Era uma vez…
Um Coração que morava dentro do peito
dum menino Ladino muito são e escorreito.
E sabes porque razão o menino era são e escorreito?
- Porque o tal coração que ele tinha no peito
era um grande Sabichão!...
… E quando o menino Ladino tinha o prato
a abarrotar então o coração começava a pensar
e ficava triste, pequenino…
Sabes o que lhe lembrava o menino?
O Obélix a mastigar!
Por isso o coração armava logo
reboliço e punha-se a refilar:
- Por não comer, podes morrer!
Mas comer muito sem moderação
faz-te mal ao coração!
Faz subir a tensão e a gordura no
sangue.
Deves "comer para viver e não
viver para comer"!
Antes que eu me zangue (dizia ainda o
coração Sabichão), reduz a metade o que tens no prato
porque na verdade começo a ficar farto de tantas asneiras…
- Menino, tem maneiras!
… E quando o menino Ladino olhava para um bolo
o coração Sabichão dizia com seu saber profundo:
- Menino, não sejas tolo! Pareces o Holmer, o Simpson Pai,
que vai até ao fim do mundo por goluseimas!
Se teimas, vê bem no que te metes…
Olha a obesidade e a diabetes e tanta
outra enfermidade.
Tem, por isso, estas coisas bem
presentes:
- A doçura, vai encher-te de gordura…
… E vai-te estragar os dentes.
… E quando o menino Ladino ia buscar tabaco,
sem o pai saber, e acendia um cigarro
só para fazer crer que já era um homem,
o coração zangava-se a valer,
gritando à farta:
- Tabaco nunca, o tabaco mata!!
Fumar faz mal ao coração e provoca o cancro do pulmão.
Faz tão mal que, mesmo em pequena dose,
pode levar à trombose cerebral.
Até pode, de repente, fazer morrer a gente.
E, bravo como uma fera, o coração Sabichão gritava em polvorosa:
- Pareces a Pantera cor-de-rosa!
… E quando o menino Ladino acompanhado ou
sozinho bebia um poucochinho de vinho, o coração
dizia com os seus botões:
- Se eu fosse a ti não bebia… não tenhas ilusões!
O álcool tira o vigor, não deixa crescer nem
aprender as lições…
E, ainda pior, se apanhas uma bebedeira irás fazer
muita asneira…
E como era muito esperto o coração Sabichão
falava como um livro aberto:
- Deixa-te de tretas. Não sejas Pateta!
Não estás a ver que só deves beber
água que é a melhor bebida?
Menino não estragues a vida!
… E quando o menino Ladino
zangado aparecia
de rosto excitado e muito encarnado,
o coração ficava espantado e outra
vez arreliado.
De repente, via novamente no menino Ladino,
o Simpson Pai, e vai de gritar:
- Não sejas maníaco, olha o ataque
cardíaco!
Esses teus nervos vão-te levar ao
caixão.
- Tem pena do teu coração!
E quando o menino Ladino ia bater
uma sorna,
lá torna o coração Sabichão a ficar preocupado
e exclama desolado:
- Será que estou a ouvir este Snoopy ressonar…
ou estarei a sonhar?
- Isto não pode ser (dizia ainda o coração)
o que é que estás a fazer, ó atleta? Vai dar uma volta
de bicicleta!
Ou então vai nadar, andar a pé, correr até cansar
e transpirar.
- Novamente na sorna, não!! A sorna traz muitos malefícios.
- É mãe de todos os vícios.
Mas quando o menino Ladino corria e saltava…
Ah! O coração também falava, mas desta vez com aprovação!
Com muito tino, vendo no menino um Bart, o Simpson Filho.
Então o coração com um brilho ardente em cada
olho reluzente aplaudia e dizia:
- Bravo, amigo!
E já agora ouve o que te digo se não queres
ficar doente nem torto,
toca a marchar, pratica desporto.
- Vamos os dois brincar, saltar, jogar à bola
no recreio da Escola. Vamos correr p’ra viver!
Sabes? Parar é morrer!
… E quando o menino Ladino espirrava, tossia
ou dizia que a barriga lhe doía, o coração
porque era muito Sabichão, ficava preocupado
por ver o menino adoentado.
Então o coração, chamando a si a imagem e a coragem de Astérix,
o Gaulês, dizia por sua vez:
- Menino, por favor, anda comigo, vamos ao doutor.
o médico é um amigo!
E aqui acaba a história deste coração
Sabichão que era tão amigo do menino
Ladino que até morava dentro do seu peito!
Muito ajuizado em cada conselho
havia o amor dum irmão mais velho.
Mas não era, não! O coração tinha a
mesma idade do menino Ladino que cheio
de vaidade aprendeu a lição do seu
Sabichão.
E assim cresceu perfeito, muito são e escorreito!
Ilustração da capa - F. Jorge Silva; Colaboração: Merck Sharp & Dohme
(ver mais em Leituras para a Vida - 24.09.2011)