sexta-feira, 7 de maio de 2010

O EXEMPLO FIRME    



       Era uma vez, há muito, muito tempo - como reza a história - um príncipe.
       Ele era um príncipe, já se vê, porque o seu pai era um rei. Um dia, este príncipe tornar-se-ia, ele próprio, um rei. Isto é, depois que o seu pai morresse. Mas, entretanto, o príncipe amava bastante o seu pai e estava feliz por ser simplesmente um príncipe.
       Ele era um príncipe bem característico, comparado com os outros príncipes das redondezas. Tinha um nariz bastante principesco. O seu perfil assentava perfeitamente a alguém na fase da sua vida. E ele tinha um ar bastante nobre. Até a sua roupa era principesca (disso se ocupava o seu camareiro para que assim fosse).
       Mas havia algo no qual este príncipe era diferente, o que lhe causava imensa tristeza, como também ao seu pai e muito especialmente ao seu alfaiate. É que o príncipe era corcunda.
       O seu pai persuadia-o e encorajava-o, pleiteava e suplicava. Mas o príncipe não se endireitava. O rei convocou especialistas no campo da geometria esquelética e posicionamento muscular, mas nada podia ajudar o encurvado príncipe. O rei chegou mesmo a chamar um homem com um tambor, que o fizesse rufar de cada vez que o príncipe passasse, para que ele se lembrasse do seu defeito e o levasse então a esforçar-se por se endireitar. Mas, em breve, a algazarra que o tambor fazia esfrangalhou os nervos do rei e os seus planos foram por água abaixo.
       Um dia apareceu um escultor à porta do rei, à procura de trabalho.
       - Faz uma escultura do meu filho, o príncipe - ordenou o rei. Talvez se ele vir quão deformado é, se endireite.
       O escultor começou o seu trabalho na sala de desenho, e em breve o grande bloco de mármore começou a tomar uma forma humana, um tanto ou quanto vaga. Cada dia, o encurvado príncipe vinha observar o progresso da escultura. Cada dia esta se tornava mais e mais numa imagem humana.
       Mas havia algo de estranho acerca desta escultura do príncipe. Ela não se parecia nada com o príncipe. Claro - ela tinha o nariz principesco, um perfil bastante forte e roupagem real. Mas este rapaz estava bem direito e alto sem aquela horrível corcunda nas costas.
       O príncipe estava fascinado pela escultura. Ele tentou imitá-la o melhor que pôde. Ela era um exemplo do que ele queria tão desesperadamente ser. Ele passou horas a olhar fixamente para ela, memorizando cada linha, percorrendo com as suas mãos o mármore macio, fixando os olhos no rosto principesco.
       Então um dia, quando a estátua estava quase acabada, o rei voltou a casa depois duns combates e entrou na sala de desenho. Lá estava a estátua do seu filho, direita e alta - perfeitamente formada.
       O rei ficou lívido. A sua cara enrubesceu-se condizendo com o seu manto. A sua boca abriu-se desmesuradamente e os seus olhos esbugalharam-se com a pressão do sangue que lhe subiu à cabeça. Ele estava quase a agredir ferozmente o desobediente escultor quando o jovem príncipe entrou e avançou em direcção ao rei.
       Tão rápido quanto a sua face se tinha enrubescido, o rei tornou-se branco com o choque, porque o jovem príncipe estava tão direito e alto como a estátua.


Autor Desconhecido

«Sede pois imitadores de Deus, como filhos amados.» Efésios 5:1.