÁCTER


Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus." Mateus 4:4

A Bíblia é como um pão. O pão é um bom alimento, saboroso, universal, de que todos necessitam e que apreciam. Como é o pão para o nosso corpo assim é a Palavra de Deus para a nossa alma. Há diferentes qualidades e espécies de pão. Assim é a Bíblia, o Pão da Vida. A Bíblia é composta por 66 pães diferentes em gosto, aparência e propósito, mas todos são bons alimentos e agradáveis.
Tomemos Génesis, por exemplo, que é tão diferente de Êxodo e este de Levítico.
O evangelho de Mateus tem um sabor diferente do de Marcos ou mesmo de Lucas.
O de João, como é tão agradável alimentarmo-nos dele!
Observemos a aparência e propósito de Actos em contraste com Hebreus, Daniel, Apocalipse e qualquer outro livro.
E as Epístolas de Paulo? São pães mais trabalhados para gostos mais apurados...
Infelizmente, muitos não se alimentam como devem desses 'pães'. Alguns estão 'muito ocupados' e preferem um alimento rápido, que se come de pé e até a andar, a guiar o carro. Nos Estados Unidos chamam a estas comidas junk food - alimento refugo - como os hamburgueres, os cachorros quentes, as batatas fritas, etc., que não oferecem o alimento equilibrado de que o corpo realmente precisa; apenas enganam.
Também fazemos assim com a nossa comunhão com Deus: rápida, a correr, sem a devida meditação... e a alma vai definhando espiritualmente...
O que podemos fazer?
Um filósofo possuía um camelo que estava a definhar e prestes a morrer.
- Veja - disse ele a um simples filho do deserto - experimentei tónicos, elixires, bálsamos, loções, tudo em vão...
O homem olhou para os flancos já bem fundos do camelo, para os ossos pontiagudos, para as costelas à vista e disse:
- Oh, grande sábio filósofo! O teu camelo não precisa senão de uma coisa.
- O que é meu filho?
- Comida! Comida, senhor, boa comida e bastante!
- Deveras? Eu nunca pensei nisso... - disse o filósofo.


Pode passar-se o mesmo connosco. Faltar-nos o Pão divino!

- Pão, cavalheiro! Pão minha senhora! Pão meu idoso!
Pão meu jovem!
Moysés Salim Nigri in  Andando  com  Deus



"Deus ainda fala àqueles que separam tempo para O escutar." Paul Holdcraft

"Olhem que Eu estou à porta e chamo. Se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, Eu entro (...) Quem tem ouvidos para ouvir, preste atenção." Apocalipse 3:20-22

Convido os meus amigos a escutarmos

diariamente de 5 a 12 de Novembro

na TV ADVENTISTA (Links 1R)

entre as 19:30 e 22:30

Mª da Luz Cordeiro, Teóloga,

Pastora da Igreja Adventista do 7ª Dia,

que traz mensagens importantes para a nossa vida.

www.tvadventista.pt

Se quer saber mais contacte:
Instituto Bíblico de Ensino à Distância

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ALGO  PARA  MEDITAR

"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai."
Filipenses 4:8


       Um dos bons aspectos da reforma é a disponibilidade de tempo para pensar. Não tínhamos muito tempo para isto no passado, mas agora tornou-se um luxo que podemos ter.
Infelizmente, para muitos reformados, este é o único luxo que podem ter. Como é relaxante sentarmo-nos durante uma hora ou mais, pensando no que vier à mente, sem qualquer ansiedade!
       Mas pensar pode ser perigoso assim como edificante. Sentar-se e meditar sobre erros e pecados passados pode ser mortal. Ou deixar que as nossas mentes se detenham em pensamentos de inveja, ciúmes ou autocompaixão pode ser enfraquecedor. Se quisermos ter prazer em pensar, devemos seguir alguns princípios básicos.
       Paulo, em Filipenses 4:8, dá-nos princípios específicos para um pensamento gratificante. Ele instrui-nos a concentrar os nossos pensamentos em ideias sublimes, deixar as nossas mentes ocupadas com assuntos nobres.
Estas ideias elevadas que Paulo menciona são questões que estão relacionadas com a verdade, honestidade, justiça, pureza, bondade e gratidão. Todas são coisas positivas, desejáveis e valiosas do nosso pensamento. Mas será necessária uma grande dose de disciplina se quisermos impedir que os nossos pensamentos se percam em coisas negativas.
       Precisamos de nos deter num bom pensamento e ruminá-lo como o boi rumina o seu alimento. Vamos tomar um exemplo do nosso texto. Paulo nos aconselha a pensar naquilo em que há louvor. Algumas pessoas podem querer escrever todos os motivos de louvor que lhes venha à mente. Esteja preparado para descobrir que você dispõe de uma lista bem longa para dar louvor!
       A Bíblia usa outra palavra para expressar esta ideia de pensar. É a palavra 'meditação', usada primeiramente no Antigo Testamento. Significa 'ponderar ou reflectir'. Génesis 24:63 retrata um linda figura de Isaque, antes de encontrar a sua esposa pela primeira vez, indo ao campo para meditar.
Hoje é um bom dia para começar a cultivar o hábito de reflectir silenciosamente. Há muito que pensar.

Querido Pai, há tantos motivos que nos levam a louvar-Te e há tanta coisa na Tua Palavra para ocupar os nossos pensamentos. Dá-nos o desejo de meditar nas coisas que edificam, e não nas que destroem.


DEUS  NÃO  VAI  DESPREZAR  VOCÊ

Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida. Como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei.

Josué 1:5


As palavras de Deus a Josué eram extremamente necessárias. O povo de Israel tinha feito uma longa e distante jornada com Moisés, e alguns começaram a perguntar: "Porque nos trouxeste aqui, só para morrermos no deserto?" E agora que Moisés tinha morrido, eles estavam mais assustados ainda. Por isso o Senhor falou a Josué e assegurou aos israelitas que Ele não os tinha abandonado nem desamparado nas suas necessidades.
A palavra hebraica azab, que foi traduzida como 'deixar ou abandonar', significa literalmente 'soltar ou renunciar'. Apresenta um retrato vívido de alguém pendurado pela mão forte de um salvador.
As pessoas reformadas não deveriam ter nenhuma dificuldade em se identificar com os israelitas neste ponto da jornada.
Eles fizeram um longa viagem, atravessaram muitos quilómetros e anos cansativos, e algumas vezes sentiram vontade de clamar: "Senhor, Tu nos trouxeste até aqui, só para nos abandonar?" e Deus responde: "Não, Eu não te deixarei, nem te desampararei." É um grande encorajamento! É importante notar que Deus não prometeu a Josué que ele nunca experimentaria desencorajamentos ou horas difíceis na sua jornada. Isto seria irreal. Pelo contrário, Deus prometeu que, quando Josué se encontrasse com problemas, Ele o seguraria com toda a Sua força e não o deixaria cair.
Lendo a história da vida dos grandes santos da Bíblia, percebemos como o medo do abandono prevaleceu ao ficarem mais velhos. David, Abraão, Isaías e outros experimentaram horas de apreensão. Também foi verdade com Lutero, Wesley, Edwards e outros grandes líderes da igreja. Mas a mão forte de Deus os segurou.
E o mesmo Senhor que encorajou Josué vai segurar você.

"Não Te Deixarei, Nem Te Desampararei."

Querido Pai, nesta hora da nossa vida em que nos sentimos mais dependentes e abandonados, pedimos-te que a Tua forte mão nos segure. Obrigado pela certeza de que nunca nos desampararás.

Leroy Patterson in O Melhor Está Por Vir, Editora Juerp, Brasil

domingo, 16 de outubro de 2011

DE COLHER EM COLHER
                 ATÉ À PANÇA FINAL


       Os meus dias de Páscoa continuam a ser passados em família, à volta de uma daquelas mesas tão cheias, mas tão cheias, que é preciso um doutoramento em geometria descritiva para conseguir arranjar espaço em cima da toalha para colocar uma simples garrafa de vinho.

       No momento em que o caro leitor estiver a ler estas linhas, há fortes probabilidades de eu me encontrar com um naco de cabrito preso nas mandíbulas, um resto de sopa de beldroegas a escorregar pelo esófago e uma generosa fatia de tigelada a aguardar-me na cozinha. E sabem o melhor disto tudo? Eu devia estar de dieta.

       Só que ninguém consegue fazer dieta em casa dos pais. Muito menos na Páscoa. Eu bem exibo a pança à minha mãe, explico-lhe que estou com dez quilos a mais em relação ao que devia, argumento com o colesterol e os perigos da obesidade, posso até mostrar-lhe os resultados de todas as análises que fiz ao longo dos últimos cinco anos. Não adianta. Os pais costumam compreender a coisa em teoria ("pois é, filho, realmente tens de ter cuidado com a tua saúde"), mas quando chega a hora de colocar a teoria em prática, o bife que nos vem parar ao prato continua a ser do tamanho de um bezerro açoriano.

       Não há volta a dar-lhe: isto está inscrito nos genes dos progenitores e, de um modo geral, de todos os portugueses com mais de 50 anos. Encher o prato é sinónimo de dizer "eu gosto de ti" – e deixar dez centímetros quadrados de porcelana por atapetar com puré de batata parece ser, para quem nasceu antes de 1960, sinónimo de "eu não te gramo".

       Há uma pessoa na minha família de quem gosto muito que me diz "vai comer, João" cada vez que se cruza comigo no corredor. Se nos cruzarmos dez vezes, diz-me dez vezes, seja manhã, tarde ou noite; di-lo ainda que tenhamos acabado de almoçar há cinco minutos. Aquilo nem chega a ser um conselho, ou sequer um convite. Aquele "vai comer, João" entra na categoria de saudação. É uma forma de dizer "olá", mesmo que através do meu estômago.

       Um antropólogo certamente conseguiria explicar este fenómeno recorrendo às eras em que a comida escasseava e receber bem uma pessoa era colocar em cima da mesa o melhor que havia em casa. Mas ora bolas, a classe média já deixou de passar fome há algumas gerações. As famílias portuguesas precisam urgentemente de encontrar formas alternativas para demonstrar o seu amor.


Por: João Miguel Tavares, jornalista (jmtavares@cmjornal.pt)
Ilustração de José Carlos Fernandes




(Leia mais em Leituras Para a Vida - 16.10.2011 - Links 1R)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A BÍBLIA - UM LIVRO EXCEPCIONAL




Junto ao Mar Morto (foto à direita), situado a cerca de 400 metros abaixo do nível do mar, situa-se Qumran, onde numa das suas cavernas foram encontrados os manuscritos da Bíblia mais antigos até hoje conhecidos, um dos quais aparece na foto à direita, inferior.
O achado destes manuscritos, que remontam ao século II a. C., comprovou que o texto bíblico é digno de crédito.


Santuário do Livro no museu de Jerusalém, onde se guardam os rolos encontrados em Qumran, junto ao Mar morto. O seu aspecto é o de uma grande tampa de ânfora, que faz recordar os recipientes onde foram guardados os rolos.



PALAVRAS  VIVAS  NO  MAR  MORTO


       No ano de 1946 fez-se um dos maiores achados arqueológicos de todos os tempos, e o mais importante, sem qualquer dúvida, por aquilo que se relaciona com o texto bíblico.
Casualmente um pastor beduíno descobriu nas imediações do Mar Morto, nas cavernas de Qumran, toda a biblioteca de uma comunidade judaica dos primeiros anos da nossa era, os Essénios, que tiveram de guardá-la ali para evitar que os inimigos a destruíssem.

       Quando aqueles manuscritos, depois de muitas vicissitudes, chegaram às mãos dos especialistas, o mundo inteiro ficou estupefacto: Tinham-se descoberto os textos mais antigos da Bíblia! A maioria deles são do século II a.C., ou seja, anteriores em mais de um milénio aos que até 1964 se conheciam, que eram do século X d. C.

       Praticamente todos os livros do Antigo Testamento estavam representados nas cavernas de Qumran. À medida que se iam traduzindo e comparando com as traduções foi possível comprovar, para surpresa de todos os detractores, que os textos eram os mesmos, sem que se pudessem encontrar diferenças dignas de menção.

       Todos os comentaristas se mostram unânimes em afirmar que os rolos do Mar Morto, como são conhecidos estes antiquíssimos manuscritos, puseram a descoberto, diante do mundo inteiro, que a Bíblia é um livro de total e absoluta confiança.

       Bem podemos dizer com Jesus Cristo:


"Passará o céu e a terra, mas as Minhas palavras jamais passarão"
Mateus 24:35


"A Tua Palavra é o farol que me guia; é a luz do meu caminho"
Salmo 119:105


A DECISÃO É TUA


Conta-se a história de um ancião que vivia em certa aldeia e que era uma autoridade sobre quase qualquer tema. Havia tido na vida uma série de experiências emocionantes e inspiradoras.
As crianças apreciavam buscá-lo e falar com ele para ouvir as suas fascinantes palavras. Para ele nenhuma pergunta era demasiado difícil ou complicada.
Era realmente um génio! E as crianças e jovens sabiam que assim era.
Quando várias crianças chegaram aos seus anos de adolescência, decidiram demonstrar que eram mais inteligentes do que o velhinho. Passavam horas imaginando perguntas impossíveis de responder. Mas cada vez que o enfrentavam, o ancião dava-lhes a resposta correcta.
Desconcertados, mas não derrotados, fizeram repetidas tentativas. Todavia, o idoso senhor era demasiado sábio para eles.
Certo dia julgaram que tinham a pergunta que finalmente lhes permitiria derrotá-lo. Apanhariam um pássaro e tê-lo-iam entre as mãos, atrás das costas, e recorreriam ao ancião para perguntar-lhe se o pássaro estava vivo ou morto. Se ele dissesse 'vivo', apertá-lo-iam fortemente e deixá-lo-iam cair morto no chão. Se respondesse 'morto', soltá-lo-iam para que voasse.
Excitadamente foram até onde se encontrava o ancião. Esta era a oportunidade para demonstrar-lhe que ele podia errar! E com ar decidido o defrontaram.
- Senhor, tenho um passarinho na minha mão. Está morto ou vivo?
O ancião pensou por uns momentos, e a seguir respondeu:
- Filho, a decisão está nas tuas mãos! - Edna Jewell


Na nossa relação diária com Deus, temos uma decisão,
e a faculdade de escolher está nas nossas mãos.


A decisão é nossa - sua e minha!



Revista Sinais dos Tempos

sábado, 24 de setembro de 2011



Era uma vez…
Um Coração que morava dentro do peito
dum menino Ladino muito são e escorreito.
E sabes porque razão o menino era são e escorreito?
- Porque o tal coração que ele tinha no peito
era um grande Sabichão!...

… E quando o menino Ladino tinha o prato
a abarrotar então o coração começava a pensar
e ficava triste, pequenino…
Sabes o que lhe lembrava o menino?

O Obélix a mastigar!
Por isso o coração armava logo
reboliço e punha-se a refilar:
- Por não comer, podes morrer!
Mas comer muito sem moderação
faz-te mal ao coração!
Faz subir a tensão e a gordura no
sangue.
Deves "comer para viver e não
viver para comer"!

Antes que eu me zangue (dizia ainda o
coração Sabichão), reduz a metade o que tens no prato
porque na verdade começo a ficar farto de tantas asneiras…

- Menino, tem maneiras!

… E quando o menino Ladino olhava para um bolo
o coração Sabichão dizia com seu saber profundo:
- Menino, não sejas tolo! Pareces o Holmer, o Simpson Pai,
que vai até ao fim do mundo por goluseimas!

Se teimas, vê bem no que te metes…
Olha a obesidade e a diabetes e tanta
outra enfermidade.
Tem, por isso, estas coisas bem
presentes:
- A doçura, vai encher-te de gordura…
… E vai-te estragar os dentes.


… E quando o menino Ladino ia buscar tabaco,
sem o pai saber, e acendia um cigarro
só para fazer crer que já era um homem,
o coração zangava-se a valer,
gritando à farta:
- Tabaco nunca, o tabaco mata!!
Fumar faz mal ao coração e provoca o cancro do pulmão.
Faz tão mal que, mesmo em pequena dose,
pode levar à trombose cerebral.
Até pode, de repente, fazer morrer a gente.
E, bravo como uma fera, o coração Sabichão gritava em polvorosa:

- Pareces a Pantera cor-de-rosa!


… E quando o menino Ladino acompanhado ou
sozinho bebia um poucochinho de vinho, o coração
dizia com os seus botões:
- Se eu fosse a ti não bebia… não tenhas ilusões!
O álcool tira o vigor, não deixa crescer nem
aprender as lições…
E, ainda pior, se apanhas uma bebedeira irás fazer
muita asneira…
E como era muito esperto o coração Sabichão
falava como um livro aberto:
- Deixa-te de tretas. Não sejas Pateta!
Não estás a ver que só deves beber
água que é a melhor bebida?
Menino não estragues a vida!


… E quando o menino Ladino
zangado aparecia
de rosto excitado e muito encarnado,
o coração ficava espantado e outra
vez arreliado.
De repente, via novamente no menino Ladino,
o Simpson Pai, e vai de gritar:

- Não sejas maníaco, olha o ataque
cardíaco!
Esses teus nervos vão-te levar ao
caixão.
- Tem pena do teu coração!


E quando o menino Ladino ia bater
uma sorna,
lá torna o coração Sabichão a ficar preocupado
e exclama desolado:
- Será que estou a ouvir este Snoopy ressonar…
ou estarei a sonhar?
- Isto não pode ser (dizia ainda o coração)
o que é que estás a fazer, ó atleta? Vai dar uma volta
de bicicleta!
Ou então vai nadar, andar a pé, correr até cansar
e transpirar.
- Novamente na sorna, não!! A sorna traz muitos malefícios.
- É mãe de todos os vícios.


Mas quando o menino Ladino corria e saltava…
Ah! O coração também falava, mas desta vez com aprovação!
Com muito tino, vendo no menino um Bart, o Simpson Filho.

Então o coração com um brilho ardente em cada
olho reluzente aplaudia e dizia:
- Bravo, amigo!
E já agora ouve o que te digo se não queres
ficar doente nem torto,
toca a marchar, pratica desporto.
- Vamos os dois brincar, saltar, jogar à bola
no recreio da Escola. Vamos correr p’ra viver!
Sabes? Parar é morrer!


… E quando o menino Ladino espirrava, tossia
ou dizia que a barriga lhe doía, o coração
porque era muito Sabichão, ficava preocupado
por ver o menino adoentado.
Então o coração, chamando a si a imagem e a coragem de Astérix,
o Gaulês
, dizia por sua vez:
- Menino, por favor, anda comigo, vamos ao doutor.
o médico é um amigo!

E aqui acaba a história deste coração
Sabichão
que era tão amigo do menino
Ladino
que até morava dentro do seu peito!
Muito ajuizado em cada conselho
havia o amor dum irmão mais velho.
Mas não era, não! O coração tinha a
mesma idade do menino Ladino que cheio
de vaidade aprendeu a lição do seu
Sabichão.
E assim cresceu perfeito, muito são e escorreito!

"Escrito com o coração e dirigido ao coração das crianças" O Autor


Políbio Serra e Silva, Professor Catedrático de Endocrinologia, Doenças Metabólicas e Nutrição da Faculdade de Medicina de Coimbra (e excelente Poeta!)

Ilustração da capa - F. Jorge Silva; Colaboração: Merck Sharp & Dohme
(ver mais em Leituras para a Vida - 24.09.2011)

sábado, 10 de setembro de 2011

O SUICÍDIO NÃO É SOLUÇÃO



"Perdi quanto queria, em quanto cria
perdi a fé também!" Antero de Quental

"Que sempre o mal pior é ter nascido!" Idem

"É tudo, em torno a mim, dúvida e luto;
E, perdido num sonho imenso, escuto
o suspiro das coisas tenebrosas..." Ibidem


                                             (Local do Suicídio de Antero de Quental)

                                                     SUICÍDIO,  NÃO!  VIDA,  SIM!



TESTEMUNHO DE FORÇA E CORAGEM

"Antes que Eu te formasse no ventre materno, Eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações."
Jeremias 1:5

Jeremias foi acusado de traição política. Foi julgado, perseguido e aprisionado por palavras que tinha dito. O que pensava Deus antes de formar Jeremias no ventre da sua mãe? O que Ele pensava antes de me formar no ventre da minha mãe? Essas perguntas me perseguiram durante muitos anos, até que cheguei à linda constatação de que isso não me dizia respeito. Nunca. Dizia-me respeito, sim, trazer glória ao Seu nome.

Sou uma sobrevivente do abuso sexual, mental, físico e social, desde a tenra idade dos 6 anos. Por muitos anos, não consegui entender como Deus permitia que isso me acontecesse. Fui ensinada que Jesus me ama; porém, onde estava esse amor? Agora sei que, em todos esses infortúnios, Deus verdadeiramente colocava a Sua poderosa mão sobre a minha vida. Durante 23 anos, vivi num estado mental nebuloso, sob a influência de heroína, cocaína, álcool e o que mais eu encontrasse.

Apocalipse 7:13 diz: "Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?" Gosto de imaginar que algumas dessas pessoas são as que Cristo livrou da pavorosa dor das agressões com as quais Satanás nos ataca. Quando penso na maneira pela qual Deus operou a Sua vontade na minha vida para eu ensinar, guiar, amar, falar, ouvir, advertir, alimentar, vestir e visitar os Seus filhos, posso ver as peças do quebra-cabeça espiritual se juntando. Saio fortalecida cada vez que Deus me usa para tocar a vida de alguém.

Muitas vezes penso na declaração de Paulo aos coríntios, segundo a qual ele, de boa vontade, se gloriaria nas fraquezas, para que o poder de Cristo repousasse sobre ele (II Coríntios 12:9).

Não, não alego ter todas as respostas. Mas uma coisa que eu sei é que, seja o que for que Deus tenha pensado antes de me formar no ventre da minha mãe, os Seus pensamentos para comigo eram de bênção e bondade. Os Seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem os Seus caminhos os nossos caminhos, mas Ele prometeu, em Isaías 61:7 - "Em lugar da vossa vergonha, tereis dupla honra; em lugar da afronta, exultareis na vossa herança; por isso, na vossa terra possuireis o dobro e tereis perpétua alegria." E Deus, somente, receberá a glória. - Cereatha J. Vaughn

DEUS NA ESPERANÇA

Senhor, que estás em tudo e além de tudo.
Senhor, que estás tão longe e estás tão perto.
Outrora, dentro em mim abria-se o deserto,
era muda a consciência e o pensamento mudo.

E, em redor, o Universo era apenas
os meus olhos à superfície.
Até à minha vista - a charneca e a planície;
Além da minha vista - a Montaha de Deus!

Tudo era aquém; tudo era para cá.
Tudo era feito de promessas vãs.
O caminho era triste, a vida má
e os dias sem manhãs...

Mas, como num céu negro o brilho de uma estrela,
um clarão de esperança, fugidio,
viu a aridez do meu deserto; e ao vê-la,
dentro de mim floriu!
Então, no berço novo da alegria,
Tu vieste Senhor, dar o Dia ao meu dia!

Tu vieste, Senhor! E, mal vieste,
tal como o sol a Natureza veste de côr,
assim Tua presença, uma palavra Tua,
a minha alma nua
vestiu de sonho e amor!


Autor Desconhecido


terça-feira, 23 de agosto de 2011

O TERROR DA ESCRAVATURA


       Sunarsih, nome fictício, tinha 17 anos e pertencia a uma família pobre quando começou a sonhar com uma vida melhor, fora da pequena aldeia indonésia onde vivia.
       Ninguém, nem mesmo a família, sabe o que lhe aconteceu há 15 anos, quando julgou ter encontrado a oportunidade por que ansiava, à semelhança de tantos indonésios das zonas mais pobres do país que sonham com uma vida melhor através da migração. Mas, para muitos, o sonho rapidamente se revela um pesadelo.
       À CNN, pedindo para não ser identificada, Sunarsih conta que respondeu a um anúncio que pedia uma jovem virgem, de pele escura e alta para empregada doméstica. "Fui escolhida entre centenas. Fiquei tão feliz, era como um sonho tornado realidade. Fiquei tão orgulhosa. Os meus amigos diziam como eu era sortuda por ter sido escolhida tão rapidamente", recorda.
       Duas semanas depois, o empregador levou-a para casa, na Arábia Saudita. E foi aí que o pesadelo começou.
       "O meu verdadeiro patrão não era ele, mas o seu pai, deficiente, paralisado na parte baixa do corpo", conta, explicando que era obrigada a estimulá-lo sexualmente, assim como aos seus nove filhos.
       Um dia, ao ver o portão aberto, Sunarsih fingiu que ia despejar o lixo e conseguiu fugir, acabando por encontrar um abrigo dirigido por indonésios, onde se julgou a salvo. Mas por pouco tempo.
       "Enganaram-me. Escapei da boca do crocodilo e acabei na do leão".
       Vendida por pouco menos de 900 euros a outro homem, foi obrigada a trabalhar como prostituta. Ao longo de um ano, foi violada de forma brutal.
       "Senti que estava a morrer", recorda. "Fui humilhada, trataram-me como um aninal"
       Acabou por ser uma intervenção da polícia saudita a libertá-la daquele pesadelo, apesar de ainda ter sido detida por seis meses antes de ser deportada. A vergonha impediu-a de contar à família.
       A UNICEF estima que cerca de 100 mil mulheres e crianças indonésias sejam traficadas como escravas sexuais tanto no país como no estrangeiro.

Visão, 18.11.2009

O objectivo do Dia Internacional para a Abolição da Escravatura (2 de Dezembro) é recordar a todos e em toda a parte, que a escravatura não é um problema do passado. Ainda hoje, por mais incrível que pareça, milhões de homens, mulheres e crianças são comprados e vendidos como bens móveis, forçados a trabalhos em regime de servidão, mantidos como escravos para fins rituais ou religiosos, ou traficados de uns países para outros. Pessoas vulneráveis, virtualmente abandonadas pelos sistemas jurídicos e sociais, são apanhadas numa engrenagem sórdida de exploração e de abusos, para serem vendidas e obrigadas a dedicar-se à prostituição.

Todas estas formas de escravatura constituem violações dos direitos humanos mais fundamentais como o direito à vida, o direito à dignidade e à segurança, o direito à saúde e à igualdade, o direito a condições de trabalho justas e satisfatórias. Trata-se de direitos humanos inalienáveis, independentemente do género, da nacionalidade, da condição social, da profissão ou de qualquer outra consideração. Isto é, direitos alicerçados na dignidade e no valor inerentes a cada ser humano, porque nenhum ser humano é propriedade de outro.




Por isso, a escravatura foi, num sentido muito real, a primeira questão de direitos humanos que se levantou. Foi também esta violação dos direitos humanos a primeira a ser combatida a nível internacional. Levou à aprovação das primeiras leis de direitos humanos e à criação da primeira organização não governamental sobre direitos humanos. Assim, a escravatura foi declarada ilegal pelas legislações nacionais e a sua prática foi proibida por numerosos instrumentos internacionais. No entanto, não obstante todos os esforços da comunidade internacional para combater esta prática abominável, homens, mulheres e crianças continuam a ser explorados. Vêem ser-lhes negados os seus direitos fundamentais e a sua dignidade, e são privados de qualquer esperança de um futuro melhor.

A abolição de todas as formas de escravatura continua a ser uma das principais prioridades das Nações Unidas, incentivando todos os Estados Membros a tomar uma posição firme contra esta realidade. As pessoas que cometem, toleram, ou facilitam a escravatura ou práticas aparentadas com esta devem ser responsabilizadas a nível nacional e, se necessário, a nível internacional. Como prevenção desta prática inaceitável e intolerável, a comunidade internacional deve fazer mais para combater a pobreza, a exclusão social, o analfabetismo, a ignorância e a discriminação que aumentam a vulnerabilidade e figuram entre as causas profundas deste flagelo.


Por outro lado, a escravatura ainda não foi erradicada, porque o próprio ser humano é escravo de si mesmo. Por esta razão, e de igual modo, devem ser reiterados a dignidade e o valor da pessoa humana criada à imagem de Deus. Perante a incapacidade do homem em dignificar-se a si mesmo e respeitar o seu semelhante, Deus promete que restaurará toda a natureza humana, devolvendo-lhe a perfeição da dignidade e do valor iniciais.

Acredito que o tempo em que isso acontecerá não vai tardar. "Sim! Vou chegar muito em breve!" (Apocalipse 22:20), reiterou Jesus.



Ezequiel Quintino, teólogo e jornalista in Pensar Faz Bem - Rádio Clube de Sintra

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CONSELHO DE UM PAI


DAVID  LIVINGSTONE

Este grande missionário e explorador escocês, que abriu a África ao trabalho missionário e à civilização ocidental, raramente podia ficar na companhia dos filhos devido às suas muitas expedições. Esta carta, escrita em 1859 ao filho Robert, que estava na Inglaterra, mostra a preocupação de um pai com o seu filho adolescente.


       Estive tão ocupado ultimamente aprontando documentos, que não pude escrever-te, embora pense com frequência que deveria fazê-lo.
       Tivemos poucos contactos... e, enquanto permaneci na Inglaterra, estive tão ocupado que não pude gozar muito da companhia dos meus filhos.
       Continuo bastante atarefado e creio estar prestando bons serviços à causa de Cristo na Terra.
       Agradou-Lhe coroar os meus esforços com o tipo de sucesso que o mundo aplaude...
       Estou ansioso ao ver aproximar-se a hora em que os filhos de África, por tanto tempo aviltados, estenderão as mãos para Deus.
       Como indivíduo nada posso fazer, mas Deus colocou no meu coração a vontade de tentar, e ajudou-me. De cada vez que me capacita, através de uma descoberta ou de alguma outra forma, a trazer o assunto de Deus diante da mente dos homens, está ajudando.

       O nosso grande dever como filhos Seus é o de trabalhar com Ele e por Ele.

       Muitas vezes parece um trabalho lento, ai de mim, e não é de forma alguma improvável que eu venha a morrer antes que os meus desejos para a Inglaterra e a África estejam a meio caminho de ser realizados. Mas, se eu trabalhar fielmente, Deus não ignorará o trabalho de fé, a labuta de amor...

       Gostaria que tu fosses um filho de Deus agradecido e amoroso. Precisas de te dar a Ele exactamente como és.
Não tentes ser nada além do que és. Jamais olhes para os outros e imagines que, para ser um servo de Cristo, precisas de ser como eles.

       Faz uma entrega total de toda a tua natureza a Deus. Dá-te a Ele para que Ele cumpra em ti a Sua vontade, e olha para Jesus, e apenas para Ele, como teu padrão, tua sabedoria, tua rectidão, tua santificação, tua redenção.
Há muito trabalho a ser realizado, e Ele precisa de pessoas com várias habilidades e temperamentos para realizá-lo. Se tu te entregares a Ele, Ele te empregará de maneita honrada, e na morte tu não deixarás de ser lamentado.

       Precisas de escolher um caminho na vida com a distinta referência à glória de Deus entre os homens. É um erro supor que Deus é melhor servido no ministério eclesiástico. Eu sirvo-O agora no comando de um barco a vapor. Posso pedir que a bênção de Deus repouse sobre mim na roda propulsora com uma consciência tão tranquila como se estivesse noutras circunstâncias subindo ao púlpito.




       Escolhe um caminho pelo qual tu serás capaz de beneficiar o mundo através dos teus esforços e dedica a Ele todas as energias, e que o Deus Todo-Poderoso te conceda ajuda e orientação.




Adaptado de CARTAS INSPIRATIVAS - Um Tesouro de grandes Cartas Espirituais de Todos os Tempos - Compiladas e Editadas por Ben Alex

terça-feira, 26 de julho de 2011




A  Visão  Que  Uma  Criança  Tem  Da  Sua  Avó


       Há muitos anos, uma menina de 4 anos, chamada Sandra Louise Doty, sentou-se num banco pequeno numa florista, enquanto a sua avó atendia os fregueses. Quando a avó e a neta conversaram, a menina começou a descrever o que ela achava SER UMA AVÓ.

       A idosa senhora anotou as palavras da neta, que têm sido citadas em todo o mundo. Sandra é actualmente a Sra D. Andrew De Mattia, e deu-nos autorização para transmitir a sua composição original, intitulada «O QUE É UMA AVÓ».

       A garotinha disse:
       Uma avó é uma senhora que não tem os seus próprios filhos, por isso ela gosta das menininhas das outras pessoas.
Um avô é como a avó mas é homem. Ele sai para passear com os meninos e eles falam sobre pescaria, tratores e outras coisas semelhantes.



       As avós não têm nada para fazer, excepto estar ali.
       Elas são velhas, por isso não devem brincar muito nem correr. Elas já fazem muito quando nos levam de carro até às lojas, onde está o cavalo de brinquedo, e levam uma porção de moedinhas separadas.
       Ou, se nos levam para um passeio, andam devagar para ver as folhas bonitas ou as lagartas. Elas não devem nunca dizer 'depressa!'



       Quase sempre, elas são gordas, mas não tão gordas que não possam amarrar os sapatos das crianças.
       Elas usam óculos e roupas de baixo esquisitas.
       Elas podem tirar os seus dentes e as suas gengivas.
       Elas não têm de ser muito inteligentes, somente responder a perguntas como:
       "Porque os cachorros odeiam os gatos?" ou "Porque Deus não é casado?"
       Elas não falam como os bebés falam, como fazem as visitas, porque é difícil de entender.
       Quando elas lêem para nós, não passam em branco as páginas nem prestam atenção para ver se é a mesma história outra vez."

       Então ela finalizou:
       "Todo o mundo deveria procurar ter uma avó, especialmente se a pessoa não tem televisão, porque as avós são os únicos adultos que têm tempo."

       Sandra nos disse quais os adultos que as crianças mais valorizam: os que são bondosos, os que apreciam as coisas melhores da vida e que não estão tão ocupados que não tenham tempo para amar uma criança.

James Dobson, Psicólogo e Conselheiro Familiar in LAR, doce LAR
Editora United Press Ltda, 2000





PRESERVANDO A SUA HERANÇA FAMILIAR


A letra de uma canção popular africana diz que, quando uma pessoa idosa morre, é como se uma biblioteca tivesse sido queimada. É verdade! Há uma riqueza de herança familiar na vida de cada pessoa que se perderá, caso não seja passada à próxima geração.
A fim de preservar essa herança para os nossos filhos, devemos dizer-lhes de onde viemos e porque estamos aqui neste momento.
Compartilhar a nossa fé, as nossas experiências familiares recebidas, os obstáculos a superar ou os infortúnios que sofremos, podem unir uma família e dar-lhe um sentido de identidade.

A minha bisavó (Nanny), que ajudou a me criar quando eu era menino, tinha quase 100 anos quando morreu. Eu vibrava ouvindo as histórias da sua vida passada no sertão.
Uma das suas história favoritas focalizava os leões da montanha que rodeavam a sua cabana de madeira à noite e atacavam os animais da fazenda. Ela podia ouvi-los urrando e passando perto da sua janela quando ela se deitava. O pai da minha avó procurava afastar os animais ferozes com o seu rifle (arma de fogo) antes que eles matassem um porco ou uma cabra.

Eu me sentava, fascinado, quando aquela doce velhinha falava de um mundo que há muito desapareceu, bem antes de eu nascer. Os seus relatos da vida nos campos ajudaram a criar em mim um amor especial por História, um assunto que ainda hoje me encanta.
As histórias do seu passado, da sua infância, do namoro com o seu cônjuge, etc., podem ser tesouros para os seus filhos. A menos que reaviva essas experiências com eles, essa parte da sua história terá ido embora para sempre.
Desenterre os tesouros do passado e faça-os reviver para os seus filhos na sua família.

James Dobson, idem



quarta-feira, 20 de julho de 2011

A JÓIA DA AMIZADE



Oh, o conforto, o inexprimível conforto, de nos sentirmos seguros com alguém; não termos de pesar os pensamentos nem medir as palavras, mas deitá-los todos fora tais quais são, palha e grão juntamente, sabendo que uma mão leal os há-de apanhar e joeirar, guardando o que vale a pena guardar, e depois, com o sopro da bondade, deitar o resto fora! George Eliot




Um amigo é presença na tua solidão... é alguém que pensa em ti quando estás ausente e rejubila quando estás presente. Nina




Para nós, que nos educamos na base do respeito pelo Homem, têm muito valor os simples encontros que se transformam, por vezes, em festas maravilhosas. Saint-Exupéry




Meu amigo não é aquele que pensa como eu, mas aquele que pensa comigo. Santo Agostinho




O que as puras afeições têm de bom, é que depois de as ter sentido, resta ainda a felicidade de recordá-las. Alexandre Dumas




A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um dos outro. Platão




Haverá algo mais belo do que teres alguém com quem possas conversar de todas as tuas coisas como se falasses contigo mesmo? Cícero




O verdadeiro amigo é aquele do qual podemos aceitar presentes sem que tenhamos algo para lhe oferecer. M. Simon




Os melhores perfumes vêm sempre em frascos pequeninos. As grandes amizades provam-se nos gestos pequenos. Pe R. Schneider SJ






A Amizade representa um dos mais fundamentais valores da existência, capaz de tornar a vida infinitamente mais bela e mais fecunda. Ignace Lepp