Mas será necessário procurar heroínas na História?
Parece-nos ser esta uma atitude desnecessária, inconsequente e totalmente de-sintonizada da realidade.
Não será a mulher, pelo facto de ser Mulher, já uma heroína?
Não é ela uma heroína, ao partilhar connosco a sua vida com todas as incertezas e dificuldades, mantendo a esperança que alumia os dias mais cinzentos?
Que dizer daquela que avança para a maternidade com o encanto do seu amor e a humildade da consciência das suas limitações, vendo no seu filho recém-nascido, não o bebé dos seus encantos, mas o Homem que vai criar?
Como classificá-la em face das noites mal dormidas, dos incómodos sempre suportados e da sua resistência a cada passo renovada, desde que ouve a palavra mágica 'mamã'?
Será razoável considerá-la doutra forma, quando discreta mas eficazmente nos transmite o encanto da sua beleza, a maturidade do seu conselho, a ternura do seu afeto recebendo em troca uma mão cheia de nada?
Pode haver palavra que melhor a caracterize, quando alegremente faz o milagre de multiplicar os tostões que cada vez são mais insuficientes para proverem o sustento da família, assumindo um 'ar natural' como se nada de extraordinário tivesse realizado?
E quando, dia após dia, inicia uma mesma rotina, o cuidado do lar, tão mal considerado por aqueles que mais diretamente beneficiam da sua ação?
E ao aceitar a escravidão moderna, devidamente institucionalizada de ser uma profissional competente, mas descriminada, uma esposa cansada e incompreendida mas espalhando felicidade, uma dona-de-casa de responsabilidade inteira a tempo reduzido?
E esta é apenas a mulher banal, aquela que conhecemos do dia-a-dia, aquela que entrando na nossa vida recebe, em troca, indiferença, exercício execrável da nossa 'autoridade', exigências sobre exigências; e quantas vezes uma atitude de falsa condescendência traduzida pela expressão 'coisas de mulheres'.
Sem ela a nossa existência seria um deserto. Um deserto sem as flores do seu sorriso, tantas vezes orvalhadas pelas suas lágrimas. Um deserto sem a ternura que humaniza o nosso modus vivendi. Um deserto sem a expectativa que sabe manter viva quando todas as evidências apontam para a desilusão e tristeza. Um deserto sem a capacidade de sofrer com quem sofre, de perdoar a quem caiu, em suma um deserto sem o seu amor.
Heroínas, não existem apenas na História. Estão ao nosso lado, afagaram a nossa cabeça no passado, moram nas nossas casas sejam elas grandes ou pequenas, ricas ou pobres; cruzam os nossos caminhos, muitas vezes sem outra possibilidade que não seja, heroicamente, estenderem a mão à caridade.
Louvemos a Deus e agradeçamos-Lhe as mulheres que colocou nas nossas vidas, as que nos deram o ser, aquelas que cresceram connosco como nossas irmãs, aquelas que vivem as nossas existências como esposas, e aquelas que nos admiram como filhas. Não esqueçamos que a mulher é a corporização das soluções que Deus viu serem necessárias para o homem, ao dizer: "Não é bom que o homem esteja só".
Que sintamos todos o mesmo júbilo que possuiu Adão, afirmando com ele, quando nos dirigimos àquelas que são as nossas companheiras, as nossas heroínas: "Esta sim, é osso dos meus ossos, carne da minha carne". Que tenhamos a inteligência de compreender que a mulher é a versão revista e corrigida, por Deus, do homem, por Ele tornada imprescindível a cada um de nós.
Daniel Esteves, Médico na Grande Lisboa com Mestrado em Aconselhamento Familiar feito em Southern Adventist University - EUA (Links 3I e Leituras para a Vida, 14.11.12), Revista Adventista, Março de 1996.
Pois, em nome de todas as Mulheres,
MUITO OBRIGADA! E. E.
"... nomes ... escritos no livro da vida do Cordeiro, que foi morto desde a fundação do mundo." Apocalipse 13:8.
A imagem não deixa de me causar espanto. O Cordeiro, tão inocente e confiante, morre precisamente por aqueles que O matavam. Ele dá a Sua vida precisamente por aqueles que estão a tirar a Sua. "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" Lucas 23:34. Um episódio ilustrativo, aconteceu recentemente.
Durante a noite de 22 de dezembro de 2003, um intruso assaltou a casa de Ruimar De Paiva, Pastor na ilha-nação de Palau. O assaltante só tinha a intenção de roubar, mas, quando os membros da família se levantaram, o homem atacou-os até que os matou a todos com exceção de Melissa, de 10 anos. Depois de ter violado a Melissa durante 20 horas, ele libertou-a, e ela contou a história à polícia. As autoridades capturaram-no rapidamente e puseram-no na prisão. Os seus atos deixaram toda a nação de tal modo estupefacta que o Presidente da República ordenou que a bandeira fosse posta a meia haste em todo o país. Foi feito um funeral de estado, a que compareceu o Governador da cidade onde o crime aconteceu.
No funeral de Ruimar DePaiva, a sua mãe pegou no microfone sem avisar. Ela já tinha visitado a prisão onde Justin Hirosi, o assassino, estava preso. Orando com o homem que matara o seu filho, nora e neto, ela assegurou-lhe o seu perdão. Depois, ao saber que a mãe de Justin estava no funeral, pediu à Sra. Hirosi que se juntasse a ela ao microfone. Depois de abraçar a Sra. Hirosi como se fosse uma amiga de longa data, ela anunciou à multidão que "ambas eram mães a chorar pela perda dos seus filhos".
Depois, implorou à comunidade que retirasse todo o sentimento de culpa que pudessem ter colocado sobre a mãe e a família de Justin. Declarou que os pais educam os seus filhos e tentam ensinar-lhes a diferença entre o mal e o bem, mas, no fim, eles têm a sua própria maneira de pensar.
O funeral chegou ao nível de choque quando o chefe supremo anunciou que a família de Justin, embora de poucas posses, tinha vendido muitas das suas coisas e agora queriam entregar 10 000 dólares em dinheiro à sobrevivente Melissa para os seus estudos universitários. Mas o momento mais importante ainda estava para vir.
Quando lhe perguntaram onde queria viver, Melissa disse: "Eu gostava de permanecer em Palau."
A sua avó explicou-lhe que isso não seria possível.
"Tudo bem", replicou a menina. "Mas voltarei um dia. Vou voltar como missionária!" *
Senhor, ajuda-me a apreender o significado do Teu perdão para que possa perdoar aos outros da mesma maneira que me perdoas a mim.
* Baseado em Cheryl Doss, "I'll be Back Someday", Lake Union Herald, fevereiro, 2004, p. 14.
Jon Paulien in Apocalipse, O Evangelho de Patmos, 15.08.13, Publicadora SerVir.