sábado, 10 de setembro de 2011

O SUICÍDIO NÃO É SOLUÇÃO



"Perdi quanto queria, em quanto cria
perdi a fé também!" Antero de Quental

"Que sempre o mal pior é ter nascido!" Idem

"É tudo, em torno a mim, dúvida e luto;
E, perdido num sonho imenso, escuto
o suspiro das coisas tenebrosas..." Ibidem


                                             (Local do Suicídio de Antero de Quental)

                                                     SUICÍDIO,  NÃO!  VIDA,  SIM!



TESTEMUNHO DE FORÇA E CORAGEM

"Antes que Eu te formasse no ventre materno, Eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações."
Jeremias 1:5

Jeremias foi acusado de traição política. Foi julgado, perseguido e aprisionado por palavras que tinha dito. O que pensava Deus antes de formar Jeremias no ventre da sua mãe? O que Ele pensava antes de me formar no ventre da minha mãe? Essas perguntas me perseguiram durante muitos anos, até que cheguei à linda constatação de que isso não me dizia respeito. Nunca. Dizia-me respeito, sim, trazer glória ao Seu nome.

Sou uma sobrevivente do abuso sexual, mental, físico e social, desde a tenra idade dos 6 anos. Por muitos anos, não consegui entender como Deus permitia que isso me acontecesse. Fui ensinada que Jesus me ama; porém, onde estava esse amor? Agora sei que, em todos esses infortúnios, Deus verdadeiramente colocava a Sua poderosa mão sobre a minha vida. Durante 23 anos, vivi num estado mental nebuloso, sob a influência de heroína, cocaína, álcool e o que mais eu encontrasse.

Apocalipse 7:13 diz: "Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?" Gosto de imaginar que algumas dessas pessoas são as que Cristo livrou da pavorosa dor das agressões com as quais Satanás nos ataca. Quando penso na maneira pela qual Deus operou a Sua vontade na minha vida para eu ensinar, guiar, amar, falar, ouvir, advertir, alimentar, vestir e visitar os Seus filhos, posso ver as peças do quebra-cabeça espiritual se juntando. Saio fortalecida cada vez que Deus me usa para tocar a vida de alguém.

Muitas vezes penso na declaração de Paulo aos coríntios, segundo a qual ele, de boa vontade, se gloriaria nas fraquezas, para que o poder de Cristo repousasse sobre ele (II Coríntios 12:9).

Não, não alego ter todas as respostas. Mas uma coisa que eu sei é que, seja o que for que Deus tenha pensado antes de me formar no ventre da minha mãe, os Seus pensamentos para comigo eram de bênção e bondade. Os Seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem os Seus caminhos os nossos caminhos, mas Ele prometeu, em Isaías 61:7 - "Em lugar da vossa vergonha, tereis dupla honra; em lugar da afronta, exultareis na vossa herança; por isso, na vossa terra possuireis o dobro e tereis perpétua alegria." E Deus, somente, receberá a glória. - Cereatha J. Vaughn

DEUS NA ESPERANÇA

Senhor, que estás em tudo e além de tudo.
Senhor, que estás tão longe e estás tão perto.
Outrora, dentro em mim abria-se o deserto,
era muda a consciência e o pensamento mudo.

E, em redor, o Universo era apenas
os meus olhos à superfície.
Até à minha vista - a charneca e a planície;
Além da minha vista - a Montaha de Deus!

Tudo era aquém; tudo era para cá.
Tudo era feito de promessas vãs.
O caminho era triste, a vida má
e os dias sem manhãs...

Mas, como num céu negro o brilho de uma estrela,
um clarão de esperança, fugidio,
viu a aridez do meu deserto; e ao vê-la,
dentro de mim floriu!
Então, no berço novo da alegria,
Tu vieste Senhor, dar o Dia ao meu dia!

Tu vieste, Senhor! E, mal vieste,
tal como o sol a Natureza veste de côr,
assim Tua presença, uma palavra Tua,
a minha alma nua
vestiu de sonho e amor!


Autor Desconhecido


terça-feira, 23 de agosto de 2011

O TERROR DA ESCRAVATURA


       Sunarsih, nome fictício, tinha 17 anos e pertencia a uma família pobre quando começou a sonhar com uma vida melhor, fora da pequena aldeia indonésia onde vivia.
       Ninguém, nem mesmo a família, sabe o que lhe aconteceu há 15 anos, quando julgou ter encontrado a oportunidade por que ansiava, à semelhança de tantos indonésios das zonas mais pobres do país que sonham com uma vida melhor através da migração. Mas, para muitos, o sonho rapidamente se revela um pesadelo.
       À CNN, pedindo para não ser identificada, Sunarsih conta que respondeu a um anúncio que pedia uma jovem virgem, de pele escura e alta para empregada doméstica. "Fui escolhida entre centenas. Fiquei tão feliz, era como um sonho tornado realidade. Fiquei tão orgulhosa. Os meus amigos diziam como eu era sortuda por ter sido escolhida tão rapidamente", recorda.
       Duas semanas depois, o empregador levou-a para casa, na Arábia Saudita. E foi aí que o pesadelo começou.
       "O meu verdadeiro patrão não era ele, mas o seu pai, deficiente, paralisado na parte baixa do corpo", conta, explicando que era obrigada a estimulá-lo sexualmente, assim como aos seus nove filhos.
       Um dia, ao ver o portão aberto, Sunarsih fingiu que ia despejar o lixo e conseguiu fugir, acabando por encontrar um abrigo dirigido por indonésios, onde se julgou a salvo. Mas por pouco tempo.
       "Enganaram-me. Escapei da boca do crocodilo e acabei na do leão".
       Vendida por pouco menos de 900 euros a outro homem, foi obrigada a trabalhar como prostituta. Ao longo de um ano, foi violada de forma brutal.
       "Senti que estava a morrer", recorda. "Fui humilhada, trataram-me como um aninal"
       Acabou por ser uma intervenção da polícia saudita a libertá-la daquele pesadelo, apesar de ainda ter sido detida por seis meses antes de ser deportada. A vergonha impediu-a de contar à família.
       A UNICEF estima que cerca de 100 mil mulheres e crianças indonésias sejam traficadas como escravas sexuais tanto no país como no estrangeiro.

Visão, 18.11.2009

O objectivo do Dia Internacional para a Abolição da Escravatura (2 de Dezembro) é recordar a todos e em toda a parte, que a escravatura não é um problema do passado. Ainda hoje, por mais incrível que pareça, milhões de homens, mulheres e crianças são comprados e vendidos como bens móveis, forçados a trabalhos em regime de servidão, mantidos como escravos para fins rituais ou religiosos, ou traficados de uns países para outros. Pessoas vulneráveis, virtualmente abandonadas pelos sistemas jurídicos e sociais, são apanhadas numa engrenagem sórdida de exploração e de abusos, para serem vendidas e obrigadas a dedicar-se à prostituição.

Todas estas formas de escravatura constituem violações dos direitos humanos mais fundamentais como o direito à vida, o direito à dignidade e à segurança, o direito à saúde e à igualdade, o direito a condições de trabalho justas e satisfatórias. Trata-se de direitos humanos inalienáveis, independentemente do género, da nacionalidade, da condição social, da profissão ou de qualquer outra consideração. Isto é, direitos alicerçados na dignidade e no valor inerentes a cada ser humano, porque nenhum ser humano é propriedade de outro.




Por isso, a escravatura foi, num sentido muito real, a primeira questão de direitos humanos que se levantou. Foi também esta violação dos direitos humanos a primeira a ser combatida a nível internacional. Levou à aprovação das primeiras leis de direitos humanos e à criação da primeira organização não governamental sobre direitos humanos. Assim, a escravatura foi declarada ilegal pelas legislações nacionais e a sua prática foi proibida por numerosos instrumentos internacionais. No entanto, não obstante todos os esforços da comunidade internacional para combater esta prática abominável, homens, mulheres e crianças continuam a ser explorados. Vêem ser-lhes negados os seus direitos fundamentais e a sua dignidade, e são privados de qualquer esperança de um futuro melhor.

A abolição de todas as formas de escravatura continua a ser uma das principais prioridades das Nações Unidas, incentivando todos os Estados Membros a tomar uma posição firme contra esta realidade. As pessoas que cometem, toleram, ou facilitam a escravatura ou práticas aparentadas com esta devem ser responsabilizadas a nível nacional e, se necessário, a nível internacional. Como prevenção desta prática inaceitável e intolerável, a comunidade internacional deve fazer mais para combater a pobreza, a exclusão social, o analfabetismo, a ignorância e a discriminação que aumentam a vulnerabilidade e figuram entre as causas profundas deste flagelo.


Por outro lado, a escravatura ainda não foi erradicada, porque o próprio ser humano é escravo de si mesmo. Por esta razão, e de igual modo, devem ser reiterados a dignidade e o valor da pessoa humana criada à imagem de Deus. Perante a incapacidade do homem em dignificar-se a si mesmo e respeitar o seu semelhante, Deus promete que restaurará toda a natureza humana, devolvendo-lhe a perfeição da dignidade e do valor iniciais.

Acredito que o tempo em que isso acontecerá não vai tardar. "Sim! Vou chegar muito em breve!" (Apocalipse 22:20), reiterou Jesus.



Ezequiel Quintino, teólogo e jornalista in Pensar Faz Bem - Rádio Clube de Sintra

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CONSELHO DE UM PAI


DAVID  LIVINGSTONE

Este grande missionário e explorador escocês, que abriu a África ao trabalho missionário e à civilização ocidental, raramente podia ficar na companhia dos filhos devido às suas muitas expedições. Esta carta, escrita em 1859 ao filho Robert, que estava na Inglaterra, mostra a preocupação de um pai com o seu filho adolescente.


       Estive tão ocupado ultimamente aprontando documentos, que não pude escrever-te, embora pense com frequência que deveria fazê-lo.
       Tivemos poucos contactos... e, enquanto permaneci na Inglaterra, estive tão ocupado que não pude gozar muito da companhia dos meus filhos.
       Continuo bastante atarefado e creio estar prestando bons serviços à causa de Cristo na Terra.
       Agradou-Lhe coroar os meus esforços com o tipo de sucesso que o mundo aplaude...
       Estou ansioso ao ver aproximar-se a hora em que os filhos de África, por tanto tempo aviltados, estenderão as mãos para Deus.
       Como indivíduo nada posso fazer, mas Deus colocou no meu coração a vontade de tentar, e ajudou-me. De cada vez que me capacita, através de uma descoberta ou de alguma outra forma, a trazer o assunto de Deus diante da mente dos homens, está ajudando.

       O nosso grande dever como filhos Seus é o de trabalhar com Ele e por Ele.

       Muitas vezes parece um trabalho lento, ai de mim, e não é de forma alguma improvável que eu venha a morrer antes que os meus desejos para a Inglaterra e a África estejam a meio caminho de ser realizados. Mas, se eu trabalhar fielmente, Deus não ignorará o trabalho de fé, a labuta de amor...

       Gostaria que tu fosses um filho de Deus agradecido e amoroso. Precisas de te dar a Ele exactamente como és.
Não tentes ser nada além do que és. Jamais olhes para os outros e imagines que, para ser um servo de Cristo, precisas de ser como eles.

       Faz uma entrega total de toda a tua natureza a Deus. Dá-te a Ele para que Ele cumpra em ti a Sua vontade, e olha para Jesus, e apenas para Ele, como teu padrão, tua sabedoria, tua rectidão, tua santificação, tua redenção.
Há muito trabalho a ser realizado, e Ele precisa de pessoas com várias habilidades e temperamentos para realizá-lo. Se tu te entregares a Ele, Ele te empregará de maneita honrada, e na morte tu não deixarás de ser lamentado.

       Precisas de escolher um caminho na vida com a distinta referência à glória de Deus entre os homens. É um erro supor que Deus é melhor servido no ministério eclesiástico. Eu sirvo-O agora no comando de um barco a vapor. Posso pedir que a bênção de Deus repouse sobre mim na roda propulsora com uma consciência tão tranquila como se estivesse noutras circunstâncias subindo ao púlpito.




       Escolhe um caminho pelo qual tu serás capaz de beneficiar o mundo através dos teus esforços e dedica a Ele todas as energias, e que o Deus Todo-Poderoso te conceda ajuda e orientação.




Adaptado de CARTAS INSPIRATIVAS - Um Tesouro de grandes Cartas Espirituais de Todos os Tempos - Compiladas e Editadas por Ben Alex

terça-feira, 26 de julho de 2011




A  Visão  Que  Uma  Criança  Tem  Da  Sua  Avó


       Há muitos anos, uma menina de 4 anos, chamada Sandra Louise Doty, sentou-se num banco pequeno numa florista, enquanto a sua avó atendia os fregueses. Quando a avó e a neta conversaram, a menina começou a descrever o que ela achava SER UMA AVÓ.

       A idosa senhora anotou as palavras da neta, que têm sido citadas em todo o mundo. Sandra é actualmente a Sra D. Andrew De Mattia, e deu-nos autorização para transmitir a sua composição original, intitulada «O QUE É UMA AVÓ».

       A garotinha disse:
       Uma avó é uma senhora que não tem os seus próprios filhos, por isso ela gosta das menininhas das outras pessoas.
Um avô é como a avó mas é homem. Ele sai para passear com os meninos e eles falam sobre pescaria, tratores e outras coisas semelhantes.



       As avós não têm nada para fazer, excepto estar ali.
       Elas são velhas, por isso não devem brincar muito nem correr. Elas já fazem muito quando nos levam de carro até às lojas, onde está o cavalo de brinquedo, e levam uma porção de moedinhas separadas.
       Ou, se nos levam para um passeio, andam devagar para ver as folhas bonitas ou as lagartas. Elas não devem nunca dizer 'depressa!'



       Quase sempre, elas são gordas, mas não tão gordas que não possam amarrar os sapatos das crianças.
       Elas usam óculos e roupas de baixo esquisitas.
       Elas podem tirar os seus dentes e as suas gengivas.
       Elas não têm de ser muito inteligentes, somente responder a perguntas como:
       "Porque os cachorros odeiam os gatos?" ou "Porque Deus não é casado?"
       Elas não falam como os bebés falam, como fazem as visitas, porque é difícil de entender.
       Quando elas lêem para nós, não passam em branco as páginas nem prestam atenção para ver se é a mesma história outra vez."

       Então ela finalizou:
       "Todo o mundo deveria procurar ter uma avó, especialmente se a pessoa não tem televisão, porque as avós são os únicos adultos que têm tempo."

       Sandra nos disse quais os adultos que as crianças mais valorizam: os que são bondosos, os que apreciam as coisas melhores da vida e que não estão tão ocupados que não tenham tempo para amar uma criança.

James Dobson, Psicólogo e Conselheiro Familiar in LAR, doce LAR
Editora United Press Ltda, 2000





PRESERVANDO A SUA HERANÇA FAMILIAR


A letra de uma canção popular africana diz que, quando uma pessoa idosa morre, é como se uma biblioteca tivesse sido queimada. É verdade! Há uma riqueza de herança familiar na vida de cada pessoa que se perderá, caso não seja passada à próxima geração.
A fim de preservar essa herança para os nossos filhos, devemos dizer-lhes de onde viemos e porque estamos aqui neste momento.
Compartilhar a nossa fé, as nossas experiências familiares recebidas, os obstáculos a superar ou os infortúnios que sofremos, podem unir uma família e dar-lhe um sentido de identidade.

A minha bisavó (Nanny), que ajudou a me criar quando eu era menino, tinha quase 100 anos quando morreu. Eu vibrava ouvindo as histórias da sua vida passada no sertão.
Uma das suas história favoritas focalizava os leões da montanha que rodeavam a sua cabana de madeira à noite e atacavam os animais da fazenda. Ela podia ouvi-los urrando e passando perto da sua janela quando ela se deitava. O pai da minha avó procurava afastar os animais ferozes com o seu rifle (arma de fogo) antes que eles matassem um porco ou uma cabra.

Eu me sentava, fascinado, quando aquela doce velhinha falava de um mundo que há muito desapareceu, bem antes de eu nascer. Os seus relatos da vida nos campos ajudaram a criar em mim um amor especial por História, um assunto que ainda hoje me encanta.
As histórias do seu passado, da sua infância, do namoro com o seu cônjuge, etc., podem ser tesouros para os seus filhos. A menos que reaviva essas experiências com eles, essa parte da sua história terá ido embora para sempre.
Desenterre os tesouros do passado e faça-os reviver para os seus filhos na sua família.

James Dobson, idem



quarta-feira, 20 de julho de 2011

A JÓIA DA AMIZADE



Oh, o conforto, o inexprimível conforto, de nos sentirmos seguros com alguém; não termos de pesar os pensamentos nem medir as palavras, mas deitá-los todos fora tais quais são, palha e grão juntamente, sabendo que uma mão leal os há-de apanhar e joeirar, guardando o que vale a pena guardar, e depois, com o sopro da bondade, deitar o resto fora! George Eliot




Um amigo é presença na tua solidão... é alguém que pensa em ti quando estás ausente e rejubila quando estás presente. Nina




Para nós, que nos educamos na base do respeito pelo Homem, têm muito valor os simples encontros que se transformam, por vezes, em festas maravilhosas. Saint-Exupéry




Meu amigo não é aquele que pensa como eu, mas aquele que pensa comigo. Santo Agostinho




O que as puras afeições têm de bom, é que depois de as ter sentido, resta ainda a felicidade de recordá-las. Alexandre Dumas




A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um dos outro. Platão




Haverá algo mais belo do que teres alguém com quem possas conversar de todas as tuas coisas como se falasses contigo mesmo? Cícero




O verdadeiro amigo é aquele do qual podemos aceitar presentes sem que tenhamos algo para lhe oferecer. M. Simon




Os melhores perfumes vêm sempre em frascos pequeninos. As grandes amizades provam-se nos gestos pequenos. Pe R. Schneider SJ






A Amizade representa um dos mais fundamentais valores da existência, capaz de tornar a vida infinitamente mais bela e mais fecunda. Ignace Lepp

domingo, 26 de junho de 2011

NA COMIDA, O POTENCIAL PARA O VÍCIO



       Em 1976 tive a oportunidade de participar da delegação brasileira ao II Congresso Mundial da Comissão Internacional para a Prevenção do Alcoolismo e Dependência de Drogas, em Acapulco, México.
Entre as várias teses apresentadas, mereceu destaque, como registei em reportagem para Mocidade, as "conclusões da Dra. Patrícia Mutch, catedrática de Nutrição da Universidade Andrews, Estados Unidos, segundo as quais o regime alimentar dos norte-americanos, com excesso de produtos refinados, perverte o apetite e induz ao desejo de consumir álcool". - Acapulco, México - Um Congresso Para Vencer o Álcool, Op. Cit., Fevereiro de 1977, pág. 8.

       O tipo de alimentação servido nos "fast food restaurants" (restaurantes de refeições rápidas), tão comuns na paisagem urbana americana, sempre foi denunciado por pessoas conscienciosas e preocupadas com a boa alimentação que a apelidaram "junk food" (comida-refugo). Denunciam sobretudo o excesso de açúcar, sal, colesterol, gorduras saturadas, etc., que caracteriza tais refeições expressas. E para piorar a situação, os hamburguers, tostas e fritos fornecidos nesses estabelecimentos populares (que já estendem os seus tentáculos expansionistas em filiais por outras terras, inclusive a nossa) são geralmente regados a refrigerantes carregados de elementos químicos artificiais e generosas porções de açúcar refinado.

       A tese da Dra. Patrícia Mutch teve plena confirmação por parte da nutricionista brasileira, Maria Tereza Vasques, professora dessa especialidade na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo as suas palavras, registadas no semanário Manchete:
"A sociedade americana, campeã da competição do fast food, é também a campeã de doenças do aparelho digestivo, que vão desde uma simples prisão de ventre ou hemorróidas até diverticulites e vários tipos de cancro. Boa parte dessas doenças poderia ser evitada se as pessoas comessem celulose, que activa o peristaltismo intestinal e é encontrada nas fibras vegetais. Um sumo de laranja batido com a polpa já ajudaria bastante."

       Mas essas doenças comuns não são resultantes únicas dos hábitos alimentares do tipo popular americano. A nutricionista Patrícia (não confundir com a Patrícia americana) explica que o potencial para a dependência de álcool ou drogas "está presente na vida de qualquer pessoa que tenha no seu menu diário - e quase todas têm - o inimigo número um do organimo humano: açúcares de cadeia curta, monossacarídeos ou dissacarídeos" que "dão uma energia imediata, pois entram rapidamente na circulação sanguínea".

Falando do papel dos "açúcares de cadeia longa"(o amido), preferíveis, ela explica:
"Como estes polissacarídeos demoram mais a serem sintetizados, as células acostumam-se à energia fácil dos açúcares de cadeia curta e, com a sua estrutura bioquímica alterada, não conseguem mais tirar energia dos outros alimentos. Esse processo de dependência leva as células a procurarem um tipo de energia cada vez mais rápido, que pode ser encontrado ainda noutros elementos energizantes chamados de primeira geração, como os alcalóides (chá-preto, chocolate, guaraná em pó, refrigerantes de sabor cola e qualquer outra coisa que contenha cafeína) ou bebidas alcoólicas fermentadas (cerveja e vinho). A fonte de energia mais rápida e mais prejudicial ao corpo humano está nos energizantes de segunda geração, que são as bebidas destiladas (uísque, cachaça, vodca, etc.) e nas drogas pesadas como a cocaína.

       Adverte a nutricionista que devido ao regime alimentar errado, uma criança "é condicionada desde o útero materno a comer doces, chocolate, a tomar coca-cola. Os óvulos da mãe já podem trazer mitocôndrias alteradas, e essa herança familiar é muito forte". Tal condicionamento pode gerar mais tarde o apetite para álcool e drogas, é a sua conclusão.
Como é quase impossível fugir dos "açúcares (energizantes) de cadeia curta" no regime alimentar e no estilo de vida urbano moderno, Maria Tereza Vasques explica que eles "podem até continuar presentes na rotina alimentar, desde que se consiga equilibrar o seu consumo com o dos alimentos protectores, que são todos os vegetais, raízes, caules, sementes, frutas, leite e derivados."

       Aliada a uma professora de educação física, Daysi Pereira, a nutricionista desenvolveu um programa de recuperação de viciados baseado numa dieta "à base de cereais, frutas, verduras e legumes". ... Ela também faz sérias críticas a certas clínicas de recuperação de viciados que apenas trocam dependência: "Desintoxicam o doente com remédios e depois o viciam em calmantes ou açúcar. Enchem os alcoólicos de açúcar, e 30% saem das clínicas diabéticos." - "Drogas, Uma Nutricionista Brasileira Propõe a Cura Pela Alimentação", Alexandre Kacelnik, Op. Cit., 28/2/87.

Azenilto G. Brito in O DESAFIO DAS DROGAS - Como Vencê-lo



«Há alguns anos na Universidade de Loma Linda, foram feitas algumas experiências com animais de laboratório. Organizaram dois grupos de ratos. «O grupo A passou a usar a alimentação vulgar do adolescente, encontrada nos snaks-bars, ou seja, rica em gordura e em açúcares, com pouca ou nenhuma fibra.
«O grupo B foi alimentado com cereais integrais, frutas e verduras, conforme a aceitação dos ratos.

«O que acontece quando se ingere alimentos do tipo daqueles que os ratos do grupo A receberam? São alimentos refinados e portanto muito concentrados, com muita gordura, que dificultam o trabalho das enzimas do aparelho digestivo que não serão suficientes para digerir, rapidamente e eficientemente, esses alimentos.
«O açúcar, por exemplo, não pode ser absorvido para o interior da circulação na forma como chega ao estômago. O açúcar é um composto formado pela união da glicose com a frutose. Somente após a separação dessas duas moléculas se processa a absorção.
Como o processo digestivo não está funcionando bem devido ao tipo de alimento, o açúcar demora a ser digerido e sob a acção das bactérias intestinais é transformado em substâncias do tipo acetona, aldeídos, álcool e ácido acético (vinagre). Aí está um facto importante. Você pensa nunca ter ingerido álcool, mas esse é formado no processo digestivo quando o alimento for fritos, sanduíches, refrigerantes, doces, etc.
«Essas substâncias prejudiciais entram na corrente sanguínea e circulam até ao cérebro. Como consequência, uma ou duas horas depois, vem o mal estar. Há uma sensação de torpor, cansaço e tonturas, etc., resultantes dessas substâncias químicas formadas através da fermentação.

«Voltando aos ratos: após algum tempo de vida com essa alimentação, foi colocado diante dos dois grupos a oportunidade de escolher dois tipos de bebida: álcool e água. O grupo B, que recebera alimentação integral e natural, optou somente por água. O álcool não lhes interessou. Mas os ratos do grupo A, com refeições à base de alimentos refinados e com alta concentração de calorias, preferiram beber álcool em vez de água.
«É possível que nenhuma mãe desejasse que os seus filhos viessem a ser dependentes do álcool, de drogas ou de outro vício qualquer. Mas, inconscientemente, no dia a dia da sua alimentação, pode ser gerado no jovem a sede por bebidas e substâncias fortes e estimulantes. E sabemos que uma coisa atrai a outra. Uma dependência por determinado produto atrai outro mais forte e poderoso em seus efeitos.»
Sang Lee, médico especialista em Medicina Interna e Alergologia in LIBERTE-SE!


sexta-feira, 17 de junho de 2011

ENCONTRO COM O DEUS DA CRIAÇÃO



Busquei Deus.

Andei por colinas, desertos vazios e estéreis.
Explorei buliçosas cidades, percorri congestionadas estradas.
Procurei, mas não consegui encontrá-l'O.
Em aflição gritei pelo Seu nome!

E então a Sua reconfortante presença encheu-me o coração subjugado.


"Querida filha", sussurrou Ele, "estou mais perto de ti do que imaginas;
as coisas que Eu criei têm o propósito de to mostrar.


À noite, os Meus braços circundam-te no esplendor dos astros:
Arcturus, Saturno, Júpiter, as Plêiades, Sirius, Orion...
Sou Eu que guio os peixes até às praias, o pardal ao seu ninho
e guardo a beleza das pedras preciosas no Meu cofre.
Há seis mil anos, fixei a órbita do Sol, preparei as águias para o voo
e ensinei o leopardo a correr.

Eu sabia que o chimpanzé te divertiria com as suas momices
e que Me encontrarias nas brincadeiras dos golfinhos.

Durante anos, com o maná, sustentei uma nação. Livrei-a das pragas.
Abriguei o fugitivo Jonas no ventre de um grande peixe.
Dei forças a Sansão para brandir uma queixada de um jumento.
Enviei um corvo a Elias e um abrigo para a aflição de David.
O óleo para a viúva e uma rede de pesca na Galiléia
para os Meus discípulos labutarem.

Tu não podes cavalgar um cometa que se projecta no espaço.
Não podes fazer desaparecer nenhum misterioso buraco negro do céu.
Não consegues desenhar nenhuma das iridescentes asas de uma só borboleta
nem segurar nas tuas mãos uma montanha para lhe modificar o tamanho.

Não podes apagar o Sol ou esconder o fulgor da Lua cheia,
construir uma colmeia, tingir uma rosa ou fazer crescer uma espiga.
Mas podes caminhar ao Meu lado, ouvir a Minha voz e segurar a Minha mão.

E enquanto caminhamos juntos, tu e Eu, entenderás melhor o Meu amor por ti
em cada violeta que desabrocha aos teus pés,
no leque opalescente do pavão, no débil balido de um cordeiro."


Assim falou o Arquitecto da criação, quando separei tempo para orar.
Aprendi que Ele espera por mim no início de cada novo dia.

Achei-O!


Sim, achei-O na frescura do orvalho, num bálsamo curativo,
no azul do céu sem nuvens ao meio-dia.
Achei-O no crepúsculo.
Observei os Seus dedos que pintavam o céu com infindáveis opções de cores.
Os vivos matizes e as cores que se transformam deixam-me sem fôlego:
vejo o carmesim, o amarelo, o rosa, o ouro, passarem lentamente para o cinza.

Sinto a Sua mão em suaves brisas que me acariciam o rosto.
Encontro-O no gorjeio de um pássaro, no branco e puro lírio,
no raio de luar sobre o meu travesseiro no sossego da noite...

E assim, toda a vez que O busco ajoelhada em oração, sinto o bater do meu coração
e reconheço, feliz, que estou sob os Seus cuidados!


"Buscar-Me-eis e Me achareis, quando Me buscardes
de todo o vosso coração."
Jeremias 29:13

Lorraine Hudgins




RESPEITAR  E  COLABORAR  NA  PRESERVAÇÃO  
DA  CRIAÇÃO  DE  DEUS  
É  UM  PRAZER  E  O  DEVER  DE  CADA  UM  DE  NÓS

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O ÚLTIMO BRINQUEDO


Lembro-me perfeitamente do último brinquedo que os meus pais me compraram: uma enorme nave espacial do então popularíssimo He-Man, herói loiro e musculado que ao lado da bombástica She-Ra (sua irmã gémea) combatia as forças do malvado Skeletor. Eu já tinha uma vasta parafernália de bonecos, incluindo o castelo Grayskull e o tigre verde que He-Man cavalgava nas batalhas, mas a nave espacial era a cereja em cima do bolo, longamente desejada.
Namorei-a durante tanto tenpo que quando chegou a altura de a comprar devia ter uns 14 ou 15 anos, e portanto já estava na idade em que era suposto gostar mais das minhas colegas de carne e osso do que de brinquedos de plástico... Resultado: a nave espacial foi comprada meio às escondidas, num misto de desejo e de vergonha, e jamais falei dela aos meus amigos - seria uma brecha infantil no muro do 'já não sou criança' que naquela altura tanto trabalho dava a pôr de pé.
Durante anos e anos, os brinquedos haviam sido uma fonte de perpétua felicidade. Achava impensável que um dia pudesse deixar de gostar deles: eu não iria ser como os outros, viveria até ser velho rodeado de fortes e naves espaciais, em batalhas épicas onde os maus tinham sempre mortes de curta duração - logo voltavam, mais malévolos e terríveis, disponíveis para vender cara a pele na próxima (e inevitável) derrota.
Todas estas memórias regressaram há 15 dias quando fui ao cinema com os meus filhos ver o maravilhoso Toy Story 3, um filme que parece que é para eles mas que é em primeiro lugar para nós, os adultos, eternos nostálgicos da nossa infância.
Adivinhem quem estava a limpar os olhos no final? Não eram eles, não - o momento em que Andy entrega os seus melhores brinquedos a uma nova criança é uma das cenas mais comoventes de toda a história do cinema de animação.
E é comovente porque nós nos revemos nela, porque quando temos filhos essa cena acontece em cada uma das nosssas casas. O Tomás hoje em dia dá nova vida aos meus índios e cowboys, aos gladiadores já sem tinta e aos carros com que fiz notáveis corridas entre as pernas das cadeiras da minha sala. Nas suas pequenas mãos, os meus velhos brinquedos ganham uma nova vida. Por isso, na próxima visita a Portalegre acho que vou mergulhar no sótão à procura da nave espacial do He-Man. Conheço a pessoa certa para a pôr a voar outra vez.

João Miguel Tavares - Jornalista
Ilustração de José Carlos Fernandes



UM TEMPO PARA SI

Ele era um jovem casado, pai de um filho de seis anos. Ao olhar para o futuro, queria ser capaz de dar à sua família mais do que aquilo que o seu actual trabalho e salário permitiam. Por isso, começou a sua própria empresa.
Ser propretário de uma empresa pode parecer empolgante, mas a maioria das pessoas não compreende o tremendo dispêndio de tempo que um negócio implica. Deu por si a trabalhar doze, catorze e até dezasseis horas por dia, sete dias por semana. Essa situação prolongou-se durante meses. Como era de esperar, um horário desses reflectiu-se na sua família.
Um dia, estava este jovem empresário no trabalho, quando deu por falta de um papel de que precisava com muita urgência. Tinha-o deixado em casa. Assim, durante a hora do almoço, foi buscá-lo. Subiu as escadas a correr, foi ao quarto, agarrou no documento, e voltou a descer, sempre a correr. Já ia a meio da sala de jantar quando o seu filho o viu. O menino já não estava com o pai há semanas, uma vez que, quando acordava, já ele tinha saído e, quando o pai regressava a casa, já ele estava a dormir.
"Papá, papá", gritou o menino a correr para ele. "Fica comigo!" Agarrado à perna do pai, recusava-se a deixá-lo partir. Não conseguindo livrar-se do filho, o pai ajoelhou-se e deu-lhe um abraço.
O sétimo aniversário do filho seria em breve, por isso disse-lhe: "Agora tenho de ir para o trabalho, mas volto já. Está quase a chegar o teu dia de anos. O que queres que te dê? Diz-me que eu compro. O que tu quiseres!"
O menino respondeu: "Quero-te a ti, Papá."
"Mas tu tens-me", respondeu. "Diz-me só o que tu queres para os teus anos e eu compro-te, se me deixares voltar para o trabalho agora. Queres um jogo de vídeo, um cãozinho ou um combóio eléctrico? O que é que tu queres?"
"Só te quero a ti. Quero que passes o dia comigo, Papá."
Foi então que ele percebeu que tinha de fazer mudanças drásticas na sua vida. Tomou consciência de que tinha tentado comprar o seu filho com coisas, quando tudo o que ele queria, realmente, era o tempo do seu pai. O seu filho queria mais passar tempo com o pai do que qualquer outra coisa.


Mike Tucker in Um Tempo Para Si



«BRINQUEDOS SEM AMOR»

(Tempo e Presença)

«NÃO PRESTAM!»


Alexandre Correia



domingo, 15 de maio de 2011

DIÁRIO DE UM DONO DE CASA




Porque se queixarão as mulheres das lides domésticas se basta um pouco de organização?!


Segunda-feira - Sozinho em casa. A minha mulher foi passar a semana fora. Ora aí está uma excelente mudança. Vamos passar uma semana inesquecível, o cão e eu.
Delineei um programa e organizei o meu horário. Sei exactamente a que horas me levantar, quanto tempo demoro na casa de banho e a preparar o pequeno-almoço.
Acrescentei o número de horas de que preciso para lavar a louça, fazer limpezas, passear o cão, ir às compras e cozinhar. Fiquei agradavelmente surpreendido com o muito tempo livre que ainda terei. Não percebo porque é que as mulheres se queixam da lide da casa se tudo isso exige tão pouco tempo. O segredo está numa boa organização.
O cão e eu comemos um bife cada um ao jantar. Vesti-me a rigor, acendi uma vela e pus rosas numa jarra para criar uma atmosfera aprazível. O cão comeu pâté de foie gras como entrada, repetiu a dose como prato principal, com uma requintada guarnição de legumes, e biscoitos à sobremesa. Eu bebi vinho e fumei um charuto. Há muito que não me sentia tão bem.

Terça-feira - Tenho que dar uma olhada ao meu horário. Uns pequenos acertos.
Expliquei ao cão que não se pode ter festa todos os dias e que, por isso, não pode estar à espera de entradas e três tigelas de comida, que, é claro, tenho de lavar.
Ao pequeno-almoço, verifiquei que o sumo de laranja natural tem um inconveniente. É preciso lavar sempre o espremedor. Alteração possível: fazer sumo para dois dias. Assim, só tenho metade do trabalho.
Descoberta: posso aquecer as salsichas dentro da sopa. Menos uma panela para lavar.
É claro que não pretendo aspirar todos os dias, como a minha mulher queria. De dois em dois dias é mais que suficiente. O segredo está em andar de chinelos e limpar as patas do cão. Quanto ao resto, sinto-me optimamente.

Quarta-feira - Tenho a impressão de que afinal a lida doméstica leva mais tempo do que pensava. Preciso de repensar a minha estratégia.
Primeiro passo: comprei um saco de comida rápida. Não tenho de perder tempo com cozinhados. É um disparate perder mais tempo a preparar a comida que a comê-la.
A cama é outro problema. Primeiro é preciso sair de dentro do edredon, a seguir arejá-lo e por fim fazer a cama. Que complicação! Acho que não vale a pena fazê-la todos os dias, sobretudo porque nessa mesma noite voltarei a deitar-me. Parece-me uma tarefa inútil.
Deixei de fazer refeições complicadas para o cão. Comprei algumas de lata. Ele fez má cara, mas não teve outro remédio senão comê-las. Se tenho de arranjar-me com refeições pré-cozinhadas, ele não é mais do que eu.

Quinta-feira - Acabou-se o sumo de laranja! Como é que um fruto aparentemente tão inocente causa tamanha confusão? É inacreditável! Vou passar a comprar sumo engarrafado pronto a beber.
Descoberta: consegui sair da cama quase sem a desfazer. Basta-me depois alisar ligeiramente a roupa. Claro que é preciso uma certa prática, e não me posso mexer muito durante o sono. Doem-me um bocado as costas, mas nada que um bom duche quente não possa resolver.
Deixei de fazer a barba todos os dias. É uma perda de tempo. Assim, também ganho uns minutos preciosos que a minha mulher, como não tem de fazer a barba, nunca perde.
Descoberta: não vale a pena usar um prato lavado de cada vez que como. Lavar a louça tantas vezes começa a dar-me cabo dos nervos. O cão também pode comer só numa tigela. Afinal de contas, é um animal.
Nota: cheguei à conclusão de que basta aspirar, no máximo, uma vez por semana.
Salsichas ao almoço e ao jantar.

Sexta-feira - Adeus sumos de fruta! As laranjas são muito pesadas.
Descobri o seguinte: as salsichas sabem bem de manhã. Ao almoço, nem por isso. Ao jantar, nem vê-las! Salsichas mais de dois dias seguidos enjoam.
O cão, esse, está a comida seca. Afinal de contas tem os mesmos nutrientes e não suja a tigela. Descobri que posso comer a sopa directamente da panela. Sabe ao mesmo. Nem tigela nem concha. Assim já não me sinto tanto como uma máquina de lavar louça.
Já não lavo o chão da cozinha. Irritava-me tanto como fazer a cama.
Nota: acabaram-se as latas. O abre-latas fica todo pegajoso!

Sábado - Que ideia é esta de me despir à noite se tenho de voltar a vestir-me de manhã? Aproveito mas é o tempo para ficar mais um bocadinho na cama. E também não preciso da colcha, por isso a cama está sempre feita.
O cão encheu tudo de migalhas. Pu-lo na rua de castigo. Não sou criado dele! Que estranho!! De repente, dei-me conta de que é o que a minha mulher me diz às vezes...
Hoje é dia de fazer a barba, mas não me apetece nada. Tenho os nervos em franja.
Ao pequeno-almoço, só coisas que não preciso de desembrulhar, abrir, cortar, polvilhar, cozinhar nem misturar. Tudo coisas que me incomodam.
Plano: comer directamente do saco em cima do fogão. Nem pratos, nem talheres, nem toalha, nem nenhum disparate desses.
Tenho as gengivas um bocado inflamadas. Deve ser da falta de fruta, que é muito pesada para carregar. Se calhar, estou com um princípio de escorbuto.
A minha mulher telefonou à tarde a saber se tinha lavado as janelas e posto a roupa a lavar. Desatei a rir, meio histérico. Disse-lhe que não tinha tempo para essas coisas.
Há um problema com a banheira. Está entupida com esparguete. Também não estou para me chatear. Não me incomoda muito, porque deixei de tomar duche.
Nota: o cão e eu comemos juntos directamente do frigorífico. Tem é de ser depressa. Não convém deixar a porta aberta muito tempo.

Domingo - O cão e eu estamos sentados na cama a ver televisão. Vemos pessoas a comer todo o tipo de iguarias. Salivamos os dois. Ambos estamos fracos e rabugentos.
Esta manhã comi da tigela do cão. Nenhum de nós gostou.
Precisava de me lavar, barbear, pentear, fazer comida para o cão, levá-lo a passear, lavar a louça, limpar a casa, ir às compras e uma série de outras coisas, mas não arranjo forças. Sinto que estou a perder o equilíbrio e que a vista me está a faltar.
O cão deixou de abanar a cauda.

Num último reflexo de sobrevivência, arrastámo-nos até um restaurante. Durante uma hora, comemos toda a espécie de pratos óptimos.
Em seguida, fomos para um hotel. O quarto é limpo, arrumado e confortável. Descobri a solução ideal para o governo da casa. Não sei se a minha mulher já se terá lembrado disto!

Ivan Kraus in Selecções do Reader's Digest - Setembro de 1998



"Não sou criado dele! Que estranho!! De repente, dei-me conta de que é o que a minha mulher me diz às vezes..."

"Que estranho!!" Não é Esposas?... E porquê?...


(comentário de Edite Esteves)

domingo, 1 de maio de 2011

MÃE,
MULHER QUE NÃO TEM IGUAL


Mãe!
Branca, negra, amarela ou pele-vermelha;
Rica ou pobre, fidalga ou plebeia,
É para ti este poema, esta centelha
De Amor filial, que o teu amor premeia!

              Se és senhora ou escrava, rainha ou camponesa;
              Se em salões habitas cercada de ouro e prata,
              Ou em tugúrio humilde escondes a pobreza,
              O sofrimento e a dor que te mata;

Se em cátedra te sentas, mostrando o teu saber;
Se o mundo inteiro, atento, escuta o teu falar,
Ou se nem teu pobre nome sabes escrever
E do teu saber nada tens para ofertar;

              Se em berço dourado o teu filho embalas,
              Ou se em farrapos o seu corpo encobres;
              Se o mostras ao mundo, vestido de galas,
              Ou o sustentas com o pão dos pobres;

Se em abastança vives e em nada te agastas;
Se é calmo e feliz todo o teu viver,
Ou se pelas ruas tua miséria arrastas
E em cruenta luta vais desfalecar;

              Se, plena de orgulho, o teu filho ostentas;
              Se no teu lar vais vê-lo crescer,
              Ou se escorraçada quase não aguentas
              A vergonha e o abandono em que vais viver;

Se de todos tens o carinho e o amor,
Tudo o que desejas p'ra ao teu filho dar,
Ou, se em vez de tudo, só te resta a dor
De abandonada e só, haveres de lutar,

MÃE!
              És sempre a MULHER que não tem igual,
              vivas num palácio ou numa cabana!
              Que amor é o teu, que não tem rival!
              Que nobreza a tua, que outra não irmana!

Amor sublime, de renúncia feito!
Grandioso, imenso, abnegado amor!
Que coração o teu! Dentro do teu peito
Se alberga, silente, muita vez, a dor!

MÃE!
              Eu te quero muito, seja como for
              O teu viver, e o meu viver, também!
              Quero dar-te amor em troca desse amor
              Que sempre tu me dás, ó minha MÃE!


                                                        Maria Augusta Pires,
                                                        uma GRANDE Mulher!



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