quinta-feira, 8 de abril de 2010

ALEGORIA DAS VIRTUDES



A Vontade ganhou asas e subiu...
Havia esquecido a bússula, mas isso pouco importava;
o importante era voar...
Ela quis e por isso foi. Ela era a Vontade.
Desnorteada e impulsiva,
viajava num voo frenético, rumo à consumação do querer!...

Pelo meio do céu,
(numa dessas ocasionalidades inconcebíveis)
ela se encontra com a Prudência.
Esta, vinha por um trilho certo.
Parecia percorrer uma rua naturalmente invisível,
no cosmos. Ia com cautela!
Sabia para onde ia e o que pretendia.
Não tinha pressa...
Afinal de contas, não havia razão para isso.

Por pouco não esbarrou na temperamental Vontade!
Achando que fora proposital
o facto da Prudência cruzar o seu "caminho",
a Vontade cumprimenta a interlocutora aos gritos!
(Como se esta fosse culpada de alguma coisa!...)
A Prudência placidamente pede desculpas
(por uma falta que não cometera)
e segue pelo caminho.

Comovida com a bondade da Prudência,
a impulsiva Vontade volta-se e busca entendimento.
A Prudência não mede esforços a fim de demonstrar carinho
para com a orgulhosa Vontade.
Tendo o íntimo quebrantado,
a Vontade une-se à Prudência
e juntas percorrem o invisível
caminho do espaço.

A última, ao travar
contacto com a sua companheira,
muito aproveita e com vagar se transforma.
Cautelosamente aprende
que os arroubos comedidos são igualmente indispensáveis.

Quando o amor
transformou as duas virtudes em uma,
elas vieram para a Terra
a fim de ensinar aos homens o que é PERSONALIDADE.


Costa Júnior