quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Nº 1 ("Vivendo em Antecipação")

"Eu Sabia Que Vinhas"
A CERTEZA DA SEGUNDA VINDA


Foi um dos mais devastadores terramotos que alguma vez atingiram a Arménia. A 7 de dezembro de 1988, às 11:41 (hora local), a parte norte da Arménia junto a Spitak foi abalada por um terramoto de magnitude 6.8 na escala de Richter, que destruiu cidades, arrasou casas, e custou a vida de mais de 30 000 pessoas. A história de um pai anónimo à procura do seu filho nos destroços de um edifício escolar tem, desde então, inspirado milhares.

       Imediatamente após o primeiro tremor de terra, o pai tinha corrido para a escola, que tinha sido totalmente arrasada. Recordando-se de uma promessa que fizera há muito, ele começou a escavar com as mãos nuas. "Aconteça o que acontecer, podes contar sempre comigo", tinha prometido ao seu filhinho, quando este estava com medo.
       Definindo a localização aproximada da sala de aula do seu filho, ele começou a remover o entulho e o cimento. Outras pessoas chegaram e, ao verem a destruição, tentaram retirá-lo dali. No entanto, ele não se deixava distrair. Tinha feito uma promessa. Os bombeiros e o pessoal de emergência tentaram impedir o pai. Devido a fugas de gás, os incêndios e explosões eram um perigo real. "Nós tratamos disto", tinham-lhe dito. "Não há qualquer possibilidade de o seu filho ter sobrevivido."
       O pai continuou a escavar - uma pedra de cada vez. Por fim, após 38 horas de esforço, ele ouviu, de repente, a voz do seu filho. "Papá, és tu? Eu sabia que vinhas. Papá, eu disse às outras crianças que não se preocupassem, porque tu tinhas dito que virias." Nesse dia, o homem salvou 14 crianças, incluindo o seu filho. Ele tinha cumprido a sua promessa.*

OUTRA ESPERA
       Já se passou muito tempo desde que os anjos perguntaram aos discípulos: "Porque estais olhando para os céus? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima, no céu, há de vir, assim como para o céu o vistes ir" (Atos 1:11). E continuamos à espera.
       Paulo esperou (Romanos 12:11-13; I Tessalonicenses 1:10); Pedro esperou (I Pedro 1:7-9; 4:7; II Pedro 3:9-14); João esperou (Apocalipse 22:12, 20); e milhões de outros seguidores de Jesus têm esperado desde então. Por vezes, aqueles que estão à espera da gloriosa volta do Mestre dão por si presos, perseguidos ou ridicularizados. Outras vezes, a mornidão ameaça transformar, lentamente, discípulos ativos em observadores com taças de pipocas na mão, mais interessados nas últimas "engenhocas" do que no regresso do seu Senhor. A espera nem sempre é fácil.

APRENDENDO COM ATOS
       A Igreja Cristã Primitiva, tal como nos é mostrada em Atos dos Apóstolos, dá um grande exemplo de como devemos esperar. Logo que deixaram de olhar para o céu, começaram a esperar. Enquanto esperavam, começaram a orar (Atos 1:14). Enquanto oravam, tornaram-se mais unidos (Atos 2:1). E então, aconteceu: a espera em oração tornou-se numa audácia cheia do Espírito. O reavivamento levou a um foco na missão que não pôde ser contido. O testemunho de Pedro, traduzido pelo Espírito Santo para chegar aos corações, levou a múltiplas conversões. Três mil pessoas foram batizadas nesse dia, e isso foi só o princípio (v. 41).
       O convívio em oração, o cuidar das necessidades da comunidade, e o louvor centrado em Deus levaram a um crescimento da Igreja, porque "todos os dias acrescentava o Senhor" (v. 47). Pessoas tímidas, cansadas, sobrecarregadas eram transformadas em pregadores da Palavra - corajosos, centrados na missão. A perseguição levou-os para Samaria, para a Ásia Menor, para Roma. Levou-os até aos confins do mundo. Esperavam e tinham a paixão de pregarem sobre o Salvador ressuscitado num mundo em que a cruz era loucura para a maioria (I Coríntios 1:18).
       Dois fatores-chave impulsionavam-nos: Primeiro - tinham estado com Jesus. Falavam sobre um Salvador que conheciam intimamente. Tinham experimentado Deus Connosco em pessoa, e essa experiência tinha-os transformado.
       Segundo, estavam firmemente enraizados nas Escrituras e prestavam atenção à Profecia. O sermão de Pedro no Pentecostes está cheio de citações do Velho Testamento. Tinham visto como Deus cumprira, com exatidão, o tempo da chegada do Messias (Gálatas 4:4) e confiavam que Ele cumpriria, com exatidão, o tempo em que ocorreria a volta do Seu Filho.
       Aqui está algo que podemos aprender com a Igreja Primitiva: Tal como os discípulos de então, precisamos de conhecer o nosso Salvador pessoal e intimamente. A graça não pode ser comunicada pelo ouvir. A salvação não é ganha por laços familiares ou por formulários de filiação de membros. Um encontro pessoal com o Senhor ressuscitado é a base para uma espera confiante. Confiamos nas pessoas que conhecemos verdadeiramente; e para conhecer verdadeiramente Jesus temos de passar tempo com Ele, em oração e no estudo da Sua Palavra.
       Outra faceta importante da nossa espera por Jesus envolve a compreensão da mensagem profética de Deus para o nosso tempo.
       Desde o fim do tempo profético de 1844, estamos a viver no tempo do fim. Daniel 9:24-27 ajuda-nos a ancorar o longo período de 2300 tardes e manhãs (ou dias), dado em Daniel 8:14, que preocupou claramente Daniel. As 70 semanas que foram "cortadas" do período profético maior começaram em 457 a.C., quando o rei da Medo-Pérsia, Artaxerxes I, deu a Esdras a autorização para "bem fazerdes, do resto da prata e do ouro" (Esdras 7:18). Isso permitiu que Esdras reconstruísse, finalmente, as muralhas da cidade de Jerusalém, providenciando uma ligação clara com Daniel 9:25 e com a proclamação do decreto para "restaurar e reconstruir Jerusalém".
       A profecia bíblica é digna de confiança. Quando o momento exato, predito pelos profetas, chegou, Jesus deu entrada na história desta Terra e mudou-a para sempre. Se os traços largos de Deus que esboçam um prazo profético fazem sentido e são de confiança, quanto mais devemos nós confiar n'Aquele que disse: "Olhem, Eu voltarei em breve!"? (Apocalipse 22:12)

QUÃO BREVE É BREVE?
       Os pioneiros Adventistas compreenderam que o "breve" de Deus era realmente breve. As suas vidas, as suas prioridades, as suas esperanças estavam focalizadas neste momento glorioso da História. Em breve Jesus voltaria para levar para o lar os Seus remidos. Contudo, já se passaram mais de 170 anos desde essa altura.
       "Quão breve é breve?", perguntamo-nos enquanto esperamos. Sim, os sinais da Sua vinda são claramente visíveis e cumulativos (Mateus 24), vemos isso todas as vezes que ligamos a nossa televisão, visitamos as nossas páginas favoritas do Facebook, ou lemos as notícias sobre guerras, catástrofes naturais, fomes, doenças, crueldade, falta de determinação e de valores morais, e desigualdades sociais. Quando olhamos para o espelho, até pode ser que vejamos a complacência laodiceana. Este mundo está, claramente, numa crise - moral, económica, social e ecológica.
       A vida não pode continuar assim para sempre. Os nossos recursos são limitados; os nossos problemas parecem insolúveis; o nosso egoísmo é sem limites. Contudo, temos esta esperança que só Cristo nos dá. Tal como os discípulos, somos assegurados pela "mensagem profética" que é "totalmente digna de confiança" e que nos guiará como uma luz brilhando em lugar escuro (II Pedro 1:19).
       Tal como no Pentecostes, podemos ver o Espírito de Deus a trabalhar à nossa volta. A mensagem do Seu breve regresso está a transformar vidas e a entrar em cidades, vilas, matas e topos de montanha. Nós esperamos e trabalhamos porque esse é o modus operandi dos filhos de Deus desde esse dia em que os discípulos viram Jesus desaparecer nas nuvens do céu.
       O reino de Deus é aumentado oração a oração. No meio da dor e do sofrimento do mundo, até mesmo no meio da nossa própria dor e sofrimento, esperamos paciente e confiadamente. E nesse grande dia que brilhará mais do que qualquer outro, correremos para os braços do nosso amado Salvador e dir-Lhe-emos: "Jesus, sabíamos que virias buscar-nos, porque Tu nos disseste."

* Baseado no livro Chicken Soup for the Soul (Canjinha para a Alma) de Jack Can Field e Mark Victor Hansen, eds. (Deefield Beach, Fla.: HCI Books, 1993), pp. 273 e 274.

Questões Para REFLETIR E PARTILHAR

1. Como podemos esperar, ativamente, pela volta de Jesus num mundo que não tem lugar para Deus?
2. Qual é a relação entre o Reavivamento e a Esperança na Segunda Vinda?
3. Porque ficamos desatentos, e até desanimados, na nossa espera por Jesus? Qual é o remédio para esse desânimo e para essa desatenção?
4. Como podemos esperar fielmente como parte da comunidade de Deus e sermos uma bênção para os que nos rodeiam?


Revista Adventista, Especial, Setembro 2015 - 7 Artigos nos meus 2 Blogs, de 23 a 26.12.15




CONHEÇA OS AUTORES

Gerald e Chantal Klingbeil gostam do ensino em equipa e são apaixonados pelos jovens da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Gerald, nascido na Alemanha, serve como editor associado das revistas Adventist Review e Adventist World e é também professor de Investigação do Velho Testamento e de Estudos do Próximo Oriente Antigo no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia, da Universidade de Andrews. Fez o seu Doutoramento em Estudos do Próximo Oriente Antigo na Universidade de Stellenbosch, África do Sul, e, nas últimas duas décadas, tem exercido o cargo de professor em várias universidades Adventistas da América do Sul e da Ásia.

Chantal, nascida e criada na África do Sul, é editora assistente do Ellen G. White Estate, focando o seu trabalho nas crianças, nos jovens e nos jovens adultos. Chantal tem um Mestrado em Filosofia e Linguística da Universidade de Stellenbosch, África do Sul. Tem exercido os cargos de professora do ensino secundário, de professora universitária, de mãe responsável pelo ensino doméstico, de autora e de editora. Gerald e Chantal têm a alegria de ter três filhas adolescentes, Hannah, Sarah e Jemima, que os mantêm alerta.