Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade, e a Sinceridade,
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração.
Então poderia dizer-vos:
“Meus amados irmãos, falo-vos do coração”,
ou então:
“com o coração nas mãos”.
Mas o meu coração é como o dos compêndios.
Tem duas válvulas (a tricúspida e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue ao circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis do movimento.
Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados,
e uma lâmina baça e agreste, que endurece,
a luz dos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e ateia os incêndios,
é coisa do simpático.
Vem tudo nos compêndios.
Então, meninos! Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?
«Eu poderia falar todas as línguas que se falam na terra
e até no céu,
mas, se não tivesse Amor, as minhas palavras seriam
como o barulho do gongo ou como o som do sino.
Poderia ter o dom de anunciar as mensagens de Deus,
ter todo o conhecimento, entender todos os segredos
e ter toda a fé necessária para tirar as montanhas
dos seus lugares; mas, se não tivesse Amor, eu não seria nada.
Poderia dar tudo o que tenho e até entregar o meu corpo para ser queimado;
mas, se eu não tivesse Amor, isso não me adiantaria nada.
O Amor é paciente e bondoso.
O Amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso.
Não é grosseiro nem egoísta.
Não se irrita, nem fica magoado.
O Amor não se alegra quando alguém faz alguma coisa errada,
mas se alegra quando alguém faz o que é certo.
O Amor nunca desanima, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência.
O Amor é eterno.
Há mensagens espirituais, mas durarão pouco.
Existem dons de falar em línguas estranhas, mas acabarão logo.
Há conhecimento, mas terminará também.
Pois os nossos dons de conhecimento e as nossas mensagens espirituais
existem somente em parte.
Mas, quando vier o que é perfeito,
então o que existe em parte desaparecerá.
Quando eu era criança, a minha maneira de falar,
de sentir e de pensar era de criança.
Agora que já sou adulto, não tenho mais essas maneiras de criança.
O que agora vemos é como uma imagem confusa num espelho,
mas depois veremos face a face.
Agora conheço somente em parte, mas depois conhecerei completamente,
assim como sou conhecido por Deus.
Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança e o Amor.
Porém o maior desses
é o AMOR.»