terça-feira, 26 de julho de 2016

Lições do TITANIC


               

       De vez em quando, o mundo é sacudido com a recordação da tragédia do Titanic.
       Após as recordações dramáticas vividas pelos que directamente viveram e relataram os factos, inúmeras tentativas foram feitas para encontrar os restos desse navio mítico (custando cada uma delas uma pequena fortuna) até que há bem poucos anos, finalmente, se deu a descoberta dos seus destroços, no fundo do Atlântico, a cerca de quatro mil metros.
       A partir daí, não mais se deixou de falar no caso. Ou porque se queriam tirar lucros financeiros da descoberta, ou porque os descendentes daqueles que perderam a vida no naufrágio achavam que a memória dos seus deveria ser deixada em paz, e que os restos do navio deveriam ser considerados "lugar sagrado" como tumba das vítimas mortais.
        Ultimamente o tema voltou à ribalta, desde que se produziu mais um filme sobre o assunto, filme esse que tem reunido à sua volta opiniões de grandeza tal que se está a tornar, ele próprio, num caso cinematográfico.
       Porém, a verdade é que ao longo destes quase noventa e seis anos, se tem vindo a confirmar que esta foi uma tragédia que podia ter sido evitada, não fora a insensatez e a vaidade humanas, que achavam ter feito uma obra tão perfeita que nada nem ninguém a poderia destruir. Nem o próprio Deus!
       Quer os tripulantes do Titanic, quer os dos outros navios que navegavam mais ou menos próximos, todos descansaram na certeza da "impossibilidade" deste barco se afundar.
       Todas as disposições tinham sido tomadas para esse fim.
       Eram quatro grandes compartimentos estanques e o barco poderia navegar com três deles inundados.
       Havia icebergs nas imediações? Que importância tinha isso? A prudência mandava que se diminuísse a velocidade do navio? Mas então como se provaria que ele seria capaz de fazer a travessia em tempo recorde? E além do mais para quê precauções? Ele não iria ao fundo!
       Só que o iceberg não sabia que aquele navio era insubmersível... e, por isso, rasgou os quatro compartimentos estanques. E a partir daí o Titanic não tinha salvação possível.
       Aliás, o desastre do Titanic começou a sua contagem decrescente, a partir do momento em que ao estabelecer os planos para a sua construção se formou na cabeça dos seus construtores e patrocinadores, a ideia de que ele era insubmergível. E isso custou a vida a mil, quinhentas e três pessoas.
       As vaidades humanas têm sempre um alto preço. O mais grave é que raramente são apenas os culpados os únicos a sofrer. Há sempre vítimas inocentes.
       Quando aprenderemos a lição do Titanic e de uma vez por todas reconheceremos as nossas limitações e nos colocaremos humildemente perante Deus, para que Ele nos guie?
       Meditando neste episódio, fazemos votos para que aprendamos, cada vez mais, a confiar no Deus que nos ama e dirige todas as coisas, e que nós costumamos dizer amar também.

       A Redacção


Mulheres e Crianças Primeiro

"Pensa bem! O Titanic! Um barco novo, maravilhoso, o barco dos sonhos! O Insubmergível! Vais estar lá na sua viagem inaugural!"
Ruth Becker sabia que o pai lhe dizia aquilo para a consolar, para a alegrar, já que não poderia acompanhá-los na viagem.
Estava-se em Fevereiro de 1912. Ruth Becker tinha doze anos e os seus pais, Allen e Nellie Becker, eram há quinze anos missionários adventistas na Índia. Agora a Sra. Becker e os seus três filhos preparavam-se para regressar aos Estados Unidos, mas o Sr. Becker não poderia acompanhá-los. O médico tinha-lhe recomendado repouso absoluto "durante algum tempo" lá nas montanhas da Índia, pois ele estava doente com uma grave erupção cutânea por todo o corpo.
"Não podemos esperar e ir mais tarde com o pai?" perguntou Ruth. E Marian, que tinha apenas quatro anos, acrescentou alegremente: "Vamos todos esperar pelo pai!"
"Não se esqueçam de que o médico disse que o pequeno Richard deve sair quanto antes do clima húmido da Índia. É por isso que temos de partir agora, pois não sabemos quando haverá novamente barco." Então voltando-se para o marido disse: "Há tanto tempo que esperamos ansiosos esta viagem de regresso a casa, que é um grande desapontamento não te termos connosco, querido."
"Coragem, meu amor!" disse ele, "A Ruth ajuda-te a cuidar da Marian e do Richard. Eu também em breve vou para casa."
Além de ter sido retido pela erupção na pele, o Sr. Becker queria ficar para terminar o seu período de trabalho.
"Vocês farão uma óptima viagem" continuou. "O navio de Bombaim para a Inglaterra é confortável. De lá vocês embarcarão no Titanic para Nova Yorque. Muitas pessoas vos vão invejar, porque nem todos os que queriam fazer a viagem inaugural do Titanic conseguiram lugar."
"Na verdade estou contente por irmos no Titanic", concordou ela "mas vai ser uma viagem muito triste sem a tua companhia". Marian, que ainda não tinha compreendido o porquê de tudo aquilo, começou a chorar...
"Porque é que o papá não pode vir com a gente? Porquê mamã, porquê? Eu quero o papá com a gente!" "Vamos. Não fiques triste" disse a Sra. Becker pegando-lhe ao colo.
"Nós não podemos realmente entender o porquê. Deus não nos está a dizer agora. Mas um dia havemos de compreender, vais ver."
Allen Becker não sabia o motivo, naquela ocasião, mas iria descobrir algumas semanas depois. No dia 18 de Abril receberia um telegrama que lhe mostraria a razão pela qual Deus o manteve por mais tempo na Índia.
Ruth, a mãe, a Marian e o bebé, partiram da Índia na data marcada. Ao chegar a Southampton, em Inglaterra, embarcaram no lindo e maravilhoso Titanic para fazerem a viagem através do Atlântico para Nova Yorque.
O Titanic tinha a bordo 2.207 passageiros e tripulantes registados ao iniciar a sua viagem naquela fria manhã de Primavera. Dizia-se que o navio era insubmergível. Acreditava-se que os compartimentos estanques com os quais fora dotado, impossibilitavam esse luxuoso navio de naufragar.
Mas na quinta noite de viagem, na fatídica noite de 14 de Abril, Ruth e a sua mãe foram acordadas, não por barulho, mas por um silêncio repentino. As gigantescas máquinas do Titanic tinham parado. Era quase meia-noite.
Então perceberam que se estava a passar alguma coisa estranha. Ouvia-se o barulho de pessoas nos corredores e no convés. Passos apressados seguidos pela voz do camaroteiro que batia na porta do seu camarote: "Toda a gente deve subir para o convés! Venham imediatamente!"
"Temos tempo para nos vestirmos?" perguntou a Sra. Becker. "Minha senhora" respondeu o camaroteiro "não há tempo para nada!"
E correu para o camarote ao lado. A Ruth e a mãe acordaram rapidamente as duas crianças, ajudaram-nas a calçar os sapatos e meias e a vestirem os casacos por cima dos pijamas. A Sra. Becker pegou então no seu dinheiro e desceram a correr as sete escadarias até ao convés superior.
Já se encontravam ali outros passageiros e havia mais gente a chegar; alguns já vestidos, outros apenas com roupões ou casacos a cobrir a roupa de dormir. Soprava um vento gélido, e havia gelo espalhado no convés.
Os passageiros não foram informados imediatamente sobre o que se passara, mas o gelo no convés só podia significar uma coisa: O Titanic tinha chocado com um iceberg! Este provocara um corte de aproximadamente 100 metros de comprimento no casco do navio. Essas notícias estarrecedoras foram divulgadas enquanto se ordenava que todos colocassem os coletes de salvação, e a tripulação preparava os botes salva-vidas. Algumas mulheres choravam silenciosamente. As crianças choramingavam e agarravam-se às saias das mães.
Mas mesmo assim, muitas pessoas não consideravam a situação grave. Afinal, o Titanic não era insubmergível? Em Southampton um dos marinheiros dissera a uma passageira: "Minha senhora, nem mesmo Deus conseguiria afundar este navio!" De acordo com a tradicional lei dos navios e do mar "Mulheres e crianças primeiro", os passageiros foram distribuídos pelas suas respectivas posições de salvamento, e as mulheres e as crianças foram as primeiras a entrar nos botes. Algumas mulheres recusaram-se a ir, preferindo permanecer com os maridos. Muitas não acreditavam que o Titanic se pudesse afundar. Mas também não havia botes que chegassem para todos.
Enquanto a Ruth e a mãe aguardavam a sua vez, a Sra. Becker percebeu que no meio daquelas águas encapeladas pelo vento, elas precisariam de algo mais do que os casacos para se aquecerem.
"Ruth, volta ao camarote e traz alguns cobertores. Ainda há tempo se fores depressa" disse ela para a filha. A Ruth saiu a correr para cumprir a sua missão e rapidamente estava de volta com três cobertores.
Marian e o bebé foram então colocados num salva-vidas e a tripulação gritou: "Já chega! Está cheio!"
"Não! Não!" suplicou a Sra. Becker. "São os meus filhos. Deixem-me ir com eles!" Finalmente ajudaram-na a subir e alguém gritou: "Mais ninguém! Está cheio! Passem ao próximo!"
Um oficial segurou Ruth e levou-a para outro salva-vidas. Quando finalmente já boiava nas águas escuras, ela reparou que ainda estava abraçada aos três cobertores.
Os homens que remavam no seu barco eram os que trabalhavam na casa das máquinas e por isso usavam roupas muito leves. Ali no meio do frígido Atlântico Norte, molhados pelo mar e cercados pelos icebergs, esses homens estavam realmente a sofrer com o frio. A Ruth deu-lhes então os cobertores; alguém os rasgou em pedaços e cada tripulante foi coberto, para que não morresse de frio.
A menina ouvia as pessoas dos outros botes chamarem e perguntou a si mesma, se a mãe e os irmãos estariam a salvo em algum deles. Ela orou pedindo segurança para os seus. Silenciosamente, orou dizendo:
"Por favor, Senhor, envia outro navio para nos encontrar". Ela observou o Titanic enquanto foi possível. Viam-se as filas de luzes. Via que, uma após outra, essas filas se apagavam enquanto o navio se afundava nas águas. Por fim deixou de ver o navio. E o que a Ruth não sabia, na altura, era que centenas de pessoas estavam presas no seu interior e que se afundaram juntamente com ele.
A 93km do Titanic, um navio bem mais pequeno, o Carpathia, viajava de Nova Yorque em direcção ao Mediterrâneo. O operador de rádio desse navio tinha captado o pedido de socorro do Titanic e deslocava-se a toda a velocidade para socorrer os seus passageiros.
Mas demorou quatro horas. E antes do Carpathia cobrir a distância, o Titanic já estava submerso no Atlântico.
Ao chegar, navegou em círculos na área do desastre, resgatando as pessoas que estavam nos salva-vidas que boiavam à deriva.
Logo após o raiar do dia, Ruth foi puxada para dentro do Carpathia. Foi envolta num cobertor quentinho e seguiu rapidamente para a sala de jantar, onde lhe foi servida uma bebida quente. Ali encontrou a mãe e os irmãos. A Sra. Becker abraçou a filha e chorou ao dizer repetidas vezes:
"Graças a Deus estamos salvos!"
Assim que o Carpathia se certificou de que não havia mais ninguém para salvar, dirigiu-se de volta a Nova Yorque. A viagem durou três dias. O nevoeiro era cerrado e intenso, de modo que o navio tinha de avançar devagar e cuidadosamente, com as sirenes de nevoeiro a soarem quase continuamente.
Apenas 704 passageiros e tripulantes sobreviveram ao desastre do Titanic. Mil, quinhentas e três pessoas morreram naquela noite, afundando-se com o navio, ou afogadas nas águas gélidas, à temperatura de dois graus centígrados, do Atlântico Norte.
Em Nova Yorque, Ruth e a mãe enviaram um telegrama ao Sr. Becker: "Chegámos bem a Nova Yorque. Os quatro salvos."

O Sr. Becker, que se encontrava numa remota região montanhosa da Índia, estranhou o telegrama.
"Porque será que gastaram tanto dinheiro num telegrama?" pensou consigo mesmo. "É claro que chegaram bem! Viajaram no Titanic!"
Porém, ainda no mesmo dia, soube do desastre e compreendeu o porquê do telegrama. Agora todos podiam perceber claramente porque é que Deus retivera o Sr. Becker na Índia. Se ele tivesse viajado no Titanic com a família, a lei do mar, "Mulheres e crianças primeiro", teria significado morte certa para ele. Deus sabia o que aconteceria e misericordiosamente impediu que o pai fizesse a viagem com a família. Oito meses mais tarde, toda a família se reuniu nos Estados Unidos.

Ruth, mais tarde Sra. Ruth Blanchard, foi professora no Estado de Michigan, nos Estados Unidos. Nunca esqueceu a noite de 14 de Abril de 1912 e a maneira maravilhosa que Deus usou para salvar a vida do seu pai missionário.

Texto de Irene Butler Engelbert in  Revista  Adventista,  Abril 1998.

Nota da Redacção - Enquanto o barco se afundava, a orquestra de bordo não parou de tocar. Nos momentos finais tocou um hino que no hinário adventista tem o nº 377 - "Mais Perto Quero Estar".


VIAJANDO  JUNTOS  PARA  O  LAR

Voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou,
estejais vós também." João 14:3

               Já vi o monte Rushmore. Visitei as cataratas do Niágara;
               Contemplei as obras de Miguel Ângelo, as paredes do museu Rijks;
               A Abadia de Westminster, as gôndolas de Veneza, o rio Reno,
               O arco do Triunfo, Petra e a fortaleza de Masada.

               Examinei as geleiras do Alasca; aspirei o ar dos Alpes Suíços;
               Vi os campos de tulipas em Amsterdão; o Kremlin e a Praça Vermelha;
               A Capela Sistina, a antiga Viena, os penhascos de Dover,
               O Coliseu de Roma e a iluminada Torre Eiffel à noite.

               Alegrei-me com a música de Chopin; vi a abóbada de pedra,
               A catedral de S. Basílio, o poderosos Big Ben,
               O treinamento dos cavalos de Lipizzaner; o muro ocidental,
               Getsêmani, Monte das Oliveiras, a tumba de Jesus - Gostei de tudo!

               Mas passei pela Via Ápia e vi as catacumbas;
               Os cruéis campos de concentração; lares em ruínas;
               Furacões e miséria; os resultados da guerra;
               Calamidades e corações angustiados; Não quero ver mais!

               Anelo ver a Terra renovada, sem espaço
               Para mísseis e arsenais, armas de fogo e tumbas silenciosas,
               Hospícios e prisões, câmaras de gás e polícia.
               Quero ver uma Terra mais feliz, de paz e alegria!

               Todas as atrações de que este mundo se orgulha somem na obcuridade
               Quando reflito sobre as maravilhas que Deus planeou para mim.
               O esplêndido Taj Mahal é apenas uma cabana em comparação
               Com as mansões que o precioso Senhor vem preparando.

               Muito além da escuridão da Terra existe um lugar glorioso
               Onde os cavalos de Lipizzaner poderão correr sobre colinas;
               Onde colheremos as flores do Éden, beberemos da fonte cristalina,
               Andaremos entre árvores gigantescas, seguros para sempre.

               Creio que haverá sendas adornadas de esmeraldas,
               Onde saudaremos patriarcas que se dirigem às ruas de ouro,
               Ou nos sentaremos com amigos para ver leões brincando com cordeiros,
               Na certeza de que nesse lugar não existe a sombra do temor.

               Quero ouvir o Salvador contando aquela "metade que não se contou"
               E pedir que a repita, pois será sempre nova.
               Ver o Pai em Seu trono de safiras, curvando-Se para dizer
               "Eu te amo!" com a face iluminada por um sorriso.

               O mundo está ficando escuro, muito escuro!
               Queridos nossos dormem nos leitos de pó.
               O Senhor está ansioso por retornar. Mal pode esperar!
               Tem saudades de Seus filhos. Por que, então, hesitamos?

               Façamos já as reservas. Nosso Guia está esperando
               Além do corredor de Órion, para conduzir-nos em segurança.
               Venha, então, viajar comigo, pois o Rei dos reis planeou
               A mais emocionante das viagens - rumo à Terra gloriosa!


Lorraine Hudgins
Pode conhecer o "corredor de Órion" e outros aspetos interessantes no vídeo abaixo, colocado também nos links 1R - "Os mistérios de Órion".

https://www.youtube.com/watch?v=1D89ATEAi9o