Ninguém desta casa está acima de mim. Ele nada me negou, a não ser a senhora, porque é a mulher dele. Como poderia eu, então, cometer algo tão perverso e pecar contra Deus? Gênesis 39:9
A resposta de José para a mulher de Potifar é clássica. A cena se assemelha com a de uma novela: o jovem e a mulher mais velha; o escravo e a esposa do mestre, que trama seduzi-lo, aguarda o momento oportuno e, então, ataca. Mas, mesmo em desvantagem (os desejos da carne, a manipulação, a demonstração de poder), o jovem não age conforme o roteiro manda. José vira as costas e foge.
Não sabemos qual era a aparência da mulher de Potifar, se era atraente ou não. Por ser a mulher de um oficial do governo, há grande possibilidade de que fosse muito atraente. Sem dúvida, ela se adornou com as roupas e jóias mais sedutoras que possuía para tentar atrair o jovem que havia escolhido para conquistar.
Mas pode ser que ela não tenha sido nada atraente. A tentação geralmente ocorre por meios bem comuns. A tentação ocorre principalmente na mente, sussurrando que os prazeres proibidos são os melhores, que águas roubadas são doces. (Compare com Provérbios 7:21).
A grande obra de Izaak Walton, The Compleat Angler (O Completo Pescador), aparentemente trata da arte de pescar; mas, na verdade, é mais uma reflexão sobre a vida. Walton observa: "Como pode algo tão pequeno atrair uma mente tão voraz?"
A mente voraz do peixe leva-o a abocanhar uma isca minúscula pendurada na água. Da mesma forma, a mente voraz do ser humano leva-o a abocanhar "iscas", menos do que atraentes que se apresentam diante dela.
Podemos observá-las ao longo do relato bíblico, pessoas se vendendo por coisas "tão pequenas". Esaú abriu mão de seu direito de primogenitura por um prato de cozido de lentilhas. Acã vendeu a alma por uma capa comum e uma barra de ouro. E o pior: Judas, um dos 12, vendeu seu Senhor por trinta moedas miseráveis de prata. Vez após outra a sequência se repete: a pessoa se concentra na isca proibida, se encanta e abocanha o anzol.
Mas não José, graças a Deus! Como ele conseguiu sair ileso de uma tentação tão poderosa? Ele conhecia e amava a Deus e não faria nada – nada – que O desonrasse.
(ver Links 1R - Meditação da MULHER)
As For Me And My House
Quanto a Mim e a Minha Casa
Eu desisto de construir meu próprio reino,
não mais buscando ídolos inúteis.
Como ovelhas, andávamos nós todos desgarrados,
devemos escolher no dia de hoje a quem iremos servir.
Coro
Quanto a mim e a minha casa serviremos ao Senhor,
serviremos ao Senhor.
Ídolos levantados, derrubem-nos, porque nós serviremos ao Senhor.
Serviremos ao Senhor, perante o Rei nos prostraremos;
quanto a mim e a minha casa só vamos servir ao Senhor.
Eu desisto da religião impotente, não mais viver no engano;
vamos atravessar o Jordão, nós vamos reivindicar o que Você prometeu.
Nós não vamos dar nossos corações a outro,
não daremos o nosso coração a outro, nós pertencemos ao Senhor.
Nós não vamos dar nossos corações a outro,
não daremos o nosso coração a outro, só vamos servir ao Senhor.
EU E A MINHA CASA, SERVIREMOS AO SENHOR - Josué 24:15
Encolhida sobre as pedras do pavimento, ofegante como um animal encurralado, meio despida, a mulher tremia. De medo, ou talvez também de frio e de vergonha. À sua roda via cerrar-se o grupo dos que a tinham arrastado até à praça do Templo. 1 Um círculo de dedos acusadores, de cotoveladas cúmplices e de risadas cruéis.
Porque a teriam arrancado da cama e levado para ali? Porquê, esta traição repentina daqueles que se chamavam seus amigos? E porque traziam consigo pedras?
Revolviam-se-lhe na memória, como bochechadas amargas, as recordações da sua vida estragada. O remorso das suas infidelidades. O nojo de ter-se entregado aos caprichos de quem não a amava. A raiva de se sentir usada por aqueles que diziam amá-la. A ferida aberta de tantas humilhações. O repetido fracasso das suas tentativas de fugir daquele inferno.
Ninguém havia acreditado nas suas nostalgias de pureza. Ninguém lhe tinha dado uma oportunidade. Todos juntos haviam acabado por afundá-la naquele imenso lodaçal onde se debatia sozinha sem poder de lá sair...
Na incerteza daquele momento, toda a sua vida se lhe representava desfilando vertiginosamente no espírito como um pesadelo. Tudo tinha começado com aquela louca rebeldia da sua juventude, quando caiu na armadilha de acreditar na viabilidade de todos os seus sonhos. Na sua ignorância, tinha sucumbido, como tantos jovens, à eterna e banal atracção do proibido. Tinha procurado na intensidade do prazer novas sensações que a libertassem da insatisfação da sua vida. Novas emoções, novos encontros que preenchessem o seu vazio interior. Nisso se iludira: ninguém, nada, nunca, lhe havia dado a felicidade desejada...
Uma voz disfarçada de santidade ofendida acusava-a agora, quase aos gritos, para que todos ouvissem:
- Esta mulher acaba de ser surpreendida no próprio acto de adultério. Moisés, na Lei, manda-nos apedrejá-las. Tu, que dizes a isto? 2
As palavras feriam-na como chicotadas que a faziam estremecer.
Apedrejada. 3 Iria terminar assim a grotesca ironia da sua vida? Tinha procurado a liberdade e apenas encontrara a escravidão. Tinha sentido a necessidade de amor e apenas conseguira sexo. Tinha querido amigos e só lhe haviam aparecido cúmplices ou verdugos. Tinha desejado, sobretudo, felicidade, e nada mais conseguira do que apressar a sua destruição. Era este o balanço do seu fracasso. Se fosse possível apagar o passado e acabar de vez com aquela vida, ou simplesmente com a vida!
Foi então que descobriu diante de quem a acusavam. Era um jovem mestre que várias vezes ouvira falar, escondida entre a multidão. Um homem diferente de todos, que pregava o amor e o perdão. Chamavam-lhe Jesus de Nazaré. Espreitando por entre os cabelos, a mulher constatou que, no meio daquela matilha de olhos assustados, ele não a fixava. Há momentos em que a maior prova de respeito por um ser humano consiste em não olhar para ele. Por trás daqueles olhos dirigidos para o chão escondia-se, para ela, todo o respeito do mundo. Os sinais que escrevia no pó pareceram-lhe um admirável pretexto para não a fixar.
Então, porque se mantinha em silêncio? Ter-se-ia dado conta das intenções do conluio? Porque, evidentemente, o que levava aqueles homens a processar a mulher não era o sentido da moral, nem o respeito pela Lei. A acusada era um engodo para caçar o juiz.
O ódio dos seus adversários disfarçava-se de lisonja para atingir os seus fins e garantir uma melhor vingança. Já que o novo mestre se arvorava em advogado dos pecadores, obrigavam-no agora a pronunciar-se como juiz, para ver até onde era capaz de ir num caso como este, para eles tão delituoso como manifesto. Tratava-se, antes de tudo, de pô-lo em contradição com a Lei de Moisés, o seu irrefutável código de referência.
Se o jovem pregador mantivesse, como era de esperar, a sua tese de compreensão e misericórdia, ser-lhes-ia fácil desmascarar publicamente o aspecto subversivo da sua posição. 4 Negando-se a apoiar o castigo regulamentar, o seu repúdio dos cânones sagrados seria tão flagrante que, com toda a facilidade, declarando-o sacrílego e ímpio, poderiam levantar contra ele não só as autoridades religiosas como também a própria opinião pública.
Se, por alguma razão improvável, consentisse na aplicação da pena estabelecida, o resultado seria ainda pior. Colocar-se-ia em contradição evidente com os seus próprios ensinos sobre a compreensão e o perdão. Assim não só a sua pregação perderia toda a credibilidade, mas além disso seria também denunciado diante do Sinédrio e das autoridades romanas por se atrever a pronunciar uma sentença de morte sem estar legalmente autorizado a fazê-lo. 5 Os acusadores iam preparados para executar imediatamente a condenação e apanhá-lo sem escapatória possível.
A armadilha estava bem feita. Jesus tinha de pesar bem as suas alternativas.
Negando-se a pronunciar-se, seria acusado de cobardia ou incoerência. Se, pelo contrário, entrasse em conflito jurídico com os seus oponentes, e conseguisse contrariar-lhes as intenções, poderia fazer recair sobre eles o mesmo mal que lhe queriam fazer, denunciando-os, por sua vez, por ilegalidade. Segundo o código penal vigente, havia duas irregularidades flagrantes a seu favor. Primeira, que só o marido enganado tinha o direito de denunciar a infidelidade da sua mulher. 6 Segunda, a lei exigia que tanto a adúltera como o seu amante fossem apedrejados juntos. 7 Ambas as razões ter-lhe-iam bastado para desmascarar a venalidade e incompetência dos acusadores, colocando-os assim numa situação fortemente embaraçosa.
Jesus, porém, preferiu renunciar a esse êxito fácil. Deslocando o assunto para outro nível, escolheu uma opção melhor: em vez de defender uma ideia, defenderia uma pessoa.
Julgando a mulher, os fariseus colocavam-se numa posição de superioridade moral sobre ela. Mas, como não tinham autoridade para acusá-la, nem em nome da lei nem da virtude pessoal, davam oportunidade a que Jesus transferisse a questão do plano jurídico para o moral, no qual podia, com relativa facilidade, surprendê-los em falta e desconcertá-los sem necessidade de se envolver juridicamente.
A Lei prescrevia que, num apedrejamento, as testemunhas do caso fossem as primeiras pessoas a aplicar a sentença, seguindo-se os restantes voluntários, na condição de que sobre eles não recaísse nenhuma suspeita de cumplicidade nem de terem cometido em qualquer momento o mesmo tipo de delito que se queria castigar. 8 Assim, dirigindo-se resolutamente aos mais exaltados, disse-lhes:
- O que estiver livre de faltas, atire a primeira pedra. 9
E, tornando a baixar-se, continuou a escrever no solo.
Um silêncio embaraçador estendeu-se a todo o grupo. A mulher, que por instantes se tinha encolhido, esperando a primeira pancada, descontraía-se agora, como resignada à sua sorte, desejando acabar quanto antes com a sua tortura. A tensão continuava a aumentar. Irritados pelo mutismo de Jesus, alguns aproximaram-se para ver o que escrevia. E o que viram foi suficiente para os obrigar a largar as pedras. Tremendo, uns de raiva e de vergonha pelo que ele tinha escrito, outros de medo pelo que ainda poderia escrever, todos se apressaram a desaparecer, deixando sós a acusada e o seu juiz.
Deste modo inesperado, sem se opor à autoridade da Lei, sem se envolver em nenhuma polémica jurídica, com algumas simples palavras escritas na areia, Jesus conseguiu deter a maldade daqueles homens e salvar a vida de uma mulher.
Quando finalmente se endireitou, ela fixava-o assombrada, sem saber o que esperar. Ele estendeu-lhe a mão para ajudá-la a levantar-se, e disse-lhe, quase a sorrir:
- Onde estão os que te acusavam? Nenhum te condenou?
Ela olhou em volta deslumbrada pela luz matinal. Vendo apenas as pedras sobre o mármore, 10 numa praça vazia, mal acreditando nos seus olhos, respondeu:
- Nenhum, Senhor.
Então Jesus disse-lhe as palavras mais surpreendentes que ouvira em toda a sua vida:
- Vai, e não peques mais. Eu também não te condeno. 11
Acostumada a ser tratada pelos homens como mulher-objecto, desprezada depois de usada, e habituada à maldade e aos ciúmes das outras mulheres, o "Vai" soava-lhe como uma expressão bem familiar.
O "Não peques mais", também o ouvira centenas de vezes e de diversas maneiras, desde as contínuas repreensões da sua família até aos furibundos sermões dos sacerdotes. Mas "Eu não te condeno", isso ninguém antes lho dissera. E também nunca alguém lhe tinha falado naquele tom.
Pela primeira vez se encontrava diante de alguém que não a julgava, nem a cobiçava, nem a humilhava. Que se compadecia dos seus erros, compreendia a sua luta, acreditava no seu arrependimento e a ajudava a aceitar o seu perdão.
A voz daquele homem ressoava aos seus ouvidos como música celestial. Era um bálsamo sobre as suas feridas, como um convite à esperança, uma promessa de salvação. Naquele momento, soube que começava para ela uma nova vida. Envolta no brilho de uma praça resplandecente de brancura, sentia-se liberta, pura, em paz com Deus. Finalmente, feliz.
A mulher afastou-se lentamente, sabendo que pouco tempo depois voltaria, e que nunca mais poderia separar-se de quem lhe havia devolvido, naquele singular encontro, a sua dignidade e a sua honra.
Assim, sabendo que todo o ser humano precisa de mais amor do que aquele que merece, pelo simples método da compreensão e do respeito absoluto, Jesus descobria tesouros ocultos em corações, alguns tão desamparados como os nossos.
NOTAS DO AUTOR
1. O Templo de Jerusalém começou a ser reconstruído por Herodes, o Grande, no ano 19 a. C. (Antiguidades 15:2, 1) e as obras não terminaram completamente antes dos anos 62-64 d.C. com o procurador Albino; ou seja, pouco antes de ser destruído pelos Romanos. Consistia no Santuário propriamente dito e num conjunto de edifícios construídos em vários níveis e ocupando um espaço com cerca de 1500 metros de perímetro. A cena de que nos ocupamos tem lugar no recinto de acesso livre chamado "átrio dos gentios", enorme esplanada que servia de praça pública e de ponto de encontro em Jerusalém. Judeus e pagãos iam ali tratar dos seus assuntos como se fossem ao forum. Era rodeado de pórticos sob os quais as pessoas passeavam e os doutores da Lei, rodeados pelos seus discípulos, ensinavam ou discutiam entre si (Mateus 26:55). Era também ali que se vendiam os animais para os sacrifícios (Marcos 11:15) e se trocavam as moedas para as ofertas, uma vez que no Templo só se aceitava a sua própria moeda. (Riccciotti, Vida de Jesus Cristo, págs 62-64).
2. João 8:4, 5. Como o estipula, entre outras passagens, Levítico 20:10.
3. Entre os delitos punidos com lapidação, contavam-se a blasfémia e o adultério (Cf. Levítico 24:14; Deuteronómio 17:2-5; II Crónicas 24:20-22; Sanhédrin VII:1,4).
4. A pregação do amor acima das exigências da Lei foi sem dúvida o elemento mais perturbador da mensagem de Jesus (Cf. Mateus 5:38-48). Sobretudo apresentado como uma superação das exigências da Torah.
5. "Os Romanos reconheciam oficialmente ao Sinédrio o poder de instruir processos e pronunciar sentenças segundo a lei judaica. No entanto, no caso de condenação à morte, o sinédrio era obrigado a obter a ratificação da autoridade romana". (Cf. X. –L. Dufour, Dictionnaire, pág. 44). "O grande sinédrio reúne-se no Templo, duas vezes por semana, pode condenar à morte, mas, no tempo de Cristo, não pode executar a sentença. É o tribunal supremo religioso que fixa a doutrina, estabelece o calendário litúrgico, regula a vida religiosa". (Etienne Charpentier, Pour lire le N.T, Paris: Cerf, 1981, pág.30).
6. O texto não diz que o delator tenha sido o marido mas um grupo de escribas e de fariseus (João 8:3). No tempo de Jesus, o mais corrente, no caso de infidelidade, não era a lapidação mas o repúdio (Kethubim III S; Deuteronómio 22: 19, 29).
7. A imparcialidade do castigo que não fazia distinção entre o homem e a mulher no adultério era muito clara na legislação bíblica (Cf. Deuteronómio 22:22-24; Levítico 22:10). No caso em questão, o cúmplice desapareceu como no caso da casta Susana (Cf. Daniel 13:39).
8. Cf. Deuteronómio 17:7. Esta prioridade dada às testemunhas foi mesmo reforçada no direito consuetudinário (Cf. Talmud de Babylone, Sotah 47 b).
9. João 8:7.
10. A lapidação só podia ser executada fora da cidade (Levítico 24:14; II Crónicas 24:20-22: Mateus 21:35). O átrio dos gentios, pelo pórtico oriental (dito "de Salomão", João 10:23; Actos 3:11; 5:12) dá directamente para o ribeiro de Cedron. A cidade termina nesse lugar e ainda hoje, junto do muro do Templo, há apenas um cemitério. Se considerarmos que o Templo estava em construção nessa altura (havia quase 46 anos segundo João 2:20), as pedras podiam ser encontradas ali mesmo, entre os materiais de construção utilizados para os trabalhos em curso.
11. No Novo Testamento utilizam-se diferentes termos gregos que as nossas Bíblias traduzem por "pecado". Os mais frequentes são: adikia (22 vezes): "iniquidade", que tem o sentido jurídico de falta cometida contra a justiça; parabasis (14 vezes): que significa "transgressão" e se refere normalmente à violação das leis divinas; mas na maioria dos casos (296 vezes) o termo utilizado é hamartia. Esta palavra (utilizada em João 8:11) vem do verbo hamartano e significa "errar o alvo", "enganar-se", "cometer um erro". Segundo o pensamento hebraico, o pecado (het ou ´avon) dizia particularmente respeito à relação do homem com Deus. O pecado é, antes de tudo, "ser infiel à aliança, trair o amor ou separar-se da comunidade". (X.-L. Dufour, Dictionnaire, pág. 332).
Roberto Badenas, excelente Professor de Teologia, in Encontros - (Texto baseado em S. João 8:1-11)
1. O Templo de Jerusalém começou a ser reconstruído por Herodes, o Grande, no ano 19 a. C. (Antiguidades 15:2, 1) e as obras não terminaram completamente antes dos anos 62-64 d.C. com o procurador Albino; ou seja, pouco antes de ser destruído pelos Romanos. Consistia no Santuário propriamente dito e num conjunto de edifícios construídos em vários níveis e ocupando um espaço com cerca de 1500 metros de perímetro. A cena de que nos ocupamos tem lugar no recinto de acesso livre chamado "átrio dos gentios", enorme esplanada que servia de praça pública e de ponto de encontro em Jerusalém. Judeus e pagãos iam ali tratar dos seus assuntos como se fossem ao forum. Era rodeado de pórticos sob os quais as pessoas passeavam e os doutores da Lei, rodeados pelos seus discípulos, ensinavam ou discutiam entre si (Mateus 26:55). Era também ali que se vendiam os animais para os sacrifícios (Marcos 11:15) e se trocavam as moedas para as ofertas, uma vez que no Templo só se aceitava a sua própria moeda. (Riccciotti, Vida de Jesus Cristo, págs 62-64).
2. João 8:4, 5. Como o estipula, entre outras passagens, Levítico 20:10.
3. Entre os delitos punidos com lapidação, contavam-se a blasfémia e o adultério (Cf. Levítico 24:14; Deuteronómio 17:2-5; II Crónicas 24:20-22; Sanhédrin VII:1,4).
4. A pregação do amor acima das exigências da Lei foi sem dúvida o elemento mais perturbador da mensagem de Jesus (Cf. Mateus 5:38-48). Sobretudo apresentado como uma superação das exigências da Torah.
5. "Os Romanos reconheciam oficialmente ao Sinédrio o poder de instruir processos e pronunciar sentenças segundo a lei judaica. No entanto, no caso de condenação à morte, o sinédrio era obrigado a obter a ratificação da autoridade romana". (Cf. X. –L. Dufour, Dictionnaire, pág. 44). "O grande sinédrio reúne-se no Templo, duas vezes por semana, pode condenar à morte, mas, no tempo de Cristo, não pode executar a sentença. É o tribunal supremo religioso que fixa a doutrina, estabelece o calendário litúrgico, regula a vida religiosa". (Etienne Charpentier, Pour lire le N.T, Paris: Cerf, 1981, pág.30).
6. O texto não diz que o delator tenha sido o marido mas um grupo de escribas e de fariseus (João 8:3). No tempo de Jesus, o mais corrente, no caso de infidelidade, não era a lapidação mas o repúdio (Kethubim III S; Deuteronómio 22: 19, 29).
7. A imparcialidade do castigo que não fazia distinção entre o homem e a mulher no adultério era muito clara na legislação bíblica (Cf. Deuteronómio 22:22-24; Levítico 22:10). No caso em questão, o cúmplice desapareceu como no caso da casta Susana (Cf. Daniel 13:39).
8. Cf. Deuteronómio 17:7. Esta prioridade dada às testemunhas foi mesmo reforçada no direito consuetudinário (Cf. Talmud de Babylone, Sotah 47 b).
9. João 8:7.
10. A lapidação só podia ser executada fora da cidade (Levítico 24:14; II Crónicas 24:20-22: Mateus 21:35). O átrio dos gentios, pelo pórtico oriental (dito "de Salomão", João 10:23; Actos 3:11; 5:12) dá directamente para o ribeiro de Cedron. A cidade termina nesse lugar e ainda hoje, junto do muro do Templo, há apenas um cemitério. Se considerarmos que o Templo estava em construção nessa altura (havia quase 46 anos segundo João 2:20), as pedras podiam ser encontradas ali mesmo, entre os materiais de construção utilizados para os trabalhos em curso.
11. No Novo Testamento utilizam-se diferentes termos gregos que as nossas Bíblias traduzem por "pecado". Os mais frequentes são: adikia (22 vezes): "iniquidade", que tem o sentido jurídico de falta cometida contra a justiça; parabasis (14 vezes): que significa "transgressão" e se refere normalmente à violação das leis divinas; mas na maioria dos casos (296 vezes) o termo utilizado é hamartia. Esta palavra (utilizada em João 8:11) vem do verbo hamartano e significa "errar o alvo", "enganar-se", "cometer um erro". Segundo o pensamento hebraico, o pecado (het ou ´avon) dizia particularmente respeito à relação do homem com Deus. O pecado é, antes de tudo, "ser infiel à aliança, trair o amor ou separar-se da comunidade". (X.-L. Dufour, Dictionnaire, pág. 332).
Roberto Badenas, excelente Professor de Teologia, in Encontros - (Texto baseado em S. João 8:1-11)
«Ser Mulher: a Mais Elevada Posição de Honra»
«Respeite-se a Si Mesma Para Poder Ser Respeitada e Valorizada»
(Pode ler mais em Leituras para a Vida, 17.10.12, 1R)